O ódio pela cor da pele das mãos
Que destapou palavras do avesso
Desenhadas nesses lábios rubros
Tingidas por teus sangues irmãos
Gerava-te filhos de medo espesso
Entre gotas de raiva nos delubros
Via o chão do rosnar dos mastins
E os seus dentes num olhar doído
Haurido pelo velho tempo infinito
A desgastar-se em loucuras afins
De tanta cor era o vento proibido
Que s'enfeitou de futuro esquisito
A silhueta daquela árvore morta
Fazia-me sombra ao ego egoísta
Que se trespassava pelo espelho
D'outro lado do nada outra porta
Abria e fechava esta cruz realista
Que ali toldava o infeliz cispelho
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma