Dormi no relento para entrar na escola.
Não foi bem dormir,
Passei a noite em uma rede a céu aberto
Olhando pra lua, pras estrelas e para mim.
Olhava para mim e saía de mim.
Não havia, nem eu queria, um espelho para eu me ver.
Eu me via com sono e com medo de dormir.
Medo de acordar com a chuva.
Medo do sereno não me acordar.
Medo de não acordar cedo,
Quatro da manhã.
Mas quatro da manhã seria suficiente
Ou a escola já estaria cheia?
Passar aquela noite que não passava
Para não passar pelo portão da escola
Era um pesadelo a ser tatuado na minha memória.
Não aguentei ficar na rede até às quatro horas.
Corri pra escola.
Já havia fila.
Meu coração acelerou.
A minha alma desapareceu na escuridão dentro de mim.
Quando o dia clareou passei pelo portão.
Mas passo mal quando vejo alguém dizer,
Com ingenuidade ou de má fé,
Que só não passa pelo portão quem não quer.