Sei.
sei, há um tempo longínquo,
além da imaginação,
onde a alma voa,
em vento puro, livre,
em busca de emoção...
---------------------------------
te espero
de braços abertos,
nas luzes de um céu azul,
habitáculo das estrelas,
do qual uma se desprendeu...
Vento.
O canto do vento,
doce, contido,
em seu movimento
espia saudades.
Congela o tempo,
recorda carícias,
relembra desejos,
mastigo de beijos.
Viaja meus sonhos,
confissões penitentes,
meus próprios segredos,
pecados da mente.
Notícias.
no sofá, assisto a um teatro
de anônimos,
no roteiro, a morte
no papel principal...
ao controle remoto,
desligo a desgraça,
o asfalto ferido,
o corpo da vez...
@ENCONTRO XIII - 2.019 - Entendimento.
a luz amarelada
(do cair da tarde)
adentra o quarto,
sem permissão,
finge tingir as paredes,
acomoda-se no leito,
o ar rarefeito
do começo da noite,
dá-me a impressão
que o dia acaba
em velas terminais,
tão sem pressa...
ritual,
as almas se recolhem,
as ruas se acalmam,
os pássaros
buscam repouso,
eu, o entendimento...
Primitivo.
há velas à deriva
o mar marola
em um tempo primitivo
essencial...
desfaço na noite
o disfarce do dia
sou Ser rudimentar...
nas imagens toscas
estrelas se afogam
o segredo se esconde
o amor peregrina ...
Coleção.
nos sentimentos escritos,
de um tempo distante,
(da infância),
seleciono sonhos...
em uma estrada
desconhecida,
tempo desconhecido,
dou vida a eles...
ouso passos,
vivo (a)venturas,
alimento
encantamentos...
bebo dos sóis
que encontro,
o diurno na batalha,
o noturno no amor...
Amores dos sonhos.
não escreverei sobre amores
que tive e não me tiveram,
nem das trocas de olhares,
risos, compromissos,
não escreverei
a história das canções
a mim dedicadas
nos parques de diversão,
não escreverei sobre o perdão,
por ter furado a fila,
por pequenas traquinagens,
por ter ludibriado no jogo de bafo;
não escreverei sobre:
conhecidos, parentes,
retratos, doentes,
saudades,
escreverei, somente,
sobre os amores
dos sonhos,
amores cuidados...
Espera.
faço,
no apalpar
das fronhas
do travesseiro,
a minha espera;
meus devaneios,
sem rumos,
projetam encontros
improváveis,
impossíveis;
desdobram-se
em lembranças:
dos toques,
carinhos, murmúrios,
confissões...
---------------------------------
neles, imagino e idealizo
o teu corpo palpitante,
impulsivo,
vestido de água e sal,
calejado de amor...
Fecundação.
o que dizer do céu que explode
em labaredas, tempestades,
será que Deus está nervoso, ou,
costurando contrariedades?!...
a água que emana,
mata a sede, apaga o fogo,
leva navios passageiros,
a outros portos...
a água que inunda, apodrece
galhos, transforma o sacrifício
em temperos, alimenta a era,
fecunda a terra...
Signos.
sonhos,
nas raízes
retorcidas,
vida...
no rio mórbido,
nas penumbras,
lodo,
no lodo, vida...
-----------------
na vida,
pássaro sem asas,
no tempo obsoleto,
poeta ban(d)ido...