Agarrei, já sem garras,
apenas nas palmas das mãos,
punhados de areia, grãos,
molhada.
Moldei-a com um balde, a areia,
aos montes,
fiz crescer um belo castelo
com torres e ameias, até pontes levadiças,
um sorriso
grafitado.
Não me dói a ligeireza com que se desfaz,
apenas sei duma princesa que nele mora.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.