DEVOLUTAS
As terras do sertão são de ninguém.
Devolvidas a quem jamais foi dono,
S’estendem sem cultivo; no abandono,
À espera d’um progresso que não vem.
Povoadas pelos sós que nada têm,
D’ali, tanto o patrão quanto o colono
Partiram com as bênçãos do patrono,
Cuja capela a ruir mal se sustém.
As penhas espalhadas no planalto
Parecem reluzir pela amplidão
O sol que nos fustiga a solidão.
Ainda assim, eu vou sem sobressalto
A um deserto de gentes parecido:
Sem porteiras nem cercas; desmedido.
Sobrália - 15 06 2025
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.