Saberás um dia a que vieste?
Sem saber de mim
deslizo pela correria do tempo
em passos lentos ….avanço agitada
ao encontro do amanha ….incerto
Saberás um dia a que vieste?
Desliza um brilho pelos meus olhos já baços
um brilho que encegueira quem dele duvida
poderás falar eloquentemente, em discurso
mas poderás ver-te, como puzzle da vida?
Saberás um dia a que vieste?
Na calada da noite adormeço
em contante insónia, permaneço
nem a quentura do teu olhar acalma
esta ânsia ansiosa de querer-te
Amanhece, igual a tantas outras manhãs
desliso por aí, onde permanece o brilho dos meus olhos
febrilmente permaneço, quieta
Será que hoje saberei ao que vim?
E tu, será que hoje também saberás se virás?
Escrito 27/04/23
Parabens Haeremai
Parabéns minha amiga, que este teu dia seja repleto de muita ternura, amigos e bués de poesia. Que a vida te dê um pouquinho daquilo que mais desejares, em azul.
Chegaste à Lusos em Setembro
trazias ainda o aroma da primavera
nas palavras a maresia do mar
nesse teu jeito único de dar
cativaste, poetas e poetisas
deste imenso mar literário
deste-nos algo único
o teu BEIJO AZUL
e a tua alma,
embebida
na ternura
dos teus versos
apesar dos temporais
das nuvens pardacentas
carentes de sol
Com a força da vontade
bradaste à vida,
num grito guerreiro
e venceste
a guerra da sobrevivência
com orgulho e humildade
permaneces neste mar revolto
envolta no respeito
e na ternura
de nós por ti
Tudo de bom para ti amiga… sempre
Obrigado por permaneceres
Na palma da minha mão
Na palma da minha mão
há o reflexo lapidado de um olhar,
desse olhar que se perde
no interstício da alma minha,
há um tudo e um nada, como a vida que desliza
na ponta da asa de uma gaivota cega
Na palma da minha mão
há um sonho, uma estrela dançante
num olhar gotejante
de corpúsculos cristalinos de sal,
torrente fluindo num pedaço de mar
do teu mar, pertinho de ti
Na palma da minha mão
tatuado a lume e lágrimas,
há um diamante, enobrecido pelo tempo
um tempo vão… forçado… o teu
Na palma de uma mão
na lonjura das vagas marinhas, sem nexo…
há um olhar vazio….. falho de algo...
de mim
Escrito a 31/05/10
Tempo vagabundo
Com a impotência algemada à alma
e as mãos calejadas de acariciar
o vazio do eco arquejante
lavro na pedra barrenta
do destino
um outro olhar,
um outro caminhar
Com a firmeza de um sem abrigo
semeio na alma as flores do desejo
desse desejo que me faz crente
e na berma da estrada
visto-me
dos minutos e das horas do tempo,
desse tempo
sem tempo p`ra mim
A impotência permanece
na ardência da alma nua
e num impulso de puro
atrevimento
exijo ao vagabundo do tempo
um milésimo de tempo
por fim
Escrito a 30/12/09
Como uma rosa Azul
Queria ser como a rosa azul
Viver meramente um dia
Ser a tua primavera, o teu Verão
O teu Outono, o teu Inverno
Sentir a fragrância da tua pele,
Tuas mãos docemente no meu rosto
Com a macieza das pétalas azuis.
Sentir o prazer de ser especial
Somente um dia, que importa
Como a rosa azul
Afogar a saudade no sabor do teu odor
Saciar o sonho perdido num olhar ardente
Mergulhar na limpidez orvalhada
Que afaga as tuas pétalas imortais
Diluir–me na imensurabilidade de ti
Um dia, uma vida, uma eternidade.
Morrer e renascer como a rosa azul
Escrito a 2/11/08
A minha ilha enlutada
O pranto ressoa na ilha enlutada
no enlameado das aguas em furor
jaz sem honra a beleza amortalhada
d´um exíguo paraíso outrora em flor
Suspende-se a vida em estupefacção
de um povo bravio, soterrado na dor
perdem-se vidas na estúpida tragédia
e ao olhar incrédulo … surpreendido
junta-se a agonia do futuro sem cor
Em momentos de autentico desalento,
alimentando-se da sua própria dor
cerram forte os punhos…. crentes
trajando a ilha de renovada cor
Num pranto incontido …sufocante
chora-se os corpos na morte perdidos
e murmura-se uma prece resignada
de um povo, unido na reconstrução.
Escrito a 22/02/10
Faço de ti “poesia”
Faço de ti “poesia”
o meu sustento
a minha crença do dia a dia
a minha arma, o meu lamento
o meu gemido, a minha fantasia
Faço de ti, o leito do meu sossego
o vento da minha tempestade
a seiva do meu carinho
no teu corpo versado
Faço de ti a taça de bom vinho
bebido no acto da embriaguez,
nas curvas do meu caminho,
no meu eterno destino
E lá, onde arde a desdita
faço de ti a minha guitarra,
a canção do meu bailado
o traje da minha memória
o meu destemido fado
Faço de ti “poesia”a minha saudade
a minha querença, a minha infinidade
Escrito a 2/08/10
...libertando as marcas da pele
Sangue ardente vertendo-se em cima do papel
os dedos tensos libertando as marcas da pele
e os lábios morrendo nas palavras ainda doces
fluindo por entre as rimas perdidas do verso
AH meu amor, tão mate é agora a cor do poema
nuas são as mãos que sustêm os resquícios
da tinta com que tinjo o peito e afogo o olhar
na longinquidade do mar onde me sepulto nua
E na boca do vento ainda gemem os sussurros
que a brisa suavemente lá deixou, delirante
em lábios feitos de instantes, adormeço no tempo
no tempo que teima a me abraçar, suculento
Escrito a 24/05/15
Aos pés do divino
O céu tombou sobre os nossos corpos
… despidos
As asas abriram-se em arco
engolindo a pele
… hirta
Profano o teu corpo num altar de prazeres
…faminta
E sucumbo ao peito
que me ofereces, aos pés do divino
18-11-15
… visto-me do avesso
Toco no reverso da alma,
visto-me do avesso e rio-me do tempo,
em gargalhadas cínicas, desafio-o
poderosa força avassalando a mente
numa brisa translucida que me cobre
ao de leve
e transporta-me
num adejar de asas febris
ao teu encontro despida
Escrito a 1/06/15