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Até que o poema me chame

 
Tags:  desordem  
 
Vou aguardar no meu canto,
quieto,
secreto,
o apelo nu,
a sede seca
do tinteiro
e da mata, que sacrifíco...

Vou esperar que chegue,
vindo do nada,
tudo:
a batuta ferida, sangrenta,
a pauta,
destino,
a tormenta...

Aguardo tanto
quanto espero,
que a procura tudo me nega,
cega,
maldita,
infame;
até que o poema me chame!


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 22/12/2008 12:16  Atualizado: 22/12/2008 12:16
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11076
 Re: Até que o poema me chame
Rogério,
Por vezes é preciso esperar que a inspiração chegue, o que não é o teu caso, inspiração é o que não te falta.
Beijinhos natalícios
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Nanda

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/12/2008 23:02  Atualizado: 22/12/2008 23:02
 Re: Até que o poema me chame
Vida

Choveu! E logo da terra humosa
Irrompe o campo das liliáceas.
Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
Que vigor no campo das liliáceas!

Calquem. Recalquem, não o afogam.
Deixem. Não calquem. Que tudo invadam.
Não as extinguem. Porque as degradam?
Para que as calcam? Não as afogam.

Olhem o fogo que anda na serra.
É a queimada... Que lumaréu!
Podem calcá-lo, deitar-lhe terra,
Que não apagam o lumaréu.

Deixem! Não calquem! Deixem arder.
Se aqui o pisam, rebenta além.
- E se arde tudo? - Isso que tem?
Deitam-lhe fogo, é para arder...



Camilo Pessanha
Clepsidra
e outros poemas
Colecção Poesia
Edições Ática
1973



Este comentário é simplesmente a minha oferta de Natal.

Beijos

Feliz Natal

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 23/12/2008 01:11  Atualizado: 23/12/2008 01:11
 Re: Até que o poema me chame
E o poema te chamou tão alto que daqui do Brasil eu ouvi, Rogério.
Bjins, Betha.