Poemas, frases e mensagens de Arlene

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Arlene

Soneto da Saudade

 
Soneto da Saudade
 
Por onde andas, meu anjo iluminado,
Compartilha com quem tua alegria?
Quem te abraça, te ouve, ser amado,
Em que lugar do céu está a tua moradia?

No outono pintaram folhas amarelas,
O inverno que chegou tão lentamente
Muita mágoa deslizou pela janela
Choramos, só nós dois, tão tristemente.

E o sol como em todas as outras eras
Fará botões no roseiral, é primavera
Apesar da minha dor, filho querido.

Sei que estás bem, feliz em outra esfera
Mas a saudade, companheira da espera
Comigo chora, num pranto emudecido.

imagem: internet
 
Soneto da Saudade

A todos os filhos

 
A todos os filhos
 
Filho tem som de música. Filho tem dose extra de amor - que se dá e que se recebe.
Filho é paz que se materializa, é dor que não dói, é sono que recupera, é canção que acalenta.
Ah!... filhos... Filhos do bem querer; do copo d’água de madrugada; do cheirinho de bebê; das escapadas; do pedido de desculpas meio tímido, quase escondido; do desodorante que disfarça os hormônios; da primeira bicicleta.
Filhos adolescentes, aborrecentes... e tão amados!
Filhos do primeiro amor, do segundo amor, de todos os amores... Filho que é só amor.
Filhos que ouvem história, filhos que têm história. Filhos pequenos, filhos de grande vida.
Filhos de cores, filhos de pensamentos, de medos e segredos. Filhos de vontades e sonhos. De memórias, de tristeza, de gargalhadas e curas.
Filhos distantes, mas tão dentro de nós.
Amo-te, FILHO MEU.

Escrito em 15/04/2008

Imagem: internet
 
A todos os filhos

Malhação (de novo!)

 
“Onde quer que você esteja é o ponto de partida”.
Kabir – poeta e místico italiano

Numa quinta-feira, depois de uma semana longe da academia, voltei.
Levantei-me às 5 (e sem despertador! Ô, beleza!... não estou tão mal assim... ainda consigo acordar sem ajuda!) e às 6 estava entrando na tão procurada câmara de tortura.
- Bom dia! – cumprimentei o pessoal, na entrada – Bom dia, Fabinho, ainda me reconhece?
- Bom dia, Macieira, estava de férias?
- Não... é que ontem estava chovendo. – respondi, meio na defensiva – Você sabe... estou sem carro e não dá pra vir de bicicleta, né. (Acho que a justificativa não colou.)
- Ah, sim, você agora derrete sob a chuva!... E na segunda?... Na segunda não choveu!
- Ah, Fabinho, dá um tempo...! Segunda é depois de domingo e domingo eu fico navegando na Internet até de madrugada. É humanamente impossível ir para a cama às 3 e levantar às 5. (Ainda bem que ele não me lembrou que eu deveria lembrar que na segunda tenho academia... ainda bem!).
- Tudo bem... e na quinta, na sexta e no sábado?
- Bem... quinta perdi a hora, sexta estava querendo chover e sábado não tenho horário. Sua academia só abre às 8! Esqueceu?... (Aí a responsabilidade não era minha, afinal alguém tem que dividir a culpa comigo).
Enquanto isso ele procurava minha ficha.
- Ainda por cima perde minha ficha! – reclamei – Acho que vou voltar e dormir mais um pouco.
- Nem pensar! Aqui está sua ficha, pode procurar outra desculpa. Você está ficando muito preguiçosa, Macieira. Vamos lá, vamos lá... ânimo!
Fui para o salão. Havia pouca gente no momento e sentei-me na cadeira adutora (ou abdutora, sei lá!).
Quando Fabinho se aproximou, ficamos conversando (devo dizer que não parei os exercícios).
- Você está na minha última crônica – eu disse – E nem coloquei o capuz de carrasco em você!
- Legal!... – ele riu.
- Só não disse o nome da academia...
- Ah, é?! E por que não?
- Isso é merchandising... – respondi - ... pra isso tem que rolar “dim dim”. Afinal você vai estar na Internet e isso não é pouca coisa. – brinquei.
No primeiro intervalo entre os aparelhos fui ao bebedouro. Apertei com tanta vontade aquele botãozinho que a água esguichou direto na minha testa.
- Que é isso, Macieira?... Isso não é hora nem local para banho. (Ele tinha que falar alguma coisa!)
Só olhei....(grrrrrr)... nem me dispus a responder... (grrrrr)... Ainda tenho vários aparelhos para consumir meu esforço e ele é um implicante! Mas, eu adoro esse trainer.
Fui passando pelos outros aparelhos: pulley não-sei-lá-o-que, crucifixo, mesa de glúteo (ridículo esse nome!). Reservo sempre a última meia hora para as abdominais e os outros exercícios que posso fazer deitada no colchãozinho de anão.
Ainda tinha algum tempo. Sentei-me na cadeira extensora. Nas últimas repetições, eu lá de olhinhos fechados, reunindo os últimos resquícios das minhas combalidas forças para terminar com honra aquela série e... quem entra!? A “vitrine da academia” (é claro que abri os olhos nesse momento!). O peso que já não queria me obedecer, caiu de vez. Parei por ali. (Acho que estou sendo atacada por uma nova e ainda não identificada síndrome – a SENS – Síndrome do Esforço Não Suficiente). Mas, só de raiva, repito para mim mesma: eu ainda chego lá!
7 e meia. Hora de ir. Por hoje chega!
Amanhã, sexta-feira, eu volto. Bem... acho que volto.
 
