Será que estamos todos dormindo ou mortos???
O cotidiano medíocre...
Nasci, e tão logo me deparei com fatos que antes até achava engraçado...
Quando entendi o significado das coisas, envergonhei-me de nascer; os valores que aprendi quando criança, ridicularizado pela massa opulenta que ostenta seu status; pisando nos pequenos, vistos assim, pela sociedade, porém, são esses pequenos que possuem a combustão; a conflagração moral dentro de si; são os que passam fome; os que não perdem a fé diante do desprezo; da indiferença e dos seus próprios sonhos.
Os que riem de sua própria desgraça; achando graça - o que há de se fazer? Os que nos ensinam a levantar sempre que machucamos a ponta do dedo... Que nos levantam da cama depois de perdermos o emprego... Os que nos ensinam a orar; a pedir... A acreditar...
Hoje digo dos remelentos; sujos e pobres. Digo sobre aqueles que, esquecidos nas calçadas, ainda sonham quando dormem; sonham quando acordam e não se envergonham quando lêem um jornal através de uma vitrine.
Não vale a pena citar a fraude moral; a corrupção; a desigualdade... Os pseudoheróis do Planalto Central...
Vale a pena olhar, com respeito; misericórdia e agradecimento pelos heróis anônimos; heróis sem estrelas no peito; sem sapato; sem carro...
Os heróis que me fortalecem; encorajam-me, a cada vez que penso em desistir. A cada vez, que, movida pelo egocentrismo, insistir em acreditar que meu problema é o maior do mundo. Não preciso ir muito longe; se sair do meu umbigo; se eu tiver coragem de olhar nos olhos da mãe que perdeu seu filho; da criança que chora de fome; do ser humano que dorme na rua, logo vejo; sinto e comprovo... É... Eu sou feliz!
NÃO POSSO ACREDITAR QUE ESTAMOS DORMINDO OU MORTOS... SE NADA PODEMOS FAZER; PELO MENOS, QUE APRENDEMOS A AGRADECER.
TENHO MEDO DE MIM...
Tocou em minha porta
De modo a não me incomodar...
Insistiu... Ouvi sons... Seu coração pulsava faminto...
Lambia a trava como se fosse devorá-la...
Comia e ardia inteiro tudo que imaginavas as minhas digitais.
Apavorei-me; escondia a alma... Não poderá me levar...
Não durmo no escuro...
Tenho medo de pedir para segurar em tuas mãos
E me perder em caminhos sem volta...
Enganar-me-ia, oferecendo um algodão doce...
Atrair-me-ia, com o toque na auréola de meu seio...
Não posso... Não devo... Não sei me entregar se não for por inteira...
Não sei amar somente a metade; ou um pouco...
O mínimo se quer; que não sinta dor...
Que não adormeça somente após um orgasmo de oito segundos...
Não sei balbuciar palavras; sei gritá-las... Xingá-las... Expulsá-las da garganta
Sei roubá-las de tua boca... Dócil e ardilosa...
Num beijo... Roubo tua língua... Seu liquido; saliva... Tua fala...
Roubo tua paz... Acabo com o medo; acabo comigo... Rasgo tuas roupas...
Amputo com a solidão... Destruo a modéstia; lambuzo o bom senso...
Então peço - pense bem...
Bebo o oceano Atlântico no conta-gotas...
Se ficar mais um segundo... Não te devolvo para a tua vida;
Não prometo que te farei feliz,
Mas prometo que jamais
Esquecerá de mim...
Trecho do meu livro - O segredo de Eva
Nos submersos desvarios, escondo a minha alma. Verdades que nem sempre quero que sejam claras, para que não se acabe o mistério de viver. Após você, sobraram-me apenas dois segredos – seu nome e a vida.
Não recuso o sofrimento – dano causado pela vasta solidão. Escolhi este quintal, para juntar os pedaços de vida que me restam e quero plantá-los, com a intenção de me refazer. Assim, não repouso na ignorância de que não tentei.
