Imperfeito, sei-me desde o princípio;
na memória carrego uma ferida,
que não cicatriza e engole-me a vida
num labirinto interno em precipício.
É um longo e mofino itinerário
onde meus pés precisam caminhar,
sozinhos — como se suspensos no ar
pudessem evitar o rumo vário.
E, vira e mexe, caio nesse limbo:
o corpo entorpece em meio à queda,
vítima do meu próprio labirinto,
a esperar o virar dessa moeda;
dupla face de Sísifo — faminto,
e entorpecido no rolar da pedra.