A Caixinha
Nos momentos de provação,
Agarro as rimas, agarro as prosas
Pego o pincel e pinto rosas
Mas em tudo vejo perdição...
Pego então na minha caixinha
Procuro a minha lembrança,
Será que mora aqui a esperança
Só vejo fotos e uma trancinha!
Mas em frente o que estará?
Quem me poderá dizer...
Onde ir, o que fazer,
Que cor a minha vida terá?
Será preciso olhar e parar
Como minha mãe me dizia
Quando antes de atravessar
Colava a sua mão na minha?
É esse o caminho minha amiga
Para te poderes encontrar
Cola a tua mão na minha,
Primeiro...temos que parar!
O teu sonho
Como os sonhos se complementam
Por mais negro que o teu seja
Mesmo que a cor se não veja
Por maior que seja a tormenta
Se do profundo do teu ser
O teu sonho te faz mover
Não pares, não fiques quieta
Só o sonho te completa
Despe o Mundo do avesso
Vai até aos confins da vida
Não há viagem perdida
Quando o sonho é o começo!
E se no regresso acordares
Não fiques quieta, não pares
Se o Mundo não te der nada
Sonha…mas sonha acordada…
RF
2/2/2011
Peço
Peço apoio divino
Para manter o que escrevi,
Para tornar o meu coração digno
Do que dei e recebi.
É música isto que escrevo,
Mera conjugação de palavras
Escrevo o que nelas não vejo,
Nem dor, nem ódio, nem mágoas!
Cantá-la-ei bem alto!
Como louvor ao que devo,
Não cairá no asfalto,
Nem o amor...nem o que escrevo.
Pergunto-me porque não releio
Tudo o que outrora escrevi,
Será fruto do receio
Perceber o que nunca senti?
Como se pode descrever
O que escapa por entre os dedos,
Deixo a alma falar, ou ler?
Escrevo sobre coragem, ou medos?
Não é romantismo puro,
Nem fuga e nem entrega,
É fruto de mim, bem maduro,
É o peso que a minha alma carrega.
Deixar a alma falar
Deixo a alma falar por entre os dedos,
sem guiar o meu pensar,
deixo que o meu sentir se emaranhe,
que a forma se atrapalhe,
que saiam todos os medos!
Se o louco tudo confunde
e não receia as tragédias,
o poeta nelas se funde
sem que à palavra dê tréguas.
Percorre tudo o que vê
e absorve o invisível.
É loucura momentânea
pela saciedade impossível,
ousar definir o amor,
ir da tempestade à bonança,
traçar um rumo à esperança
ou falar duma qualquer dor?
É apenas a alma a falar
e por entre os dedos escorrer,
sem qualquer medo em falhar,
mas tantos medos esconder!
RF
De alma e corpo
O silêncio que o teu corpo fala,
Na minha alma se grava,
São barreiras que se erguem,
À espera da derrocada.
Que o cimento que as une
Seja pó sem mais firmeza,
E que ao cair deixe intactas
Todas as nossas certezas.
É o grito do meu ser
Desde o corpo até à alma,
Ansioso por saber
O que essa tua alma cala.
Que caiam todos os véus,
Que a minha prece chegue aos céus,
Que os nossos corpos se encontrem,
E que as almas se alimentem…
É apenas um grito de amor!
Passa pelo vento
Passa pelo vento...
Vê como fez ondular tudo o que tocou,
Encontra nele toda a força da Natureza,
Essa força que ao passar destroçou.
Um furacão...
Que exerce essa força reveladora,
De tanto querer curar, aliviar, limpar
Acaba por ser destruidora...
E de cada vez que tenta concertar,
Perde-se por entre os destroços,
numa perdição duradoura.
Força da Natureza desleal,
que pecou pelo excesso
De sentidos...de condições,
que nunca se encontrou com sucesso.
É urgente parar...
Voltar atrás e limpar todos os cantos,
Talvez seja chegada a hora...
A tal dos mágicos encantos...
Talvez seja agora !
RF
2008