Fiz algo por mim: semeei-me dia a dia, em um adubo, por vezes tolo, porém, foi o que consegui. A vida nem sempre se apresenta a contento. Morrerei um dia e antes de morrer, contarei os meus segredos.
Provei do doce fel de algo que me satisfazia, quando os olhos viam o que ninguém mais pôde ver na escuridão: estavam lá, para fazer a grande comédia, a sua boca, os seus olhos, as suas manias... O inferno mais próximo do céu.
Não digo que fui infeliz por completo. Não conseguiria encontrar o caminho de volta, se tudo que senti e provei se baseasse em felicidade. Como conseguirei sobreviver sem seu amor, que apenas me causou o desejo de sorrir, quando queria chorar? Como voltar a sorrir, sem ter ao lado aquele, que me ensinou a ser hipócrita comigo mesma? Nem ao menos busquei por felicidade, queria apenas sentir.
Foi com este pensamento que abri a porta da varanda, que se mostrava tão vazia... Não me perdi! Perdi os sentidos, ou os achei em um mundo, que me recuso a estar, sem as suas mãos de temperatura confortável. Apenas sei que deste sentido saudoso ecoa um vazio tão vasto, que embaraça a vista, enquanto olho os pardais voarem no céu, que um dia esperei viver, enquanto o amava sob a sua pele, que ficava riscada por minhas unhas.
Se tivesse sido feliz, perder-me-ia no vão existente entre o bom senso e a capacidade de ser gente. Não voltaria para a terra do nunca. Nunca conseguirei conviver, apenas com a melhor parte medíocre, existente em meu ser. Não conseguiria dizer não às oportunidades que me apelidam de ousada. Ouso pular do precipício, com os braços abertos gritando o seu nome. Ouso ser chamada de louca, débil e insensata, até você voltar.
Deixa-me entrar em ti...
Abra-te! Deixe-me entrar.
Se demoras a abrir... Derramo-me por debaixo da porta... Derramo saudades...
Sem delongas, digo rapidamente - Tenho frio!
Abra-te...
Minhas pequenas feridas,
Beija-as sem asco
Com amor, pôs-me em posição de decúbito
Não me renderei ao deísmo
Sem antes me deliciar da restauração do estrago regenerado...
Traz nas mãos, uma estrela cadente,
As marcas de um ventre, Délpara, deificando a sua existência...
Reluzente... Ampara-me o suspiro
Ostenta em minhas entranhas seu plasmo umedecente
Desenhando a primeira letra de teu nome com a ponta dos dedos...
Sorrio... Faz-me cócegas,
Surpresas atrás da porta...
Levanto o lençol e te peço - olhe minh'alma...
Ah! Se soubesses da louca que sou...
Parida; filha única de Atena;
Sonhadora; crê na justiça invisível,
Legado que me introduz o verso proibido
Não me deixa sossegada um segundo se quer...
Mordi do fruto proibido
O jardim das delícias não me perdoará...
Joguei veneno no Éden; pecadora; ardilosa...
Somente tu, inventando-me um novo Gênesis,
Alcança-me Redenção,
Com seus olhos bentos de água
Derrama-me candura;
Lava-me o lodo... Ponhas uma moldura em meu coração...
Mas escutes... De algo precisa saber
Nenhum adorno merece a minha carta de alforria...
Se tiveres que me salvar,
Ao menos, liberte-me... Entre o amor que geme e suspira,
Assino a carta da liberdade que voa.
E voo...
Voo.
QUANDO MORRO DE SAUDADES...
Retorço-me em convulsões extasiantes...
Não quero morrer... Não me deixe amornar...
Fagulhas de sentimentos desperdiçados
Não existe vida após o amanhecer
Sem o Sol que demora a nascer...
Sem meu Sol- roubou-o...
Tatuou-me nas costas...
Perdeu a força gravitacional... Queimou-me... Ardendo estou...
Se não vir, dou o meu peito
Ao excêntrico maníaco com a adaga na mão;
Que ele corte-me em pedaços amiúde...
Nenhuma célula regeneradora... Restará...
Nego-me ao pão de cada dia...
Ouço algo: o silêncio.
...Morri...
...De saudades...
MINHA LUZ
Quem é você...
Esculpiu a felicidade esquecida...
Minha guia... amor que não se compreende...
Se sente e não se toca... Sonha.
Quem é você; voou em minh'alma...
Pulsou em meu sangue...
Deixou nu o meu ser.
Beijando minhas palavras... Criou o céu em mim..
Sou seu pão... Sua água...
As cavidades de sua inspiração.
Criador de meus atalhos
Fez-se ponte em meus anseios
Conspirou contra meus medos
Poliu minha destra
Engoliu minhas chaves...
Pacificamente... Tens em suas mãos a minha geografia...
Recitou os meus segredos... Nos olhos...
combustão de um motor falido...
Fez-se potência em meu ócio
Alma minha siamesa
Rasgou os mitos... Incandesceu minha via-láctea.
Feriu preconceitos - traduziu dialetos...
Trouxe a benção... Em dedos ofegantes.
Amanheceu, pingando orvalho em mim...
Garimpando a mina santa... Diamantes em meu corpo.
Tens-me em soluços... O pôr sepulcral de um coração...
Flor na primavera... Rompendo a aurora...
Brotando em ti... Nasci...
Tens a mim... Tenho a ti...
Sol e Lua...
Minha alma... Luz em mim
PARA UM AMIGO
Tudo que fez por mim
Não precisei entender
Se quer,
Precisei enxergar...
Eu colhi as flores que deixou pelo meu caminho
O abraço farto que me oferece
Espalha-se por todos os cantos que me circunda
Flutua livre, procurando me encontrar...
Seu grito escuto no silêncio
Seu sussurro flutua solto num grito
Amigo é assim...
Não morre jamais
Apenas mudam de lugar...
Falo contigo nos olhos
Entende-me...
Mesmo quando as palavras perdem a fala
Ficam mudas... Paralisadas.
É o dialeto do que me falta, e o amigo substitui...
Substitui a ausência do meu pai
O ventre de minha mãe
E a falta de um irmão...
É apenas a mão confortável nos ombros
E a certeza de que não estou sozinha...
Seguiria tranquilamente,
Sendo a marionete em tua estrada
Quando a confiança em ti imperasse
Quando em mim,
A mesma confiança por mim se fizesse ausente...
Leva-me segura por tuas mãos...
Mãos que não duvido...
Mãos que não preciso ouvir
Para saber quem é...
A alma tem memória
Lembro-me, de todas as vezes que salvou o meu dia...
E se não lembrasse
E se a memória falisse
E se a alma se perdesse...
Num resquício do instinto
Numa fagulha de um átomo remanescente
Tomaria novamente tuas mãos...
Pois sei... Amigo irmão...
Se perdesse tudo na vida
A lealdade ainda continuaria
Tatuada onde houvesse vida
Porque amigo... É para sempre
É o humano, do ser...
A eternidade do tempo
O reencontro dos anos...
Amigo... É Deus em mim...
BAILARINAS NO CORAÇÃO
SINTO BAILARINAS NO CORAÇÃO... RODOPIANDO...
DESLIZANDO SUAVEMENTE A PONTA DOS PÉS EM ESTRELAS CADENTES QUE COLHI PARA ENFEITAR A ALMA DE MEU AMOR...
DANÇANDO UM SENTIMENTO TRISTE... A MENSAGEM DE UM BARCO NO MEIO DO OCEANO... NÃO QUER VOLTAR...
O QUE HÁ DE TI... APENAS UMA SAUDADE LATEJADA... FERPA QUE ARRANHA...
UM POETA QUE CHORA...
