Para colmatar esta angina,
ceifo, da raiz, o teu trigo;
espalho sua palha, abrigo
que ameniza e nos ensina.
Descobrir o que combina
para colmatar eu consigo,
o teto e o soalho espigo,
cubro a dor em surdina.
Textura mais grossa que fina,
joio, vassoura, faz o que digo;
para colmatar qualquer perigo
ao virar de cada esquina.
Em que se encontra a sina,
desde a raiz até ao jazigo,
é arte que vive sem artigo
pra colmatar o mal, oficina.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.