Poemas, frases e mensagens de Manuel Lucas

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Manuel Lucas

O Mar

 
O Mar
 
Quando estou triste e amargurado, vou ver o mar…
Sobre ele me debruço e me confesso, por ser o meu melhor confidente.
Fico demoradamente a contemplar esse mar imenso que me invade e refresca a alma…!
Suas ondas espumosas e ruidosas a meus pés vêm beijar, arrepiando-me com sua frescura que sobe, me estremece, arrefece e suaviza a tristeza da minha alma e causa-me energia positiva…
Fico a ver as ondas que se espraiam e humedece as areias da minha praia…! Trazem mensagens das suas profundezas, com restos mortais, trazidos e arrastados das mais longínquas correntes.
Oh! Mar azul cor do céu que te cobre, contigo fico mais seguro, porque me engrandeces, me enterneces, trazes a paz, com o teu dourado crepúsculo do pôr-do-sol.


Mlucas
 
O Mar

EU, E MEU CORPO

 
EU, E MEU CORPO

Levo comigo o meu corpo,
Como veículo da minha alma;
Dele cuido, para não ficar torto,
Como as linhas da minha palma.

Para que de suas vicissitudes não sofra,
Alimento-o da mais pura e positiva energia;
Oriento-o para que não padeça de anorexia,
De sufoco, de erosão, não envelheça.

Dele depende a minha sadia mente
Que o atrai e o leva ao êxtase do cume,
Onde se eleva pelo sopro, pelo lume.

Para no final dos seus sinuosos tempos,
Culminar nos seus ternos laços de amor,
Na vida divina, a desfalecer sem dor.

Manuel Lucas
 
EU, E MEU CORPO

MENINA DOS OLHOS AZUIS

 
Num dia de tarde muito bela
Vi uma menina no peitoril da janela,
E perguntei-lhe dum olhar extasiado:
Se não me dava seus lindos olhos,
Cor azul do céu, por eles maravilhado;
Pois, com tanta beleza espelhada,
A lua cairia a meus pés desmaiada.

Ora, a menina perplexa, nada disse…
Pediu ao espelho que desmentisse!...
Pois, não sabia que o azul do céu,
Nos seus olhos fosse um atraente ilhéu,
Onde seu sedutor pudesse se banhar,
E a seus deleitosos pés viesse beijar,
Para assim, minha inocência furtar.

Manuel Lucas
 
MENINA DOS OLHOS AZUIS

Mulher de tacão alto

 
Toda a mulher que passeia de tacão alto, aparenta ter mais altura, como também dá sinais de ter estreitos horizontes e baixeza de caracter.
 
Mulher de tacão alto

QUEM É DEUS?

 
QUEM É DEUS?
 
Deus é fonte de luz, o clarão que germina vida.
Deus está onde começa o infinito.
Deus é o mar, as religiões são os rios.
Deus é o artífice do perfeito e complexo, que é o ser vivo, que faz dele sua obra-prima, com todos os seus microrganismos a interagirem harmoniosamente, sendo a sua cabeça de inteligência divinal.
Deus emerge dos confins do universo, como um olho que difunde raios de luz e nos ilumina, transmite calor do seu amor, que é gerador de energia permanente.
Porém, tudo é mortal, menos a sua energia que habita em todos nós. Funde a lâmpada, outra renascerá, porque a mesma energia lhe garante a luz.

Manuel Lucas
 
QUEM É DEUS?

O amor

 
O amor é só e somente,
Uma chama ardente,
Que se sente;
No seu peito se inflama,
Crepita, pula, e se explana.

O amor é uma flor que se abre,
Que de nua, virgem inocente,
Cai rasgada, estendida, dorida,
De materna se faz florida.

O amor é a ternura da formosura
De uma estrela cadente,
Que paira leve, suavemente.

O amor é um delicioso poema,
Que pela sua essência perfumada,
Espalha pétalas à sua amada.
 
O amor

FÁTIMA

 
Para onde vais gente peregrina?...
Agora curvada, cabeça levantada,
Buscando a sedutora, branca luz,
Pelo caminho ardo da Cova de Iria,
Que outrora, era terra do nada,
E hoje, é lugar de vida sagrada.

No após guerra surgiu Maria
Com a graça de pomba branca
Desceu do céu à terra de Leiria,
Onde deixou mensagem franca:
Pela paz, pastorinhos terem de rezar
Afim da humanidade poder se salvar.

Surgiu ao entardecer à multidão,
Toda serena, plena de brancura.
Recebeu o Papa com doçura,
E espalhou seu olhar de ternura,
Aos peregrinos que lhe acenaram,
E com lenços brancos a saudaram.

