Poemas, frases e mensagens de P.S. Alcoforado

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de P.S. Alcoforado

Correntes Etéreas

 
Um poema que alguns já conhecem, mas colocado aqui para quem ainda não conhece Espero que gostem!

Correntes Etéreas

Lá fora a Lua flutua serena, no céu, semblante de nau a navegar.
Com o orgulho de velas cheias, atravessa lenta o seu eterno mar.

Em quantas horas solitárias encontraste nela a única confidente?

No fundo do teu Ser, sempre soubeste que não estarias sozinha,
Por mais longos que sejam os oceanos de vida que nos separam.

Sempre que nas horas mais negras sentires que a noite te sufoca
Confia a tua voz a uma brisa passageira, e chama por mim…

Chama por mim, por entre os lábios vermelhos da saudade,
Por entre os suspiros fugazes e os teus cantares de sereia…
Chama por mim, para lá do Tempo que flui em grãos de areia,
Para lá da promessa de olhares efémeros e sonhares pela metade.

Sabes o meu nome, na tua alma… sempre o soubeste.
E eu, eu sempre consegui ouvir os teus gritos de silêncio,
Naqueles intolerantes dias em que nada foi como sonhaste,
Em todas as noites frias nas quais por uma outra voz ansiaste.

– Paulo de Sousa Alcoforado (2007)
 
Correntes Etéreas

Reflexos de Meia-Noite (excerto)

 
Deixo aqui um excerto do poema do qual surgiu o nome do meu blog (www.reflexosmeianoite.blogspot.com). Assim que possível, caso estejam interessados, colocarei a versão completa

Reflexos de Meia-Noite

Quando a Lua passeia já alta
No seu trono lá no céu,
A luz e as sombras dançam juntas,
Animadas por um subtil agitar do seu véu.

Dançam ao som de uma melodia de silêncio
Que não se ouve excepto com o coração…
Ganham vida os reflexos de meia-noite,
Animados pela magia de humana imaginação.

(...)

- Paulo de Sousa Alcoforado, 2007
 
Reflexos de Meia-Noite (excerto)

Reflexos de Meia-Noite

 
Reflexos de Meia-Noite

Quando a Lua passeia já alta
No seu trono lá no céu,
A luz e as sombras dançam juntas,
Animadas pelo subtil agitar do seu véu.

Dançam ao som de uma melodia de silêncio
Que não se ouve excepto com o coração…
Ganham vida os reflexos de meia-noite,
Animados pela magia de humana imaginação.

Nesta hora dos sonhos que respiram em suspiros,
Move-se o espírito, na alma agita-se a emoção.
Ressuscitam-se os desejos de possíveis passados,
Nas asas de um pensamento em manifesta comoção.

No lugar dos nuncas que o ontem escondia,
Encanta-se finalmente a força do talvez…
Longe das obscuras alturas em que pelo raiar do dia
As possibilidades sonhadas trocaram a sua vez.

Memórias de vidas inteiras cabem num único momento,
E a consciência nada num lago de translúcida ilusão…
Apenas sonhos da percepção, nas asas de som e movimento,
Sombras a flutuar ao luar resgatam novos mundos à razão.

- Paulo de Sousa Alcoforado (2007)
 
Reflexos de Meia-Noite

Figuras no Céu

 
Figuras no céu

Pergunto ao vento, que tal correm os dias no teu reino,
Do outro lado desta barreira de silêncio que nos separa.
Pergunto-lhe por ti,
Certo de que nunca chegarás a saber que por ti perguntei.

No meu horizonte, todas as manhãs e horas do acordar,
Escolheste ser o Sol que nasce sem no entanto amanhecer.
Uma estrela sempre presente, mesmo no céu nocturno,
A guiar um sentimento que o Destino não quis conhecer.

Ao olhar o céu nocturno deitado em praia deserta,
Faço as minhas próprias constelações,
Apenas contigo no meu pensamento.
A noite retribui com a compreensão do seu silêncio.

Neste eterno cenário
Onde não fazemos as regras e tudo se altera,
Todas e quaisquer certezas
Estão sempre longe demais dos nossos dedos.

