Poemas : 

Dirija-se à rameira que lhe deu à luz!

 
Retiro do sentido o senso
e da palavra a tinta.
A prolixidade,
como vulgo ascensor
e o lirismo como virtude e defeito.

Amador da sílaba,
não do centímetro
e da letra, como do algarismo.
Indeciso entre a polifasia
e a verborreia.

o silêncio e a palavra;
o pensamento e a meditação
são janelas, meias-portas:
atravesso-as, pronuncio-as
esqueço-as.

Quantas sinápses custam um soneto?
E perda de electrões na última camada
do ciclo de Krebs?
Existo no meio-termo
e respiro o extremo...

Imito o remorso da arrogância
e não falho na verossimelhança;
como um trolha
cuja habilidade de calceteiro
se desfaz num papiro qualquer...

Figuras de estilo, ou escopro.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Por regra, não respondo.

Fui e vim...
 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/07/2008 13:10  Atualizado: 09/07/2008 13:10
 Re: Dirija-se à rameira que lhe deu à luz!
Poesia quântica...estamos a chegar ao limite do entendimento...os próprio fenómenos em análise alteram os dados observados para estudo...que fazer? Viva o poema! parabéns. Abraço

Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 09/07/2008 13:14  Atualizado: 09/07/2008 13:14
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Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: Dirija-se à rameira que lhe deu à luz!
Bom... Rogério, este seu poema
dá muito, mas muito que pensar
mesmo...
Beijo
Vóny

Enviado por Tópico
gil de olive
Publicado: 09/07/2008 13:58  Atualizado: 09/07/2008 13:58
Colaborador
Usuário desde: 03/11/2007
Localidade: Campos do Jordão SP BR
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 Re: Dirija-se à rameira que lhe deu à luz!
Parabens pela postagem dessa poesia tão bem escrita!Lindo trabalho!

Enviado por Tópico
Alberto da fonseca
Publicado: 09/07/2008 19:16  Atualizado: 09/07/2008 19:16
Membro de honra
Usuário desde: 01/12/2007
Localidade: Natural de Sacavém,residente em Les Vans sul da Ardéche França
Mensagens: 7071
 Re: Dirija-se à rameira que lhe deu à luz!
Um poema que deixa o direito à reflexão.
Excelente
Abraço amigo
A. da fonseca