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...E Por Falar em Inclusão.

 
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O Ensino Brasileiro está sendo pensado na direção de novos rumos, no sentido de melhorar a qualidade da Educação, promovendo reflexões e transformações profundas, como a INCLUSÃO que, por enquanto, anda devagar, pois existem muitas adaptações a serem feitas, tanto no setor físico e estrutural como na dimensão humana dos objetivos traçados.
Lê-se muito, pensa-se bastante e discute-se ainda mais a respeito dos melhores meios de promover a INCLUSÃO nas escolas do nosso País. Como num ato de mágica, o professor-educador tem nas suas mãos a tarefa de adaptar os métodos pedagógicos usados em sala de aula, além de fortalecer as próprias emoções, com o fim de demonstrar prontidão para estar sempre à disposição de uma variedade de necessidades manifestadas pelos alunos, o que inclui a capacitação instrumental e psicológica que abranja as várias gamas de deficiências que vão se apresentando no processo de assimilação do conhecimento (ou não)....
De turmas homogêneas (quanto à idade e à capacidade física), o professor passa a atender turmas completamente heterogêneas, onde as dificuldades físicas misturam-se às dificuldades de ordem mental, que não permitem o aluno a ser incluso ter o mesmo aproveitamento que os seus coleguinhas estão tendo, no mesmo período de tempo que eles.
De maneira nenhuma, este artigo deseja ser um libelo contra a inclusão, ao contrário, é um manifesto de aceitação e de admiração pelas intenções de trazer para a vida social “normal”, aquelas crianças que o nascimento – ou alguma doença – impede de conviver no mesmo mundo onde o sorriso, a lágrima, as emoções, são fatos universais, independentemente das deficiências ou/e dificuldades existentes a nível individual.
Quero, apenas, através deste pequeno Manifesto, lembrar que é importante trazer o próprio professor(a) para dentro do processo de Inclusão, no sentido de não jogar toda a carga de responsabilidade nas suas mãos.
A Comunidade Escolar, e o próprio governo que faz o papel de mentor da inclusão social, precisam intuir, com a maior boa vontade, que trata-se de algo extremamente novo dentro do Ensino Brasileiro, o objetivo de trazer à luz da convivência coletiva, as nossas crianças que, aqui na Terra, são como Anjos à espera de um carinho, de um garimpo mais profundo por suas mentes e suas almas, reforçando a idéia de que somos feitos – TODOS – do Amor e para o Amor.

Geralmente, toda a mudança extrema, acontece de forma muito lenta, muitas vezes ultrapassando o período de uma ou duas gerações, para depois, ser considerada bem fundamentada e no nível de aceitação excelente.
Portanto, ao observar diversos tipos de reações negativas por parte de pais e de boa parcela do governo, diante da aparente impossibilidade que o professor apresenta nos primeiros momentos do processo de INCLUSÃO, acusando-o de irresponsável, ou despreparado, tomei a liberdade de lembrar a todos, que o processo inclusivo não tem um só caminho, um só rumo: principalmente o professor-educador precisa ser incluído nos projetos de mudanças, de maneira a merecer o respeito de todos, quando, num primeiro momento, parece apresentar toda a espécie de dificuldades. É admirável a prontidão e a disposição que o professor apresenta para contribuir o máximo possível para diminuir as distâncias que o preconceito provoca em todas as dimensões da vida social.
A teoria da inclusão apenas começou a ser aplicada e compreendida, e o professor não é o responsável pelas falhas estruturais que os prédios escolares ainda apresentam, e nem pela impossibilidade de apresentar instrumentalização e tecnologia própria a cada deficiência manifestada. A teoria surgiu e foi apresentada muito antes da oferta de capacitação aos professores, por isso, suplicamos a caridade de uma compreensão sobre as dificuldades de toda ordem que estão sendo enfrentadas, a partir da decisão legal de incluir, em nossas escolas, as crianças que apresentam problemas físicos, mentais e cognitivos.
Não existe a figura de um “Super-Homem” na dimensão dos educadores, existe sim a vontade coletiva de acertar, de aprender, evoluindo junto com o momento, e existe, principalmente, a necessidade do professor ser incluído no mesmo objetivo do Amor, da diminuição das discriminações e na boa vontade de vê-lo, não como alguém perfeito, mas sim um SER HUMANO caminhando da mesma forma que o resto da Humanidade, tendo de se adaptar a cada criança, a cada dificuldade manifestada, e ainda, conquistar a aprovação sisuda de pais, dos representantes do governo e de outras classes que discriminam demais a classe do professor, sem motivo aparente.
...E, por falar em INCLUSÃO, que tal incluir o professor naquele sentimento de respeito e de admiração que tanto incentivam a sua luta diária contra a ignorância e contra a barbárie?!!!??

