Poemas : 

Colmo

 
Para colmatar esta angina,
ceifo, da raiz, o teu trigo;
espalho sua palha, abrigo
que ameniza e nos ensina.

Descobrir o que combina
para colmatar eu consigo,
o teto e o soalho espigo,
cubro a dor em surdina.

Textura mais grossa que fina,
joio, vassoura, faz o que digo;
para colmatar qualquer perigo
ao virar de cada esquina.

Em que se encontra a sina,
desde a raiz até ao jazigo,
é arte que vive sem artigo
pra colmatar o mal, oficina.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Autor
Rogério Beça
 
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