Poemas : 

Uma Viagem…

 
O som que vem do deserto,
Feito por milhares de grãos de areia,
Numa simbiose quase perfeita,
Em total crescendo,
Numa dança mortal,
Como que saídos do breu da noite,
Para a luz do dia.

A paisagem que muda a cada segundo.

São árvores com medo do que aí vem,
São árvores com pés de gente,
Gente que não é gente,
Acéfalos vindos das metrópoles.

São vozes que se levantam,
Unos dizem-se mais fortes,
São nuvens de tons negros,
Na atmosfera sente-se o que aí vem,
Ventos quentes, muito quentes,
Que tudo vão derreter.

São soldados da desfortuna sem armas,
São letras perdidas na escuridão,
São palavras de um refrão que ninguém sabe,
São palavras que ninguém as entende,
São palavras que já ninguém ouve,
Já não existe ninguém,
Já ninguém as pode explicar.

Diogo Cosmo ∞
C/ Leonor como companheira de Viagem
14:25 05-05-2025


DIOGO Cosmo ♾


 
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DiogoCosmo∞
 
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Enviado por Tópico
davidamaro
Publicado: 07/05/2025 10:46  Atualizado: 07/05/2025 10:46
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 Re: Uma Viagem…
Um poema impactante e simbólico! Diogo meu amigo, é realmente incrível como consegues criar uma atmosfera de caos e transformação, usando imagens poderosas para descrever uma realidade em mudança. A descrição do som do deserto, feito por milhares de grãos de areia, é a metáfora mais que perfeita e super interessante para a forma como pequenas acções se podem tornar numa força extremamente poderosa.
A imagem das árvores com pés de gente, acéfalos vindos das Metrópoles, é uma forte crítica á sociedade moderna.
A forma com o poema descreve a perda de sentido e a desordem é também extremamente interessante. A ideia de palavras que já ninguém entende ou ouve é uma reflexão sobre a comunicação e a conexão humana.
Na ultima estrofe "...são palavras que já ninguém ouve, já não existe ninguém, já ninguém as pode explicar.".
Esta frase é particularmente impactante, parece que estás a destacar a ideia de que as palavras e as mensagens se estão perdendo, e que não há mais ninguém para ouvi-las ou entendê-las.
A sensação de isolamento e desconexão é muito forte. É como se as palavras tivessem sido lançadas no vazio, sem que ninguém as receba ou as compreenda.
Meu caro Diogo Cosmo, só tenho uma única palavra a dizer, espectacular.