Malhação (de novo!)

2009

 
2009
 
O ano de 2009 já encolheu mais de 30 dias.
Já houve beijos de mel e sangue. Já vivemos risos, lágrimas e promessas.
Foram mais 30 dias para aprender.
E ainda temos muito que aprender, no exercício diário do desapego, do reviver e da relembrança – desdobramentos do ofício do viver.
Exercitamos a força da superação, a suavidade do olhar e a nossa pequenez diante deste imenso mundo de possibilidades.
Exercitamos o caminhar reto, as auroras e os poentes.
Exercitamos a saudade, não pela própria saudade, mas pela necessidade de senti-la para continuar vivendo, pois saudade nada mais é do que o retorno sobre os próprios passos para reviver pela lembrança.
Foram mais 30 dias para reaprender! Mais 30 dias para viver, para agradecer, para caminhar.
30 dias!... Tão pouco para os que tem projetos!... Muito para os que tem saudades!...
Em 30 dias quantos se afastaram!... Quantos se aproximaram!...
Centenas se perderam, milhares se foram, outros milhares estrearam neste mundo como páginas vazias prestes a serem preenchidas por sua própria história. Que sejam belíssimas histórias!
E se mais vivemos, mais motivos temos para sentir saudades, porque, a cada dia, construímos algo que se impregna em nós tornando-se parte da nossa existência, como pérolas numa ostra. E, como uma ostra, ficamos profundamente feridos quando nos é arrancado um bem tão precioso.
Nossas pérolas não são somente os nossos queridos próximos. São, também, pessoas especiais que aprendemos a amar e respeitar, mas que por algum motivo já não se fazem tão presentes em nossas vidas. Então, é bom que não nos esqueçamos das pérolas que ainda estão alcance do nosso carinho, do nosso bem-querer.
Não sabemos quantos dias mais teremos aqui, mas seria bom vivê-los tão plenamente quanto for possível.

Escrito em 03/02/2009

Imagem: internet, sem autoria.
 
