Envenenado com sementes de pero
espero
O cianeto
O ciano
A maçã dourada captura a mesma dose
a narcose
A necrose a preto
o engano
Toda a pevida escura engolida dura poda
Purificado com água da nascente
Sente
A limpeza
O limpa, casto
O mar é como o sangue, e o sal encarde
e todo arde
o modo, a vileza,
surge gasto
O ardor envenena e apequena o ar, a dor.
A lama suja a tez trata, e hidrata cuja vez acama
Inflama
Ela infecta
Bela, abjecta
O ar oxida, enferruja, suja a vida, a faz acabar
queima e teima
Puro polui se afecta.
Curo, fui seta.
No campo esterilizado, uma gota de suor...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.