vem pernoitar no escuro até onde só eu te encontre no silêncio até onde só tu me ouças na doçura até onde só nós estejamos na música até onde só nada ouçamos na loucura até onde só nós chegamos.
Dormes, sobre o leito dos sonhos, qual anjo caído dos céus. Teu corpo não te pertence, entregas-te-lo há muito tempo, partilha-lo com outro homem. Mas, tuas asas são apenas e só tuas. Tua alma voa nos ventos que atravessam o corpo e seguem muito para lá de onde a vista alcança. És uma ave presa numa gaiola imaginária, amarrada a mil teias que te mantêm restringindo-te os movimentos. Por isso quando a Noite vem, despes teu corpo, soltas a alma e segues rumo a mim.
Sentado, na beira do riacho, vejo flutuar em cada folha caída, vidas que passam sem se deter, na corrente do dia-a-dia, espero pela tua vida e deixando-a passar, abrandando-lhe o passo, quero ficar presente mais um instante em ti, quero marcar-te a alma com essências de mim, deixar o meu nome escrito no teu peito, para depois te ver partir. Estranha forma de amar, momento em que te prendo em mim, como quadro eterno de um instante que paramos no tempo, uma pausa, para nos olharmos enquanto a vida passa.
Ao mar chegarás, sereia te farás, e a cada noite virás, à tona, cantar, e olhar a Noite, contemplar o céu, tentando adivinhar qual das estrelas carrega o brilho do meu olhar. E sabes, que ainda que seja apenas um sonho, estarei lá, para te acordar da realidade, quando o momento de sonhar, chegar. E quando o dia te despertar, outro corpo colado ao teu irás encontrar, mas foi comigo que dormiste, todas as noites em que me sentiste.
Inverno, me acolhes em teu calor Ao fim da tarde. Com tranquilidade e ternura E é Amor! E assim também a noite nos espera Numa angustura. Deste amor que ainda arde?! Resta um tempo de Primavera Me recolho em ti, nesta tarde Não quero definhar na espera.
Quero voltar ao amor imenso Com velhos tabus partidos Quero tudo tão intenso Disfrutar assim dos sentidos.
Prender-me onde minha alma se deita Inventar, se ainda houver algo p'ra inventar Reinventar!? Enquanto houver sede de amar. Sempre, sempre, não esmorecer E nesta viagem à Lua!? Ainda o teu calor me aquecer.
Só o tempo já amua!
Repetem-se entardeceres E nos silêncios da noite estou Espero por me quereres. Ser teu vento que o sol já sou! E é como nada dizer e dizer tudo Como uma bela valsa, ardente Louca, louca ainda me iludo Que o fogo, o nosso, ainda arde fortemente.
No jardim que habita Em meu peito Brotou uma flor, Bela, meiga, cheirosa, perfeita Aos olhos meus, Foi Deus que me deu. O nome dela é Amor, O nome dela é Você!
Hoje deixo o sol entrar Me ponho à janela olhando as folhas amarelecer Enquanto a tarde vai murchar?! Eu olho a queda lentamente a acontecer. Caem as folhas, cai a tarde, O dia vai morrendo! E em mim batendo, A saudade Mas um pouco de esperança soçobrou Ainda que às vezes desfalecendo!? Tento não perder a que restou.
Há dores que não se querem remexidas Falas afectuosas que continuam ao ouvido De pureza infantil ainda sentidas De quando jorravam gargalhadas num tempo perdido.
E assim as folhas vão amarelecendo E meu olhar continua posto nelas Do tempo me vou esquecendo E penso que estou caindo como elas.
Chega à minha memória a doçura Das tardes mornas da minha infância Vou ao encontro do sonho com ternura E nada mais para mim tem importância. Olho a redonda lua a chegar Mil sensações reúno à volta dela É seguro por ela me deixar apaixonar Então me vou deixando ficar na janela.
Ser mãe... É ser ventre que aloja em si A vida que Deus confia... É ser palavra que conforta E com doçura alivia Toda dor que se sentia!
Ser mãe... É ser colo que agasalha, Ser ninho que abriga, É ser braço que acolhe, É ser beijo que cura, Em cada um de seus rebentos, Feridas do corpo e da alma... Aliviar o corpo e a alma embalar!
Ser mãe... É ser educadora Que ensina a viver E prepara seus filhos Para na vida vencer A luta contra o mal Que no mundo ainda está, Ensinando que a vida Pode ser vivida em Paz!
Ser mãe... É ser candura, Ser doçura, Ser calor... Ser co-criadora com Deus! É ser pela vida, É ser pela luz! É ter com a Vida Um caso de amor!
Poema INÉDITO Nesta Data São José do Rio Preto (SP-BR), 05/maio/2010 - quarta-feira – 13h15m.