Mas eventualmente, depois da noite,
Madrugada e um novo dia terão chegado.
Nuvens sempre em mudança num céu matinal,
Que nasce já de tons de vermelho raiado.

- Paulo de Sousa Alcoforado (2006, do livro "Reticências...")
 
Figuras no Céu

Sobre o livro "Reticências..."

 
Um prefácio ao meu primeiro livro de poesia "Reticências...", escrito após a publicação do mesmo, que pelo conteúdo achei interessante partilhar...

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O livro

Na escrita, as reticências simbolizam uma comunicação nas entrelinhas. Representam uma comunicação que muitas vezes se situa para além da própria linguagem, seja ela feita de vozes ou de silêncios, de palavras ou de gestos, de presenças, ou simplesmente de ausências.

É nesse contexto que surge este meu primeiro livro, intitulado “Reticências…”.

“Reticências…” é uma viagem por caminhos sentimentais que se percorrem sem no entanto saber à partida qual o seu destino. Sobre caminhos que estão frequentemente para além do nosso controlo ou escolha, e que muitas vezes nos apanham de surpresa. É um livro sobre a ilusão e a desilusão, no muitas vezes complexo processo de construir uma vida no plano mental e sentimental, uma vida para além do que é meramente material.

É um olhar para o horizonte e ousar sonhar com um tempo ou lugar partilhados, apenas imaginados…

Nos seus poemas, esconde-se a busca de cada pessoa pelo seu lugar nas relações que a rodeiam. A procura de cada indivíduo por um significado mais profundo, a meio de situações do quotidiano coloridas por uma saudade ou desejo, sentimentos esses que por vezes abraçam toda a perspectiva envolvente. É o reflexo de uma busca por si mesmo aliada à secular busca por algo mais, aquele algo raramente definível por palavras, encontrado apenas na companhia de alguém que assume para nós uma importância única e vital.

“Reticências…” é tanto uma homenagem como uma dedicatória.

É um livro no qual se reúnem poemas tanto de amor mútuo como de amor não-correspondido. Poemas cujo contexto vive sempre na imaginação de cada pessoa, de cada leitor… nunca na vontade exclusiva de quem está por detrás da caneta. São poemas abertos à imaginação ou memória de cada um de nós.

“Reticências…” fala-nos sobre a partilha do que é dito e do que fica por dizer. É a consciência ou chamada de atenção para o facto de que o que não é dito entre duas pessoas, à semelhança do que é de facto dito, nunca se esgota num eventual remeter ao esquecimento... é algo real, dentro da pessoa que o sente. Algo com uma presença e influência reais.

Algo que merece ter uma voz.

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Paulo de Sousa Alcoforado
 
Sobre o livro "Reticências..."

Perseverança

 
Um poema dedicado a todas as pessoas que dormem sob um tecto de nuvens e estrelas, e à mercê dos elementos, a meio das cidades que habitamos...

Perseverança

Mais uma vez passo por ti,
E vejo-te, tal como todos os dias...
Tantas outras pessoas por ti passam,
Poucas são as que te parecem realmente ver.

Mas como um soldado nas fileiras da vida,
Marchas, com coragem, sempre em frente.
Apesar de todos os impiedosos agravos
Que o Destino através do quotidiano te traz.

Sei que sempre através deles passarás…

O Sol põe-se já, atrás das tuas costas,
Com cada passo em frente que dás.
Aumentando cada pequena sombra
Que dança vaidosamente perante ti.

Criando caminhos escuros e formas incertas,
Através das quais aprendeste já a navegar.

Sei que algo que não podes ver ou tocar,
Dentro de ti, te impele sempre a continuar…
Tal como as águas mais profundas de um lago
Cuja corrente nunca permanece parada,
No seu constante e fluído movimentar.

Assim te guia pela vida o teu coração,
Que sempre te acompanhou a cada momento.
Como uma maré que nessa alturas te eleva,
E que a um porto seguro te há-de transportar.

- Paulo de Sousa Alcoforado (2007)
 
Perseverança