O amor é espera.
Às vezes, até demais.
Fica parado num canto
como quem segura o fôlego herdado
de um mundo que não sabe de onde veio.
Não avança, não recua e pode ser só isso,
um passo que se recusa ao chão,
a teima de seguir mesmo quando o caminho estreita.
E, se insiste, estraga.
Faz ruído no que era manso.
Remexe o que dormia quieto,
desalinha o que pedia descanso.
Dizem que o amor salva.
Eu digo que ele vive no quase e hesita.
É demora que acende,
é demora que apaga.
No fim ninguém sabe o que sustenta o laço,
se é a espera
ou o estrago.
Depois de um filme que fala de pertencimentos improváveis, do que chega tarde e das demoras que acendem e apagam.