Banha da Cobra
A horda de bestas assassinas
Atacam ferozes por todo o lado
Os alvos defendem-se fugindo
Pelas pradarias metálicas e campesinas
Procurando uma flecha ou um dardo
E pedra a pedra a defesa construindo.
A corja criminosa está prenhe de cobardia
Actua disfarçada e nojenta no interior da mesquinhez doentia
Da carneirada obtusa que lhe alimenta a hipocrisia.
A soldo dos carniceiros sanguinários
Anda à solta uma cáfila de cheira-cus hedionda
Esterco humano, sabujos, reles escumalha de mercenários,
Tão miseráveis que um simples verme lhe faz a ronda.
Mais ladrões que todos os outros somados
Mas perigosos porque se parecem com gente
E o prudente e os esclarecidos são enganados
Porque na feira e fora dela arreganharam lustroso dente.
(Sem querer...)
entra na taberna distinta pessoa
- um café e um bagaço!
pedido que ressoa
entoa
mergulhado no cangaço
do ambiente irritável
e inadaptável.
Adolescência Relembrada
naquele dia de intensa claridade
se foi tranquilamente ver as cachopas
dispersas pela cidade
luzindo-se sedutoras no oculto ás de copas
No Ideal
No momento
Compulsivo
Incisivo
De cimento
Há esperança
Na bonança
Que poderá vir
No ideal frenético de um sentir.
Para a Maria
não sei descrever
os teus olhos maravilhosos
me fazem te querer
e
na ansiedade os ver ansiosos.
Tragédia Dramática da Comédia Trágica - Primeira Parte.
casebre
insuportável
(Ó Manel! Olh'ó gajo!)
febre
miserável
(Petingas & Chicharro)
lar
façanha
(Merlos? Até os frito!)
luar
aranha.
"A poesia propõe a história do mundo.
Temos então o filme, o tempo."
Herberto Helder. Livro: Cobra.
Dialética
O cão
Se fez lobo
O gato
Se fez tigre
O boi
Se fez touro
A cobra
Se fez víbora
O escravo
Se fez chicote.
No Paquete
no paquete das aves que não cantam
o lixo vegeta cavernoso
de mão dada
com víboras traiçoeiras
intrigas necessárias
mentiras adequadas
recuam perante
a força da natureza
o corvo
afónico
pretende anunciar
que os rios transbordam
e fertilizam as terras
limpando os dias
das confidências da tormenta atrasada.
EMOÇÃO
A emoção prostrada
Esfola a esperteza
Verduga e computadorizada
No subconsciente ofendido
Saturado da sanha de impureza
Remexida em vaso apodrecido
“Amor não correspondido”
Destruído
Baleado
No espectro ardente
Projectado
Através do ciberespaço
Conivente.
A Hipocrisia
a hipocrisia
enlatada
não é aleivosia
de retrato no bordel de pérfida luminosidade
e
fragmentação espasmódica
alojada
na mula do abade
abarrotada
da impostura transparente de pescoço
do lado de fora do
postigo sibilante da ditadura mercantil.