15
ao entardecer
desta amargura
apanhei
quinze barcos
para longe
de todos os tempos
e só ficou foi a névoa
de querer abrir-me
em beijos
e sussurrar
ao mar
e ao teu peito
que nada me separa
do desejo
de te viver.
BEM ABAIXO
Atravesso a floresta negra da vida. Não sei o caminho.
Quando penso que talvez esteja a chegar a algum lado,
Caio num buraco fundo.
É lá que estou agora, Não vejo qualquer luz.
Não espero uma corda amiga, muito menos um abraço.
Não tenho mapa nem estratégia.
Não há escada nem posso escalar
Talvez pudesse escalar se tivesse forças
Mas não tenho
E raízes puxam-me para baixo
Encolho-me num canto do buraco e tento chorar
Choro por dentro dos olhos, por dentro da alma
Mas o meu rosto continua seco
Assim como a minha esperança
QUERES SAIR?
Passar a tarde inteira a escrever-te, aqui, o que havia de ser a vida. quando acabar a manhã, logo vejo se cá fico ou se te conto só depois o que de lá se vê. Queres que te conte como te conheci? Queres que te mostre a flor que imprimi por dentro, sem cor, sem pressa, minuto a minuto, esta manhã?
Se eu te disser só que te amo, achas que a história é curta?
Como se fosse outra, lembrei-me de te visitar. Cresceu a rua, doeu-me cada passo até este aqui onde ficaste.
Preferia que não estivesses; gostava mais de te saber vivo.
Dei uma festa cá dentro, ninguém veio. Só tu que já cá estavas.