Há um lugar, encerrado no tempo, onde tudo aquilo que sonhamos é realidade, onde a vida corre ao sabor da brisa de um vento que sopra suave. Nesse lugar, onde encontramos a verdadeira liberdade, onde somos tudo aquilo que sonhamos ser, esse lugar, é um céu azul, onde estiramos as nossas almas de pássaro e voamos.
E segues-me, num voo rasante sobre o mar, igualmente azul como este céu imenso que nos segura com fios invisíveis. Este Sol, por nós inventado é luz que te brilha na alma como farol em noite escura. A felicidade, encontra-la-às aqui, neste lugar escondido nos confins dos nossos sentidos. E saltamos, precipitando-nos como chuva de verão nas águas calmas deste oceano, como peixes afagados pela água pura que nos preenche.
E do perfume dos teus cabelos solta-se a fragrância que me guia neste paraíso perdido, lugar encantado onde as fábulas que te escrevo são tão reais que as podes tocar, tocar-me, num abraço profundo, onde nossas bocas se colam e se beijam alimentando as almas, preenchendo todos os sentidos numa explosão de prazer que extravasa os corpos e nos enche a libido sem que as peles se toquem.
Espero-te em cada noite, envolto na magia deste tempo, deste lugar que para ti criei.
O fogo do silêncio adormece no teu peito como pluma que perde as asas por falta de vento. És deusa adormecida entre as pausas da vida, eu vento que te trás as asas dos sonhos. A alma solta-se em passos de dança, num ritmo lento e belo, colhes meu corpo como espiga dormente e levas-me como se fosses tu o próprio vento.
Este bailado propaga-se nos céus da Noite, como uma galáxia que gira sobre si mesma. Em baixo a Terra guarda-nos os corpos abandonados à própria vida, enquanto aqui, neste lugar mágico, jardim secreto, seguimos os passos um do outro numa harmonia perfeita. Almas de pássaros que flutuam no vazio dos sonhos, entre estrelas distantes e paixões ardentes.
Teu corpo dolente não toma consciência da azáfama de tua alma, teu rosto triste não compreende a alegria do teu espírito, e neste contra-senso contorce-se como se atravessasse um pesadelo. A Noite alonga-se até ao raiar do dia, deixando a alma plena e teu corpo exausto. Retiro-me para repousar em minha ceara, e tu despertas para a vida.
Procuras em mim o paraíso perdido, qual Eva prestes a comer da maçã do pecado, procurando nela a salvação desejada. Teu corpo desnudo transborda o rio de prazer que sentes em mim, como se fosse meu o teu fogo como se fosses tu o meu lume. Sinto o calor da tua pele que irradia por todo o Universo, como um Sol que não brilha mas queima, como brasa adormecida entre cinzas.
Tua alma brilhante, trespassa a escuridão do quarto, cruzando céus escuros, atravessando gotas de chuva, desfazendo-se num arco-íris multicolor. Deixas a minha Noite iluminada com a aurora boreal, luz dos sonhos que em mim acordas, brilho distante do teu olhar profundo. Teu sorriso desenha o teu rosto, centro da alegria com que me recebes entre os braços que me envolvem.
Entre os passos perdidos no quarto que habitas, na longa espera, deixas perfumes de incenso no ar, inebriando-me ao chegar. E recebes-me de corpo aberto, deixando-me entrar em ti, com o prazer do meu corpo e o fogo do meu espírito que te consome ardentemente pela noite dentro.
Hoje apodero-me do teu corpo, como último refúgio, lugar eterno, terno abrigo onde me escondo. Hoje possuo-te a alma, como jardim secreto, tantas vezes por nós aberto. Local de insanas loucuras, paraíso perdido tantas vezes encontrado. Hoje tomo-te como minha, conquisto e desbravo essa pele, qual terra virgem que se abre à sementeira. Hoje consumo-te como fogo em selva fechada, como água que a sede mata, como um vício que o corpo precisa.
Sabes meu amor, em ti vejo muito mais que a imagem que se reflecte no espelho, que a fotografia que desenha o teu corpo com a precisão de um raio de Sol em plena Primavera. Vejo-te para lá da singela beleza do teu rosto desenhado pela mão do Criador, para lá das curvas perturbantes da tua silhueta que por noites a fio me roubam o sono para te amar o corpo. Vejo a luz que tua alma irradia, que faz da minha noite escura, dia.
Tu és poema por inventar, Sol sempre a brilhar, majestosa pose que tanta beleza aporta. Meus olhos ficam hipnotizados pelo brilho do teu olhar, pela cor suave do teu rosto que me deixa completamente perdido. Consomes-me as palavras nesse teu brilho, luz eterna e omnipresente que rasga todas as sombras e me abraça a alma tirando-me o fôlego num só olhar.
Essa beleza de rainha, deixa minha alma à deriva, faz-me perceber que não tenho mãos para te conter, nem corpo para possuir tudo aquilo que és, mais, ainda assim, mantenho firme a esperança de poder ter de ti, um pequeno raio de luz, lembrança da tua passagem por mim.