Poemas : 

A morte do mensageiro

 
Ressente o recente.

Usei palavras baratas
como
eu sou
para profanar o silêncio, lançar o caos.

O que me limitei a dizer
foi só o que aconteceu,

não inventei uma frase
e tudo o que disse
saiu em
verso.

Mas
os pobres que me ouviram

caíram de joelhos e em pedaços,
levantaram aos céus os braços

uivaram
repetindo as novas malditas...

E eu,
perante tanto horror
morri, ali, um bocado.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
iLA
Publicado: 11/06/2025 13:34  Atualizado: 11/06/2025 13:34
Colaborador
Usuário desde: 25/11/2024
Localidade: Brasil
Mensagens: 703
 Re: A morte do mensageiro
.
...
.
.
.
.
Tão antigo e tão agora...
(até arrepia)


na palavra também escolho me guardar no silêncio quando se é possível e permitido.



iLA 🌻