Poemas : 

O que fica do quase

 
Tags:  #Dor    #sofrimento    #saudade  
 

Te conheci num acaso tão breve
que quase parece cena ensaiada:
um sorriso entregando página,
um gesto simples abrindo universo.

foi pouco tempo, eu sei,
mas houve verdade ali —
daquelas que não pedem licença,
apenas acontecem.

você, com seus silêncios cheios,
com o cansaço escondido nos olhos,
com o coração meio bloqueado,
mas ainda capaz de pensar em mim
ao fotografar a lua às três da manhã.

eu, com essa estranha coragem de sentir,
com palavras que sempre encostam
na PONTA DA LÍNGUA,
tentando não dizer demais
e, ao mesmo tempo, sendo inteiro.

fomos quase.
quase encontro,
quase começo,
quase destino.

mas dentro desse quase
houve algo inteiro:
o instante que vivemos,
o gesto que guardo,
a memória que não pesa.

talvez se fosse outro dia,
outro tempo,
outra versão de nós,
o caminho tivesse sido mais longo.

mas hoje eu entendo:
a beleza do que não continuou
ainda assim valeu a pena.

porque eu aprendi a me proteger,
e você me viu sem que eu precisasse
pedir para ser visto.

e no fim,
fica só isso —
a leveza de ter conhecido alguém raro
no momento errado,
e a certeza de que, mesmo breve,
foi verdadeiro o suficiente
para nunca ser esquecido.


Aqui jaz alguém que não pode ser metade.

 
Autor
Gabriel-Tavares
 
Texto
Data
Leituras
45
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.