 
Autor
SALETI HARTMANN
 
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Enviado por Tópico
Fhatima
Publicado: 31/08/2008 04:36  Atualizado: 31/08/2008 04:38
Membro de honra
Usuário desde: 12/02/2008
Localidade: Joinville - SC
Mensagens: 3336
 Re: ...E Por Falar em Inclusão.
Prezada Saleti!

Este texto é bastante polêmico e mostra as dificuldades que o ensino brasileiro enfrenta, ao trabalhar com muitas desigualdades, humanas, materiais, a falta de valorização do professor, a lidar com todo tipo de problemas e sem recursos para trabalhar e ainda educar as crianças, estas reféns de uma sociedade e governo que não dão prioridade ao ensino.

Parabéns pelo texto que trouxestes!

Beijos de luz!

Fhatima


Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 31/08/2008 07:23  Atualizado: 31/08/2008 07:23
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11076
 Re: ...E Por Falar em Inclusão.
Saleti,
Li com muito interesse este seu texto, porque sou secretária da Direcção de uma Associação de Deficiência Mental, em Setúbal, Portugal e tenho sobre a matéria conhecimento de causa.
A Instituição onde trabalho foi dentro das suas congéneres uma das percussoras da luta pela inclusão social neste país à beira mar plantado.
Essa é a nossa luta diária e levamos todos os dias aos vários Agrupamentos Escolares espalhados pelo concelhos de Setúbal e Palmela o enorme esforço dos nossos técnicos, que sem meios e apoios suficientes fazem das tripas coração para fazer do universo dos cidadãos mais puros que existem ao cimo da terra,deficientes mentais, um mundo um pouco melhor, com aceitação por parte dos restantes alunos das escolas, numa época em que a juventude desconhece, na sua grande maioria o que é amar o próximo.
Na nova linha de inclusão cada vez mais importante será o papel de instituições como a nossa e aos quadros docentes que não têm formação específica em ensino especial cabe-lhes uma dura e árdua tarefa na inclusão e integração destes cidadãos.
Mais um desafio a esses profissionais tantas vezes subestimados que fazem do seu dia-a-dia uma luta constante para transformar os jovens de hoje em homens de bem, amanhã.
O meu apreço
Nanda


Enviado por Tópico
Carolina
Publicado: 31/08/2008 14:46  Atualizado: 31/08/2008 14:46
Membro de honra
Usuário desde: 04/07/2007
Localidade: Porto
Mensagens: 3422
 Re: ...E Por Falar em Inclusão.
Sabes, vivo como tu esse "problema".
Sou professora do 1º ciclo e além disso coordenadora de escola, não é fácil lidar com essa situação.

Façam inclusão, concordo que o façam, sou apologista da inclusão, também gostava de ver um filho meu numa escola "normal" se infelizmente ele fosse diferente, o que não é, graças a Deus, o caso.

Na minha escola temos dois casos que nos dão muitas dores de cabeça, estão integradas em turmas enormes e ainda por cima são turmas que têm alunos com muitas dificuldades de aprendizagens.

Os professores têm o programa para ensinar, alunos difíceis, cada vez mais tempo na escola, estamos mal amiga, o futuro não será fácil.

A inclusão, sem condições e apoios e a sociedade em geral irão levar-nos ao psiquiatra, disso não tenho dúvidas.

Parabéns pelo desabafo.
beijinhos