Poemas : 

[cresci com aves livres nos meus olhos]

 
cresci com aves livres nos meus olhos
até que um dia soube da cidade
e as aves foram partindo
uma a uma
como folhas de uma árvore
que sabe não chegar à primavera

as que ficaram riem-se do riso
matreiro dos reclamos luminosos
do gesto sedutor de cada montra
inclusive das pernas da empregada
bem torneadas por sinal
que me serve o café
todas mas todas as manhãs

mas riem sobretudo porque choram
sentem uma secreta nostalgia
do futuro que nunca provaram
que nunca provarão
e tudo porque um dia aqui ficaram
e tudo porque sabem que só lhes resta
serem meros acordes num poema


Xavier Zarco
www.xavierzarco.no.sapo.pt
www.xavierzarco.blogspot.com

 
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Xavier_Zarco
 
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Enviado por Tópico
quidam
Publicado: 15/01/2009 09:11  Atualizado: 15/01/2009 09:11
Colaborador
Usuário desde: 29/12/2006
Localidade: PORTIMÃO
Mensagens: 1354
 Re: [cresci com aves livres nos meus olhos]
um místico de liberdade com privação... tal como a vida se apresenta...
abraço

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/11/2015 20:38  Atualizado: 15/11/2015 20:38
 Re: [cresci com aves livres nos meus olhos]
Me fez lembrar a dor de Paris, de mim, da vida... Mesmo ainda restando o café e a beleza de "todas as amanhãs".