A MINHA MAIS LINDA FLOR
Tenho no meu belo jardim,
A mais linda, perfumada flor
Que só a mim, sedosa deseja,
E em seu redor, a todas inveja.
É um lindo sorriso de amor,
Que brilha de cintilante cor,
A fim de seu príncipe cativar,
P´ra sempre o seu lar perdurar.
Levada pelo vento da alegria
Espalha suas pétalas com magia,
Sobre o seu querido anjo protetor.
Assim adorada e muito amada,
Veste-se de aveludada fada,
Com sua varinha de condão.
Manuel Lucas
O MOBILIZADO
Foi numa tarde quente,
De Agosto que parti,
No mês que nasci,
De autocarro fretado,
Na minha companhia,
Viajei incorporado,
Contrariado,
Com destino a Lisboa,
P´ra beijar essa mulher fatal,
Que das colónias era capital.
De avião embarquei,
Com coração inocente,
E pensamento guerreiro,
Para outro continente,
De sol quente,
Que queima a mente,
Em Moçambique aterrei.
Com a arma ao peito,
Minha namorada no leito,
A fazer-me companhia;
De coração dorido, sentido,
Fui levado pelo dever,
De estar obrigado,
Às ordens do estado,
Que estava ausente,
Na linha da frente.
Assim, fui empurrado,
Pelos senhores da guerra,
A defender fortunas,
Das subterrâneas vidas,
Mal vividas,
Dessa gente tresloucada,
Que mandara defender
Terra vermelha e negra,
Da metrópole desirmanada.
Manuel Lucas
A GANÂNCIA
A sede de protagonismo é um vício,
Que leva o homem perto do precipício,
Por cintilante estrela que reluz dourada,
Em noite, de céu azul, muito estrelada.
Obcecado pelo ideal, sem nunca ceder,
Move-se de forças extremas pelo poder.
Alia-se a fortes movimentos subterrâneos
Que o elege à elite dos melhores crânios.
Para assim, ser nomeado ao mais alto cargo,
Sentar-se na mais faustosa cadeira do poder,
Alta e prestigiosa, com desafios de sabor amargo.
Sua cabeça gira no centro de um furacão,
Cheia de vertiginosas vaidades de pavão,
Bate asas no cimo escondido da ilusão.
Manuel Lucas
ISABEL CONDE FALECEU
Isabel Conde faleceu,
Seu corpo frio endureceu.
Às entranhas da terra mergulhou
Que o cobriu e ternamente abafou.
Como o corpo de uma semente,
Lançada à terra para morrer,
Deixou seus rebentos a nascer,
Como de seiva viva a crescer.
Assim sua vida se evapora,
Como incenso que levita,
Sobre nossas mentes paira,
Sopro de vida que gravita.
Nasceu e morreu
Sempre a dar sentido à vida.
Com esperança a tudo se deu,
Por amor à morte se fez vencida.
Manuel Lucas
Mariza
MARIZA NO PAVILHÃO ROSA MOTA
Surgiste na penumbra do palco, esbelta, bela e triunfante!
Portadora de um tronco longo e delgado de mulher, coberto dum vestido preto que se alongava até aos pés; passeavas em palco toda a tua elegância.
Da sua garganta, irradiava uma voz cristalina que entoava por toda a vasta plateia. A sua musicalidade alternava entre sons, com gritos de dor e de um doce desvanecer, numa ondulada melodia. Era o seu fado, sentido e interpretado…!
Mariza quando dançava, sentia a leveza do seu corpo e voava até às nuvens, como um angélico anjo, uma borboleta inquieta.
Gostei de te ver dançar, quando cantavas " Mãe Preta". O teu corpo esguio, serpenteava por entre o teu longo vestido preto, onde apenas reluzia a tua redonda cabecinha de cabelo louro.
Obrigado Mariza, porque encantastes o teu público.
Parabéns.
Leva por muito tempo, ao mundo tua voz, para que contigo sinta o orgulho de ser português.
Mlucas
O NEGRUME E A VIDA
O NEGRUME E A VIDA
Sinto dentro de mim a violência,
Que me encoraja a falar muito alto;
Essa, que é capaz despertar mentes,
Vinda das profundezas ardentes.
Esse trovão de Deus que afronta,
Poderosos movimentos ocultos;
Que de seu bafo, tudo amedronta,
E envenena seus miseres frutos.
Para assim, no meu sossego estimular,
No doce paladar de uma vida serena,
Sem ciúmes dos negrumes, agradar.
Quero respirar o ar puro do verde florir
Que para a vida se abre sempre a sorrir,
E no desprendimento voa para amar.
Manuel Lucas
Idade Dourada
No primeiro dia da primavera
Estavam seis putos da nova era,
Que com a ternura da sua idade,
Criavam um blog da universidade.
Todos, em frente de um computador,
Com os seus olhares fixos no monitor,
Divertiam-se com todo interesse,
Sem que nada os removesse.
Juntos, colocavam algumas questões,
A fim de dar arte às suas razões.
Nos seus horizontes havia de nascer
Um jardim para toda a gente ver.
Ao blog, um título tinham que lhe dar,
Como também um endereço criar.
Idade-dourada, foi o nome que se lhe deu.
Pelo consenso que o blog mereceu.
Assim, se abre uma página da madura idade.
Com amor, vai ficar para a posteridade.
Sendo certo, que vão sentir-se muito felizes
Por força das suas frutuosaa e nobres raízes
Mlucas
NA SALA DE ESPERA
Na SALA DE ESPERA
Que triste sina a minha
De estar preso à dor,
Gemer baixinho, devagarinho,
Neste manto de temor.
Aqui estou resignado,
Entregue ao meu pecado,
À espera dum doce olhar
Que me queira alegrar.
Dou brados aos céus,
Por este inferno na terra.
Estrebucho, rasgo o véu
E dorido, declaro guerra.
Neste longo mar de espera,
Há gente que desespera;
Com tanta incompreensão
Se morre de desilusão.
M. Lucas
A minha existência
O mar existe porque existe a gota de água. Do mesmo modo o mundo existe porque eu existo.
O que importa é o dia de hoje
A cada dia o sol nos sorri…
Logo, abrimos a nossa janela,
Afim de que a alma singela se deslumbre.
Cada dia é uma felicidade,
Que faz esquecer o passado;
O que importa é o de hoje,
Porque ainda o estou a saborear...
O futuro é incerto;
Por ele não me apetece sonhar.
Manuel Lucas