Poemas : 

No banco da estação

 
No banco da estação numa tarde de sol a pino
Recosto-me na sombra macia das tuas palavras
Leio o livro que conta segredos em teus lábios
E sussurras carícias na língua em que me falas
Dialogas com o olhar, ébrio deixo que me leves
Bebo, pouco a pouco, as verdades inconfessas
no mar de tua boca que embriaga minhas mãos
Que murmuram ocultos vocábulos com o tato
No teu pequeno barco transportas meu alento
Diviso teu corpo sem mapa nas rotas do tempo
Já nem importa o rumo que este barco me leve
Vamos de sonho em sonho a buscar horizontes
Sob um céu onde o ar tépido enleia preguiçoso
E todos os pássaros vêm cantar com minha voz
Qual no dia que, nos ninhos, já não chove mais
Na esperança que tu os ouças nos meus lábios
Seguimos aliviados e ligeiros ao trem que passa
Transportados de ida e de volta, sem passagem
A fumaça do trem que parte apita viva e louca
Pelos trilhos que nos levam conhecer o infinito



"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
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Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 29/05/2023 16:49  Atualizado: 29/05/2023 19:19
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16075
 Re: No banco da estação
Aprecio muito o seu estilo genuíno e sagaz, poeta. Saberia que o texto é seu sem sua assinatura. Um forte abraço e um ótimo início de semana.


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 03/06/2023 20:24  Atualizado: 03/06/2023 20:24
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Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 17966
 Re: No banco da estação
bonito, delicado e profundamente bem escrito! grata. bjs