Luso-Poemas
Poemas -> Introspecção : 

Paradoxo do Monte

 
nunca teve tanto buraco na Cidade do Não
cada salto é meio passo
o que eu faço?
tanto tempo que não vejo minha mão

quais são as cores do arco-íris?
é que eu vejo tudo cinza
porque eu vejo vida na sua íris?
eu vi meu corpo, junto do seu, findar

ó nós morando em leito
como fomos ficar desse jeito?
o meu plano era te encontrar
um pouco acima do último andar

se correr, o bicho pega
se ficar, o bicho come
peguei a bola e tô com medo de chutar
esse é o paradoxo do monte

chacoalhando a perna
a manhã toda
personagens de nós mesmos
pra viver a vida boa

queremos ser as pessoas
que têm tudo que querem
a Terra nos engole
e só recebemos palavras que ferem

então, vê se me tira de mim
mas não me amarra assim

É o ferrão quem perturba a abelha.

Escrito por mim em Brasília-DF entre os dias 04/08/2025 e 05/08/2025.
 
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Luxena
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Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 06/08/2025 09:27  Atualizado: 06/08/2025 09:27
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3837
 Re: Paradoxo do Monte p/ Luxena
Por certo escrito no lusco-fusco de um entardecer melancólico. Uma espiral labiríntica no sentido intrínseco do ser. Bonito.


Enviado por Tópico
Aline Lima
Publicado: 07/08/2025 01:22  Atualizado: 07/08/2025 01:22
Administrador
Usuário desde: 02/04/2012
Localidade: Brasília- Brasil
Mensagens: 1008
 Re: Paradoxo do Monte p/ Luxena
Olá, Luxena.
Que bom ver um poema que fala dessa dúvida de ficar ou ir, que quase todo mundo tem, vez ou outra.
O céu aqui em Brasília, que é tão lindo e a gente conhece tão bem, ganha outras cores nessa mistura de cinza e medo.
É um poema que soa muito verdadeiro.
Gostei de ler. Beijos.

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