Poemas : 

Qualquer coisa

 
Digo
Agora da areia que me cobre
O avesso do olhar
Perco-me
No ranger de dentes
Que se afinca
À crueza da raiva
Em punhais
de dúvidas…

Digo
Agora do absurdo da fé
Que me esgana
A visão, o caminho.

Sigo em pé
Sorriso esgar
Em queda brusca.

Sigo
Arrasto os ossos
Dispo a pele
Que me cobre o pensamento
Mergulho
E afogo-me
Nele.

 
Autor
RoqueSilveira
 
Texto
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Enviado por Tópico
(re)velata
Publicado: 01/07/2009 11:21  Atualizado: 01/07/2009 11:21
Membro de honra
Usuário desde: 23/02/2009
Localidade: Lagos
Mensagens: 2214
 Re: Qualquer coisa
Gostei do teu poema introspectivo, com imagens fortes que roçam o surrealismo com que já nos tens banhado. Dúvidas, desengano, na prisão do pensamento.

Parabéns!

Um beijinho


Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 01/07/2009 15:13  Atualizado: 01/07/2009 15:13
Colaborador
Usuário desde: 30/06/2009
Localidade:
Mensagens: 6699
 Re: Qualquer coisa
Roque,
O poema não é qualquer coisa: é muita coisa a percepção atenta do leitor.Acompanho teus textos e no aparente "no sense" que lanças nos versos (às vezes até tu não sabes de onde vêm) há muito da tua personalidade inquieta e criativa.Aprecio imenso tua escrita e já te disse isso.
Bjins.


Enviado por Tópico
Sterea
Publicado: 01/07/2009 16:46  Atualizado: 01/07/2009 16:46
Membro de honra
Usuário desde: 20/05/2008
Localidade: Porto
Mensagens: 2999
 Re: Qualquer coisa
Ah, este, este volta aos lampejos de armas em entrechoque, das tuas emoções mais fundas... Poeta-guerreira, dona-da-palavra, menina, tão só...

Beijinho!


Enviado por Tópico
Vergílio
Publicado: 01/07/2009 20:41  Atualizado: 01/07/2009 21:55
Colaborador
Usuário desde: 22/03/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 786
 Re: Qualquer coisa
Dimensão misteriosa da consciência!?
Gostei muito, Maria da Conceição.
Beijo