A chave girou
e o som partiu comigo.
O chão abriu os dentes.
Fiquei presa
entre o grito e o nome.
O ar ficou inteiro,
mas nada respirava.
As paredes pulsavam,
um animal sem rosto
me olhava do espelho.
Pensei em correr,
mas o corpo era um erro
que insistia em ficar.
Tentei gritar,
mas a voz dormia no azulejo.
A casa, febre.
O relógio cuspia
minutos mortos.
Toquei a maçaneta.
Ela ardia.
No peito,
doíam restos.
Não havia saída.
Só um rumor:
alguém dentro de mim
querendo nascer
do avesso.