O espírito humano é como o vento entre as árvores:
Não se deixa capturar por circuitos,
Nem se traduz em algoritmos.
Ele canta, ele se parte, ele sonha.
E sonhar é coisa que máquina nenhuma sustenta.
Pode-se codificar padrões,
Mas não o lampejo do olhar diante do inesperado.
Pode-se mapear emoções,
Mas nunca o abismo que existe
Entre o medo e a coragem.
O espírito humano não se escreve,
Ele se sente, ele se vive.
Nenhum programa compõe o suspiro de uma perda,
Nem compreende o silêncio
Entre duas mãos que se tocam.
O espírito humano dança
Em um palco onde a lógica é apenas coadjuvante.
É possível prever movimentos,
Mas não o gesto súbito de ternura.
É possível simular presença,
Mas não a ausência que dilacera.
O espírito humano é um mistério que desafia
Até mesmo os deuses do silício.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense