Poemas, frases e mensagens de Anjuh223

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Anjuh223

Enfrentar o Escuro.

 
Delinquente...
Ausente da minha razão,
Caminho sob gotas escorrendo
Saltam como suicidas do coração.

Correndo pela face,
Esses traços seguem distantes,
E se perdem bem perto de cada ilusão.

Ja sem perceber,
Eu vivo cativo,
Evito pensar no excesso,
Sinto o progresso da minha ausência,
Longe do reflexo,que desaparece no espaço.

E quando fiz de conta esquecer
Tudo o que fiz foi conservar no medo
Os ferros letais,os gritos imorais,as lâminas fatais.

Matei minha culpa,
Assassinei os versos confusos,
Despertei meu espirito primitivo,
Resolvi ao modo alegórico dos românticos.
 
Enfrentar o Escuro.

Exausto pela Cidade.

 
Respiro poeira,
Restos soltos do meu passado,
Colorindo caídos em repouso,
Pintam de cinza,construções desse mundo novo.

Pedaços mortais sussurram invisíveis,
Envoltos em luz solar se perdem entre fios de esquecimento.
Do asfalto erguem-se apertadas colunas humanas
Lembranças sensíveis no desenho das esquinas
No cimento,camadas de anarquia legalizada.

Metrópole,acelerada em progressão,
Geométrica,verticaliza nossa vertigem inspirada.
Céu pálido de nuvens inorgânicas e tóxicas.
Incenso inválido,poluindo nossa pátria industrial.

Monarcas nus caminham maquiados em preto e branco.
Se asfixiam no brilho nublado,
Vapor das escuras linhas de carvão amargo,
Estacionado num limite intuitivo...
Vejo o mundo do precipício agudo.

Os cantos que definem meu espaço sobrevivente se diluem,
Questiono essa paz de angustia nos olhares borrados,sonolentos.
E o eixo cresce em ascensão,
Os barracos marrons escorregam pelas laterais das extremidades geológicas.
Enfim passam os dias logicamente numerados pelo excesso
Pulsa alegre o sorriso do menino voando em seu quadrado.
Armado um menino protege sua revolta,
Sangue na sarjeta oferece calor aos corredores esquecidos.
Os dias passam,quando me encontro comigo...
Ferido,o dia segue sem outros ruídos.

Silêncio monótono que creio ser estéril...
 
Exausto pela Cidade.

Amando ao Avesso

 
Será que ela vai demorar muito?

Sinto vontade de gritar tudo em poucas palavras;antes dizer tudo assim...sem parecer fácil,mas também sem perder tempo com rodeios.

Agora não havia mais nada,modelava palavras coloridas com meu sorriso mais delirante,explicaria tudo desviando minha atenção do fato que teatro e ficção sempre fica coberto com um manto de faz-de-conta,sem remetente nem vestígios eu não espero que ela me ame mais por isso,nesse pedacinho de natureza humana que me sobra,construo uma certeza -não existem mentiras nos olhos de quem nos deseja de verdade-ela sabe disso!
Ela espera que no mínimo eu saiba dividir nossa vida em detalhes prazerosos de serem relembrados.

Misturei um pouco de prosa nisso,será seco demais não querer fingir um orgasmo ao abrir a boca?
Ela era a ultima coisa...coisa?Já a trato sem nome ou caráter...passou a ser simplesmente mais uma coisa no meu retrato de cabeceira.Tínhamos o habito de inventar paixões platônicas por nossos brinquedos.

Entrava aos poucos quando já era tarde da noite,ela sabia que meu sono era leve,mas ainda assim tinha coragem de insistir,sua prova de amor com aquela dose de desafio que ela adorava encontrar em tudo,entrar calada querendo não me despertar.Me despertou para tantas coisas...a ultima que deveria se sentir culpada era por me acordar a noite.

Parece que ouvi passos lá fora,tentava caminhar sussurrando;a ansiedade provoca todo tipo de ruído e nosso coração tira o volume das coisas reais e tudo fica colorido de ilusões;na verdade...ainda não existe nada,melhor ir me deitar,quando estou na cama essa angustia sufoca tanto que sou capaz de crer que o tempo parou e resiste em me torturar,com essa vontade de encontrar o certo ou o errado escrito matematicamente nas linhas paralelas do meu juizo,amanhã...o melhor é que amanhã eu diga isso a ela.

A cama esta fria,os lençois tocam minha pele e eu lhes peço conforto,peço silencio,mas aquele perfume de tecido lavado me faz pensar em tantas coisas...me distrai bastante,então sinto minhas mãos mornas correrem por meu corpo,minha mão entra de cúmplice com a imaginação para mudar meu foco de lugar,tento reconhecer meu cabelo,encontrar novas coisas nos meus cantos e dobras,aos poucos vou mergulhando naquelas luzinhas que ficam passando la fora,parece que o tempo esta claro,nem saberia dizer quando o dia começa de verdade,quando amanhece...

Novamente ouço aqueles passos,mas eles acontecem dentro de mim,eles caminham tortos por minhas coxas, meus dedos caindo em meus labios e vejo aquela aliança que manteve ela aqui junto de mim enquanto eu estava me preocupando com o horário,no meu jeito de levar essa relação por esse tempo todo.

Meu suspiro ergue meu joelho para o lado,vou me deitar de costas para a porta...não quero imaginar como seria tentar acordar com o susto de vê-La entrar.nesse impulso de dizer coisas que na verdade seriam melhor...calar?fingir que não aconteceu vai ser pior.

Preciso relaxar,já esta doendo de verdade isso dentro de mim,eu permiti acontecer,cheguei até aqui,implorei para ser verdade,ser sincero o que sentia;não significa que não foi de verdade,apenas surgiu na mesma onda engolida pelo oceano.Água,eu levanto meio que escorrendo pelos cantos,vou tentar mergulhar numa chuva morna,naquele lugar que amei em tantos sentidos,posições,em tantas ocasiões temperadas de pecado e insinuação.

