Poemas : 

canto do assobio

 
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Um velho assobiava à esquina
um agudo assobio,
à esquina dum prédio cinza,
cinza gasto,
vazio, velho.

Assobia para alguém
do outro lado da vista,
assobiava sem resposta.
Não sei bem para quem,
não deu qualquer pista...

O assobio saia da boca
velha desse velho,
que para alguém assobiava,
sem ninguém responder.
Dos pulmões ao moldar do som pelos lábios.

O assobio da sua prisão fugitivo
calcorreava o ar ondulante,
a cada instante,
vivo.
Até ao infinito do caos o parar.

O assobio foi ter
ao ouvido de alguém do outro lado
da vista,
sem o saber
coitado...


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/04/2009 09:30  Atualizado: 24/04/2009 09:30
 Re: canto do assobio
Assobiar ou cantar...
e seu mal espantar...
gostei de te ler... Jinhos T!na