Pela manhã, a esperada despedida,
Com cântico entoado d´Avé Maria,
Que a todos os peregrinos arrepia,
De rostos pasmados e encantados,
Despediram-se da Virgem fascinados,
Crentes de poderem ser abençoados.
Maio 2017
M. Lucas
 
FÁTIMA

Maio de 68

 
Primeiro fim-de-semana de Maio.
Uma gigantesca peregrinação a Chartres ganhou corpo, tal era o desejo de conquista objectiva de direitos humanos em toda a sua plenitude. O rosto de Cristo espelhava-se diante dos nossos olhares, desejosos de justiça social, fraternidade, igualdade e respeito pela ética humana. Éramos aproximadamente dez mil estudantes vindos de toda a parte, a convergir naquela majestosa cidade do centro da França; a sua Catedral erguida pelas suas duas enormes setas dirigidas para o céu e seu corpo vestido de esplendorosos vitrais, evidenciava toda a sua espiritualidade e seu regaço hospitaleiro.
A Gare Montparnasse era pequena demais, para tantos peregrinos, que rapidamente lotaram o longo comboio que nos transportara até à Gare de Gazeran. O segundo percurso, desta estação até Chartres, fazia-se caminhando e reflectindo sobre o tema: “Quem é Jesus Cristo?”. Havia crentes e agnósticos a interrogarem-se sobre aquele período muito controverso, com grandes contestações sociais, quase a fazer rebentar uma bomba atómica. Os pequenos núcleos de reflexão quase por unanimidade concluíram que, a existir entre nós Cristo em corpo vivo, teria sem compaixão vergastado todos os governantes responsáveis pela perversa sociedade em que vivíamos.

Passados oito dias sobre a peregrinação, a Universidade de Sorbonne era barricada com gritos de revolta contra todo o poder liderado por um imponente General De Gaule, que fez orelhas moucas a todas as revindicações estudantis. Dias depois, associou-se aos estudantes toda a classe operária que, apoiada pelos sindicatos, originou uma revolução a nível nacional de tal grandeza que o governo tomou uma posição de força.
Havia ruas de Paris, transformadas em terra batida com montes de paralelos emergidos por todo lado, carros em chamas, outros fumegantes de rodas viradas para o ar. Um cheiro a gás lacrimogéneo pairava por todo o “Quartier Latin”, de tal modo que ficava-se com a sensação de estar a ver uma cidade fantasma regressada aos tempos da segunda grande guerra.
Muitos dos manifestantes, incluindo-me, foram presos durante o período permitido de 24 horas. A revolução durou muitos dias, até o governo sucumbir. Sucedeu-se um ambiente de festa por se augurar nos nossos horizontes o sucesso das grandes conquistas. Por fim, o governo vergara-se à vontade popular.

Mlucas
 
Maio de 68

A vida

 
A vida é uma corrente sem fim que vai passando de átomo para átomo, deixando para sempre o seu rasto.

M. Lucas
 
A vida

A vida

 
A vida ganha asas,
A vida voa,
Como pena leve, levita;
Livremente, angelical,
Em suave viagem filosofal,
É pomba branca, Pai Natal.

Vida!...
Pétala caída,
Borboleta tonta,
Branca nuvem furtiva,
Gaivota no mar a planar,
Tudo isto é vida no ar.

Vida invisível, e eterna,
Cheia de pureza, na essência.
No estrelado universo,
É o farol da nossa existência.

A vida é efervescente
Ergue-se como balão de ar quente.
Evapora-se em magia divinal,
Desta húmida terra fria, e infernal.

Manuel Lucas
 
A vida

A MINHA MAIS LINDA FLOR

 
A MINHA MAIS LINDA FLOR
 
Tenho no meu belo jardim,
A mais linda, perfumada flor
Que só a mim, sedosa deseja,
E em seu redor, a todas inveja.

É um lindo sorriso de amor,
Que brilha de cintilante cor,
A fim de seu príncipe cativar,
P´ra sempre o seu lar perdurar.

Levada pelo vento da alegria
Espalha suas pétalas com magia,
Sobre o seu querido anjo protetor.

Assim adorada e muito amada,
Veste-se de aveludada fada,
Com sua varinha de condão.

Manuel Lucas
 
A MINHA MAIS LINDA FLOR

O MOBILIZADO

 
O MOBILIZADO
 
Foi numa tarde quente,
De Agosto que parti,
No mês que nasci,
De autocarro fretado,
Na minha companhia,
Viajei incorporado,
Contrariado,
Com destino a Lisboa,
P´ra beijar essa mulher fatal,
Que das colónias era capital.

De avião embarquei,
Com coração inocente,
E pensamento guerreiro,
Para outro continente,
De sol quente,
Que queima a mente,
Em Moçambique aterrei.

Com a arma ao peito,
Minha namorada no leito,
A fazer-me companhia;
De coração dorido, sentido,
Fui levado pelo dever,
De estar obrigado,
Às ordens do estado,
Que estava ausente,
Na linha da frente.

Assim, fui empurrado,
Pelos senhores da guerra,
A defender fortunas,
Das subterrâneas vidas,
Mal vividas,
Dessa gente tresloucada,
Que mandara defender
Terra vermelha e negra,
Da metrópole desirmanada.

Manuel Lucas
 
O MOBILIZADO

A GANÂNCIA

 
A sede de protagonismo é um vício,
Que leva o homem perto do precipício,
Por cintilante estrela que reluz dourada,
Em noite, de céu azul, muito estrelada.

