Poemas : 

Sobre (Viver)

 
Sinto escorregar entre os dedos,
não sei se é sombra ou carne.
Mas ossos cantam baixo,
e a água fecha os olhos.

Um céu inclinado dissolve-se
entre os dentes afiados da manhã.
Da luz que sobra, surge o risco vivo:
cada respiração
é um labirinto
onde o corpo se esquece.

Há silêncio que se curva sobre a língua,
e memórias que caminham invertidas,
como se as horas quisessem dormir
antes de acontecer.

E algo — sempre algo,
um sopro — e depois outro,
move
onde ninguém mais se atreve.

E se o preço é a queda,
quem recolhe o voo?

No fundo, talvez,
sobre(viver)
seja apenas
habitar a pergunta.

 
Autor
Aline Lima
 
Texto
Data
Leituras
30
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.