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Histórias de Camacupa e outras paragens da vida (11º Episódio)

 
Em Camacupa não havia grilos mas havia lagartos queimados. Eram queimados vivos na toca à custa de um rastilho de amorfo (vide caixas de 40 amorfos) e de algum álcool desnaturado. Ainda hoje me interrogo se aquele negro esguio terá comido o lagarto depois de o assar vivo. Estava a pensar: lagarto assado com manga ou goiabas quentes. Parece-me até bem razoável e até bastante nutritivo. Além dos grilos em Benavila havia também a pesca. Mais pesca de achigã. Enchia um junco com 30 ou 40 peixes apanhados com uma cana-da-índia e gafanhoto como isco. Lição de avô, um artista da pesca e mestre em adubar as laranjeiras do quintal com as carpas em excesso que a minha avó se recusava a arranjar, tal a quantidade de peixe que trazia para casa. Cada achigã era uma festa e uma conquista pequena mas grande. O meu avô morreu há alguns anos. Era também Raul, mas Calado (continua).
 
Autor
Raul Cordeiro
 
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