Banha da Cobra
A horda de bestas assassinas
Atacam ferozes por todo o lado
Os alvos defendem-se fugindo
Pelas pradarias metálicas e campesinas
Procurando uma flecha ou um dardo
E pedra a pedra a defesa construindo.
A corja criminosa está prenhe de cobardia
Actua disfarçada e nojenta no interior da mesquinhez doentia
Da carneirada obtusa que lhe alimenta a hipocrisia.
A soldo dos carniceiros sanguinários
Anda à solta uma cáfila de cheira-cus hedionda
Esterco humano, sabujos, reles escumalha de mercenários,
Tão miseráveis que um simples verme lhe faz a ronda.
Mais ladrões que todos os outros somados
Mas perigosos porque se parecem com gente
E o prudente e os esclarecidos são enganados
Porque na feira e fora dela arreganharam lustroso dente.
(Sem querer...)
entra na taberna distinta pessoa
- um café e um bagaço!
pedido que ressoa
entoa
mergulhado no cangaço
do ambiente irritável
e inadaptável.
Adolescência Relembrada
naquele dia de intensa claridade
se foi tranquilamente ver as cachopas
dispersas pela cidade
luzindo-se sedutoras no oculto ás de copas
Don Batráquio
sua magnificência
don batráquio
uranófano
iniciou a palestra
mestra
forjada em sarcólito
para atenciosa
e despretensiosa
assistência extraída
de um utensilio superior alternativo
que rompeu em aplausos lacrados
rendilhados
aramados
“sósiados”
nunca jamais supostamente amarrados
segundo fontes não divulgadas
nem interpretadas
o cortejo saiu do salão cerimonial
a abarrotar
de sapiência
e involuntariamente a arrotar
oiça como nunca ouviu
“ouviu como nunca oiça”
oiça nunca como
conselho secreto divulgado entre os participantes
a bem da tranquilidade intranquila
reguila
como tolice colorida mergulhada
em serenidade
que só para chatear
para irritar
para se exibir
diz desaforada que vai sumir (ou explodir?)
Viu ao longe
viu ao longe a antiga amada
correu atrás dela entusiasmado
eufórico extasiado
e
ela ignorou-o emproada
e
disfarçando a banhada
se abrigou na taberna com um prato de molhinhos
um jarro de vinho tinto
o jornal das notícias e burburinhos
e
uma leitura abundante afastou distraída a frustração sem destino.
E-mail do cachorro "Estarrabaço"
espaço vítreo mal iluminado
as flores resistem
na atmosfera contaminada
de um hálito pestilento
e esgar hipócrita
se exige purificadora
descarga de autoclismo
que ponha cobro à calamidade.
Das Moscas
das moscas escorrem fluidos
para a praça onde
os putos andam de skate
e poisam de vez em quando
sobre
fardos de palha ruminados
e
armazenados
dentro de um esqueleto bovino apropriado
enquanto a Cinderela e o cocheiro conversam
procurando o sapato
e o príncipe
compondo a gravata encontra o sapo.
A Cinza
equilibrada maravilhosamente
durante o percurso do autocarro
firme na ponta do cigarro
incontrolável e fabulosa
porém
o sinal vermelho
o semáforo
a travagem a fundo
foram seus carrascos
e a cinza caiu simplesmente
no ombro de um passageiro
sem sorte
A Tristeza Grávida
A tristeza grávida de isolamento pinga no injurioso calhamaço
Lágrimas iluminadas
E estoira a catástrofe fantasiada de estilhaço
Desanca a adversidade de exorbitadas
Pressões esquartejadas
E na elegante estupidez do desprezo caiado pela maresia
Transforma-se manhosa discreta na traiçoeira euforia.
Para Ela
chovia bastante
quando apaixonado
me lembrei de ti
ansioso de ter
entre os meus braços
sob as palmeiras do nossos oásis
privado
no deserto do Gobi
os ciclones supostamente esclarecidos
remexem a dor da tua ausência com fúria
sem as tuas carícias assanhadas nos meus sonhos acendidos
e as chamas tocadas de saudade refugiam-se na lamúria
amor:
“tá” aqui de novo o longo adeus que não aceitaste
embora recuses eis o homem que abandonaste
te acenando com a paixão que mataste.