2009

Malhação I

 
“A vida é muito importante para se levar a sério.”
Oscar Wilde

Academia sf. 1. Estabelecimento de ensino superior de ciência ou arte; faculdade, escola. 2. Sociedade ou agremiação de caráter científico, literário, artístico, desportivo, etc. 3. Local onde se reúnem acadêmicos. (Aurélio)
Eu, com toda (minha) propriedade, acrescentaria: 4. Local onde se é iniciado nas diversas modalidades de tortura medieval.
Mas, (sinal dos tempos), quem não está matriculado em um desses locais é “old fashion”, está completamente por fora. Daí, um belo dia resolvi que eu, também, deveria estar “in”. Afinal todo mundo malha!
Matriculei-me na musculação, numa academia próxima da minha casa. De segunda a sexta, às 6 em ponto, estou lá!
No primeiro dia, meu “trainer”, Fábio, foi me apresentando àqueles maravilhosos aparelhos que me deixariam “mens sana in corpore sano”, pronta pra enfrentar, com “dignidade”, o estresse do dia a dia.
Ele sugeriu que eu colocasse os pesos à medida que fosse me achando capaz de suportá-los. Foi uma maravilha! Não sentia nenhuma dor muscular, nada!
Com o passar do tempo e a carga aumentando, fui percebendo que a coisa não era aquele mar de rosas que, a princípio, eu pensava.
Tem uma tal de mesa flexora que é especialmente doída. Dirigia-me a ela sentindo, até na alma, o esforço que ainda estava por vir. Ajustava o pino com a carga que poderia suportar não sem, antes, pensar comigo mesma sobre a maldade do usuário anterior que deixava (eu acho que só pra causar inveja a nós, principiantes) o pino ajustado com várias placas e eu, humildemente, ia lá, reduzia o peso, deitava e começava. No intervalo entre as séries, quase sempre com 15 repetições, um descanso de 30 segundos para recuperar o fôlego. E lá ia eu, o suor escorrendo pelo rosto: 1, 2, 3... pausa... 1, 2, 3... pausa... Nesses momentos deitada e querendo que o mundo me esquecesse, fechava os olhos e me concentrava para a próxima série. Fabinho, invariavelmente percorrendo o salão, orientava e “incentivava”: “E aí, Macieira, vai um travesseirinho,... talvez um suquinho,... quem sabe um jornal para passar o tempo mais depressa?... Vamos lá, vamos lá!” Eu reunia as forças e recomeçava.
O tríceps pulley é para trabalhar o músculo do adeus. Sabe aquele músculo que fica na parte interna do braço e que, quando a gente levanta mais alto para dar um tchauzinho, parece que todas as células resolvem se movimentar cada uma numa direção? Pois é... é esse mesmo! Fixo os olhos nos pesos à minha frente, mentalizo para que eles fiquem mais leves ou pareçam mais leves e... 1, 2, 3... pausa... 1, 2, 3... pausa... (4 séries de 15 repetições). Os pesos não têm a menor consideração. Parecem grudados um no outro e eu lá, lutando para levantá-los.
Depois vem a cadeira adutora e abdutora. Depois de semanas eu ainda não conseguia descobrir em qual delas deveria fazer o exercício anotado em minha ficha. Agora, quando me atrapalho, geralmente às segundas, escolho uma e alterno durante a semana (não deixa de ser uma boa saída, convenhamos!).
Às vezes, quando estou sentada, recuperando o fôlego, fico observando. Tem uma garota, “vitrine da academia”, resultado de longo tempo de malhação, que senta naquela cadeira, ajusta o pino para um esforço, que me parece digno de Hércules, e, sem piscar, faz toda a série. (Acho que ela faz de propósito só pra me irritar, face à minha incompetência em realizar tal façanha).
O leg press lembra o filme de Chaplin, quando ele, deitado, brinca com o globo terrestre, equilibrando-o nos pés. No hach machine, o malhador parece aquele deus mitológico sustentando o mundo nos ombros (a gente tem a mesma sensação). Gosto das abdominais. Só não gosto daquele colchãozinho que, parece, foi feito para anões, tão curtinho que é.
Mas nem tudo é tão negro: posso sempre contar com o “incentivo” de Fabinho: “...vamos lá, Macieira, parou por quê?” (estou naqueles 30 segundos de descanso)... ou ...”você não acha que isso aí tá muito leve?” (isso aí é o máximo que permitem minhas já reduzidas forças) ... ou, ainda... “mais para cima, mais para cima!” (quando o peso teima em voltar para o chão e lá continuar). Acho que esses aparelhos têm imã para testar nossa teimosia!.
Ah!... estava me esquecendo do tríceps testa: esse é um perigo! Em decúbito dorsal (viram como já estou familiarizada com os termos técnicos?), com os braços levantados, flexiona-se os cotovelos e leva-se o peso até a altura da testa. Já imaginaram se a distância é mal calculada e o peso, além do ideal, cai direto na sua testa? Olha o desastre aí! E, por falar nisso, deveria haver uma lei para que toda academia tivesse uma ambulância a postos para os calouros mais ousados, vítimas em potencial destes “acidentes de percurso”.
Mas, tem as compensações também. Às vezes, tem uma novata por perto e eu, com minha “vasta experiência”, ares de veterana, lá no “puxa”, “empurra”, “levanta”, “abaixa”, sendo observada. Eu me “sinto”...! Faz um bem danado pro ego! Acho que, enquanto tiver novatas, eu não desisto das minhas suadas manhãs.
 
Malhação I

Amo plantas e bichos e, principalmente, amo gente
Arlene
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