A agonia chagada do leproso,
Sacia-o afugentando-lhe os pardais,
Isola-o das coisas universais,
E fá-lo repugnante e curioso.
Toca a sineta num rito vaidoso,
Dão-lhe as dores ditongos e vogais,
E ele entre os sãos ou enfermos que tais,
Assume-se único de tão formoso.
Como ele há milhões dentre mil milhares,
Ocultos por ligaduras, nas casas,
Por aí, sem contar os que já partiram…
Somos o pasto de doenças vulgares,
Roam os ossos, mas deixem as asas,
Que ao sonho sempre as fronteiras se abriram.
14 de Abril de 2011