CHORA COM ELE AS LETRAS MANUSCRITAS DE UM DIÁRIO...
TRAÇOS E ENTRANHAS – PEDAÇOS DE TI.
SOLDADO DE CHUMBO - FORTE! ESPALHA CORAGEM PELOS CAMINHOS VIVIDOS – NÓS DOIS... UNO.
SOLDADO QUE CHORA... TEM CORAÇÃO... VALENTE! GIGANTE... AMA... AMA E GRITA... ESPERANDO NA DISTÂNCIA... SEPULCRAL DE SAUDADE...
GUERREIRO DE UMA VOZ - UNÍSSONA; HARMÔNICA – AMPARO ESTILIZADO E EMOCIONADO DE UMA VOZ... PAIXÃO EM NÓS SEM PARCIALIDADE...
VÁRIAS VOZES FAZEM OUVIR O MESMO SOM - SAUDADES DE TI; PULGENTE... EM MEU CORAÇÃO, SEMPRE ESTARÁ...
DIAS; NOITES; CENTELHAS; ERAS...
ERA UMA VEZ... SEMPRE VOCÊ...
PARA SEMPRE!
O sonho de um poeta
Toco a caneta, namorando-a entre os dedos
Encanto-me – efeito translúcido...
Purpurina em folia – meu mundo de Óz.
Eis o preâmbulo remanescente!
O plantio da quimera - esperança ao cuidar dos sonhos...
Regados nem que sejam pelas gotas das lágrimas
Ou, o cativo de felicidade transformista de realizações...
As incertezas que outrora, subiam as paredes assombrando seu martim-pescador
Em boa nova, cantam, retirando pérolas da barra de suas vestes...
Ah! Tornou-se tolo o cativeiro da infelicidade de gaiolas tão bem cuidadas...
As letras não me permitem engolir as chaves de meu descontentamento...
As gaiolas da alma... Quem necessita delas?
O palhaço que não escreve e não tem coragem de chorar sem a maquiagem?
O arlequim sem máscara, caminhando triste entre as pessoas em plena luz do dia?
A criança de pé no chão, que brinca com os livros por não ter ido à escola?
O cego de alma, que não enxerga os seus sentimentos?
Ou, a mim, quando o sonho é incerto, subnutrido da fé – sem o cultivo do amor?
O sonho de um poeta... O paraíso que canta sem voz
O sonho de quem grita, mesmo com as cordas vocais formando tranças...
Quem sonha escrevendo, aprende a ser mais um, como se fosse o único
Inimitável... O próprio mito...
A criança guardada em mim
Quando o adulto em mim chegar...
Não vou mais sonhar antes de dormir
Meus amigos imaginários irão embora
Vou dormir sem sono
Sem rezar de mãos juntinhas
E antes de dormir...
Não mais imaginar, como entra a água dentro do coco...
Por que o céu não é rosa?
E se eu chorar...
Minha mãe me dará o presente?
Quando a criança for embora de mim...
Vou ter que viver a realidade
Esquecer os gibis e abrir o jornal
Vou enxergar a maldade
Abandonar a ciranda
E dançar a música da sobrevivência...
Vou deixar de ser egocêntrico
E aprender o egoísmo...
Não serei mais o filho, vou criar o meu filho
Vou partir para a luta
Guerreiro de mim...
Guerreiro da vida...
Onde estão meus heróis?
Onde estão meus lápis-de-cores...
Para eu pintar a vida
Se tenho que viver a vida
Se tenho que envelhecer
Aprender ser responsável
Participar da produtividade
Sem vontade...
Sem querer crescer
Sem morrer a cada decepção
Sem a mão da mãe, durante um pesadelo
Sem medo de perder
E recomeçar...
Do nada; a cada dia
a cada ferida curada
Sem usar bandaid
Sem chorar ao público
Um homem...
Aprendendo a ser humano
Aprendendo a crescer
Sem ao menos matar
A criança guardada em mim.