Poemas : 

Pai José - VI - Tempestade

 
VI
Tempestade

Chove a dois dias na cidade. É a meia-noite continua ainda mais forte com relâmpagos e trovões. Estou muito preocupado com o velho casarão. O telhado com muitas telhas quebradas, goteiras e alguns caibos com cupim, temo que desabe. As paredes úmidas e rachadas e o assoalho inundado. Duas noites que não durmo, fico acordado andando de lado para o outro orando a Deus para nos proteger. E a cada trovão repetido, Fome corre para mim, envolve entre minhas pernas e uiva com medo ... Eu me agacho e o abraço: "Calma, meu amigo", digo-lhe, acariciando sua cabeça. As ruas escuras, desde ontem que não tem eletricidade no centro histórico. Apenas uma vela na mesa que ilumina a habitação. Ontem, antes da chuva, recebi uma visita inesperada dos inspetores da Prefeitura e um funcionário do Departamento de Bombeiros para fazer uma inspeção. Falaram sobre o risco que corro aqui. Mas para onde posso ir? Aqui, é a minha casa. Então me disseram que a Prefeitura me ajudaria pagando um aluguel social. Eu sorri. Há cinco anos, ouço essa mesma promessa que acaba em nada., mas sempre se esquecem e permaneço aqui durante os invernos. Penso em invadir outros casarões abandonados, mas todos estão na mesma situação. Ontem à noite fiquei assustado com o barulho horrível do trovão, agitando tudo aqui e pensei que fosse telhado desabando. Entrei em pânico e ainda tive coragem de correr com Fome para chegar à escada. Mas, olhando para o quintal do vizinho, vi uma nuvem de poeira, era o telhado dele que desabara. Respirei aliviado e beijei meu cachorro. No ano passado, o teto do fundo desmoronou, foi terrível. Estou muito tenso, acendo um baseado para me acalmar. Hoje, ao amanhecer, a chuva era tão forte que não fui para o trabalho. Ao meio dia, diminuiu um pouco, mas ainda chuviscava Nem desci para preparar o almoço, o pátio estava inundado e os ratos nadando para encontrar abrigo, Fome latia para espanta-los. Nós almoçamos com pão e café ontem. Da rua, vem o som da água nos paralelepípedos. Está muito frio. Visto o paletó que ganhei de uma senhora na Rua de Santana. Concluido o trabalho ficamos, conversando na frente da porta. Ela ficou espantada quando disse-lhe que conhecia um pouco de francês. Ela é aposentada, foi professora de francês. Falei-lhe que estava escrevendo um romance em francês. Ela assentiu convidou a entrar surpreendeu-me presenteando livros de grandes escritores franceses: Daudet, Balzac, Victo Hugo, Emilie Zola e outros. – “Para você, meu bom amigo”. Fiquei sem palavras. – “Obrigada, senhora. Muito obrigado, senhora”, agradeci-le, muito emocionado. Coloquei-os no carrinho de mão perto da sacola de plástico com o paletó. – “Quanto para o seu trabalho, Sr. Joseph?” – “-Nada, senhora”. – “-Como nada”? – “Não, madame, obrigado pelos livros e as roupas”. "-Então, este é outro presente parao senhor”, Insistiu com firmeza, estendera a mão "-Abra sua mão." Abri e ela colocou umas cédulas -"e feche sua mão", me ordenou imperiosamente. “-Oui madame, merci beaucoup” –agradeci” “– De rien, mon futur écrivain et je veux lire ton roman, d’accord?” – “D’accord, madame” – fiz-lhe uma vênia e retirei-me todo contente


 
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efemero25
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