Obcecado pelo ideal, sem nunca ceder,
Move-se de forças extremas pelo poder.
Alia-se a fortes movimentos subterrâneos
Que o elege à elite dos melhores crânios.

Para assim, ser nomeado ao mais alto cargo,
Sentar-se na mais faustosa cadeira do poder,
Alta e prestigiosa, com desafios de sabor amargo.

Sua cabeça gira no centro de um furacão,
Cheia de vertiginosas vaidades de pavão,
Bate asas no cimo escondido da ilusão.

Manuel Lucas
 
A GANÂNCIA

ISABEL CONDE FALECEU

 
Isabel Conde faleceu,

Seu corpo frio endureceu.

Às entranhas da terra mergulhou

Que o cobriu e ternamente abafou.



Como o corpo de uma semente,

Lançada à terra para morrer,

Deixou seus rebentos a nascer,

Como de seiva viva a crescer.



Assim sua vida se evapora,

Como incenso que levita,

Sobre nossas mentes paira,

Sopro de vida que gravita.



Nasceu e morreu

Sempre a dar sentido à vida.

Com esperança a tudo se deu,

Por amor à morte se fez vencida.

Manuel Lucas
 
ISABEL CONDE FALECEU

Mariza

 
 
MARIZA NO PAVILHÃO ROSA MOTA

Surgiste na penumbra do palco, esbelta, bela e triunfante!
Portadora de um tronco longo e delgado de mulher, coberto dum vestido preto que se alongava até aos pés; passeavas em palco toda a tua elegância.
Da sua garganta, irradiava uma voz cristalina que entoava por toda a vasta plateia. A sua musicalidade alternava entre sons, com gritos de dor e de um doce desvanecer, numa ondulada melodia. Era o seu fado, sentido e interpretado…!
Mariza quando dançava, sentia a leveza do seu corpo e voava até às nuvens, como um angélico anjo, uma borboleta inquieta.
Gostei de te ver dançar, quando cantavas " Mãe Preta". O teu corpo esguio, serpenteava por entre o teu longo vestido preto, onde apenas reluzia a tua redonda cabecinha de cabelo louro.
Obrigado Mariza, porque encantastes o teu público.
Parabéns.
Leva por muito tempo, ao mundo tua voz, para que contigo sinta o orgulho de ser português.

Mlucas
 
Mariza

O NEGRUME E A VIDA

 
O NEGRUME E A VIDA

Sinto dentro de mim a violência,
Que me encoraja a falar muito alto;
Essa, que é capaz despertar mentes,
Vinda das profundezas ardentes.

Esse trovão de Deus que afronta,
Poderosos movimentos ocultos;
Que de seu bafo, tudo amedronta,
E envenena seus miseres frutos.

Para assim, no meu sossego estimular,
No doce paladar de uma vida serena,
Sem ciúmes dos negrumes, agradar.

Quero respirar o ar puro do verde florir
Que para a vida se abre sempre a sorrir,
E no desprendimento voa para amar.

Manuel Lucas
 
O NEGRUME E A VIDA

Idade Dourada

 
No primeiro dia da primavera
Estavam seis putos da nova era,
Que com a ternura da sua idade,
Criavam um blog da universidade.

Todos, em frente de um computador,
Com os seus olhares fixos no monitor,
Divertiam-se com todo interesse,
Sem que nada os removesse.

Juntos, colocavam algumas questões,
A fim de dar arte às suas razões.
Nos seus horizontes havia de nascer
Um jardim para toda a gente ver.

Ao blog, um título tinham que lhe dar,
Como também um endereço criar.
Idade-dourada, foi o nome que se lhe deu.
Pelo consenso que o blog mereceu.

Assim, se abre uma página da madura idade.
Com amor, vai ficar para a posteridade.
Sendo certo, que vão sentir-se muito felizes
Por força das suas frutuosaa e nobres raízes

Mlucas
 
Idade Dourada

NA SALA DE ESPERA

 
Na SALA DE ESPERA

Que triste sina a minha
De estar preso à dor,
Gemer baixinho, devagarinho,
Neste manto de temor.

Aqui estou resignado,
Entregue ao meu pecado,
À espera dum doce olhar
Que me queira alegrar.

Dou brados aos céus,
Por este inferno na terra.
Estrebucho, rasgo o véu
E dorido, declaro guerra.

Neste longo mar de espera,
Há gente que desespera;
Com tanta incompreensão
Se morre de desilusão.

M. Lucas
 
NA SALA DE ESPERA

A minha existência

 
O mar existe porque existe a gota de água. Do mesmo modo o mundo existe porque eu existo.
 
A minha existência

O que importa é o dia de hoje

 
A cada dia o sol nos sorri…
Logo, abrimos a nossa janela,
Afim de que a alma singela se deslumbre.
Cada dia é uma felicidade,
Que faz esquecer o passado;
O que importa é o de hoje,
Porque ainda o estou a saborear...
O futuro é incerto;
Por ele não me apetece sonhar.

Manuel Lucas
 
O que importa é o dia de hoje