NUDEZ SAPIENS
… nunca vi o ser nu. Na verdade, nunca me vi a mim mesmo nu. Essa abnomalia é um grande e paradoxal problema, ainda mais entre tantos de semelhantes que também possuem a mesma cegueira que eu, e se encontram pensando a algo fiel e naturalmente verem.
Longe de nossas visões que nos distraem, tudo nos está alheio, não sabendo o sol que se chama sol, a pedra que se chama pedra, o mar que se chama mar e todas as outras coisas onde estamos jogados.
Quanto aos sentimentos sencientes, ainda é mais besta a coisa. Que sabem os átomos que nos compõem e a tudo, a terra, as árvores, a lua e etecetera sobre o amor, o rancor, o desejo, a dor e as demais coisas que acometem o ser?
E de fato, só o se ama, ou pensa que ama, masturba ou pensa que masturba, pinta e colore ou pensa que o faz: pedras e coisas não fazem sexo!
De fato, jamais poderei ver o ser nu. Nem a mim. E o ser, seja onde estiver jamais se verá nu, pore star confinado nessa infinda e abnormal barreira. E ela derruba Sartre, Nietzsche, Shopenhuer e todos os demais pensadores que, como nós, não pssam de artesão com suas abnomlias sencientes.
As mascaras são, pois, essenciais, sob o risco de se as perder, perde-se juntamente a humanidade que nos dá tal pseudo poder.
No seio do Cosmo, foi feita uma revolução pelo ser, de fato. Mas o ponto do quale le se originou pode condená-lo em seu pensamento, em sua senciência e em sua abnormidade do mesmo modo pelo quale le foi gerado, bastando para issi que ocorra o que ele não pod ever: uma igual flutução, avaçaladora e quântica, no infinito de possibilidades que a ele naturalmente, mesmo ele se pensando senhor de tudo, pode ocorrrer!
Assim se condena, no ponto de surgimento o ser e seu poderoso poder de escolha, com a mesma frieza imprevista que o gerou!
JÁ NÃO SOU
Já não sou
um belo e encantado canário,
agora não passo de um cão niilista
e sarnento;
já não sou aquarela
em vários e diversificados quadros
agora não passo de um cinza
monocromático;
já não mais um amante
a qualquer flor ou andorinha adequando,
porque de meus olhos se derramam silentes
rios de dor e de saudade da flor
enterrada;
já não sou o gigante
que outrora confrontava Nietzsche, Sartre,
Shopenhauer e até Einstein, entre
Outros,
Agora nem os vermes
como alguns que têm aparecido
neste deserto aqui, deveriam perder sequer
um segundo de seus tempos,
pois eu escolhi ser nada
no nada e não existir no pensar para não
confrontar a minha própria pequenez, refletida
em seus olhares e em suas
palavras!
FRATURA DA ALMA
O vento lambendo
minha pele,
alguns pingos
de chuva caindo em meu corpo,
e outros pingos saindo
de meus olhos,
um desmazelo de mim mesmo,
um desnível,
uma queda,
uma irrecuperável perda,
uma incurável
fratura em minha alma:
sua ausência que me desestabiliza
e me enlouquece!
OUSADIA
Quando ousaste
querer alagar-me a planície com teu mar,
fiz-lhe sentir o ardor de um deserto
tão seco e convulso,
que, ao te a regressares
às próprias margens, deixaste-me ao solo
resíduos tão imundos de
teus profundos,
que nenhum marujo,
mito ou lenda sequer suspeitaram haver,
quando te navegaram incautos
as superficiais águas
puras.
AMO EM SILÊNCIO
Não peças mais
para eu definir o que sinto:
antes, permita-me tão somente
viver contigo o sonho,
sentir, pela primeira vez na vida,
algo nobre no coração
e te incendiar o corpo e a alma
às noites nossas;
porque, quando eu souber dar resposta
a tuas perguntas e elucubrações,
é prenúncio de que,
com o verbo dissimulado,
não te ame mais.
PERDA DE ASAS
Por que fui
amputar-me as asas
e lançar os pés
à lama,
por não
teres dançado contigo
àquele telhado
sob a lua
branca?
Por que,
do súbito encontro
do pássaro da planície
com a bela do
litoral,
fomos
nos silenciar e nos refugiar
às secas vegetações
rasteiras,
onde nos
fundíamos e nos sangrávamos
com outros corpos
amieiros?
QUANDO, ENFIM, O SOL SE ENCOBRIR!
... disseste
me amar muito
e me choveste
muito dizendo me amares;
e, agora
que o silêncio e a distância
à nossa separação
veleja,
fico a pensar,
sabendo tu que já estou ao fim
da passagem, o que e a quem dirás
deste cão quando ele
eternamente
se deitar!
A TUA PAZ É AGORA PERFEITA!
Teu lindo e imenso
mar adormeceu, e nunca mais
vais acordar ao amanhecer;
a planície não
teve a mesma sorte,
vive sob dias pálidos e noites
tenebrosas,
a tolerar fantasmas
e a zelar-te, em tristes lembranças,
com moucos cantos
de angústia
e dor!