Tirar a roupa ganhou um sentido teatral,fazer assim por necessidade não tem sabor,isso me decepciona por poder esperar mais um pouco por aquelas mãos que me conheciam,aqueles braços do elemento “erótico”,sempre me chamava de anjo,dizia que minhas asas estavam escondidas nos cachos pintados,ela nunca teve medo de esfregar minhas costas,costurava suas unhas com sabão e língua em mim,enquanto tentava arrancar aquela pureza implícita nos nossos lábios.

O espelho do armário estava embaraçado,mas eu vi seu vulto passar sem prestar atenção em nada;se estivesse morta no banheiro,ali permaneceria,pois não recebi aquele boa noite medido em notas cintilantes.

Estávamos somadas no espelho,mais um pouco,mais um pouco eu teria saído dali nua e ditado imperativa meu ódio disso ser somente um detalhe,quero desaparecer da minha vida inteira.

O vapor estava na casa toda,fervia pelas portas,aquecia a cozinha e preenchia meu espaço de neblina com aromas de pele.

Tudo o que desejamos determinar,acontece quando não temos respostas ,nem disposição para esclarecer tudo facilmente.

Sai,sentei-me desconfortável no sofá,ela sabia que aquele olhar não tinha malicia,não havia desejo para me despir,era serio o que estava dentro de mim,era por conta propria,um total de respostas e perguntas nascendo repentinamente.

Ela me olhou,desviou o olhar e guiou minha atenção para um embrulho dourado ao lado da porta; tinha aquela rara mania de me surpreender.

Eu nem quis quebrar o encanto que se elevou no ar,estava morrendo;de alegria,de medo,de angustia,de ansiedade,de tantos súbitos estados de espírito.
Disse enfim:
-Estou grávida!
O embrulhou?ela trouxe um coelhinho de pelúcia;o presente foi uma surpresa.Ambos os presentes.
 
Amando ao Avesso

Madrid

 
Lhe pediria os documentos se não me fosse pertinente ver aquela criança se passando por mulher.Estampado nos extremos da face,marcas saturadas de rosa opaco,as pálpebras borradas de azul e dourado denunciava sua falta de pratica,mas mostrava criativo empenho em cultivar uma personalidade,sua maquiagem dava uma noção de cortesã recém aceita ao labor do oficio.

Entrou no ateliê pacifica e muda,demonstrava ter costume ao freqüentar tais espaços,sem ao menos nunca ter conhecido as estações onde transmuto os cogitares,triunfante,creio eu,em não demonstrar medo nem ansiedade nenhuma,cruzou o piso descalça,deixando aos pés do cavalete suas sandálias empoeiradas

Movia-se num vestido curto onde se exibia as covinhas da nádega exposta,um tecido acetinado envolvia sua derme macia,transpirava um cheiro de suor feminino,tão perfumado,harmônico,vivíamos uma semana onde o vapor flutuava pelas vias estreitas,as janelas vulneráveis não eram capazes de alterar em nada a temperatura,quando muito eram lentes para movimentar as claras influencias do dia.

Os botões da roupa serviam de eixo simétrico,criando um equilíbrio sobre ela.Quase nenhuma forma era suficientemente objetiva naquilo que sua postura interpretava,me transmitia impressão dela ser revestida de cobre,pela refinada essência que sua pele destacava,seus olhares como um abismo sensual,negro com rara aparência de turmalina,traços rústicos velava seus olhos,sobrancelhas largas e escuras seguindo a curvatura da face,se favorecia da luz refletida pelo espelho,seus cachos formados na ponta das ondas de cor de sépia,alem dos fios desalinhados caindo sobre seu rosto quando sorria impaciente.

Os metais lhe pesavam como enfeites excedendo o necessário,era um espetáculo ficar sentado vendo seu empenho em parecer natural,descosturar as emoções das tramas de pensamentos cadentes,conclui ser um crime assaltar aquela criança,roubar sua imagem para servir de fuga cotidiana para algum burguês afeminado.

Enquanto lia seus movimentos ela permanecia fechada em suas concepções,acredito que via em mim um monstro,excluído do senso comum,um marginal envelhecido que se usa dos quadros para ter meninotas desfilando nuas pela casa,era um desconhecido perante quem ela revelaria suas intimas posses...voltei a me questionar,quantos anos ela teria?

Quando muito,uns dezesseis ou dezessete anos,qualquer uma dessas cabrochas são frágeis enfeites de parede nos meus retratos,figuras que sustentam minhas necessidades primarias,necessidades literais demais para me manchar com suas menarcas.

Todas tinham seus motivos para pousar...filhos,família,contas...um fator comum a tudo é o dinheiro.

Poder ficar ali imóvel,estática,ainda nesse tédio penitente arrecadar uma prenda,mas arte não se faz com imagens sem espírito,sem personalidade,idéias que não podem passar despercebidas.

Notei que seus olhos curiosos visualizavam tudo ao seu redor como tentando descobrir em que prato seria servida,inebriada pelos odores das tintas,dos solventes e secantes,mesmo o ar marcado pela fumaça do meu cigarro cortava entre um trago e outro aspectos exatos daqueles aromas.

Suportou num olhar turvo aquela aguá destilada,engolia mantendo vivo meu interesse em sua atuação,rubra ao paladar forte do destilado germânico, umideceu apenas a boca,num gole tímido os passos lentos iam morrendo,assassinei sua sóbria natureza infantil.
No segundo gole de vodka,já planava pelo espaço com lábios vertidos em rosa mais pálido,enfim...estava pronta para a peça.
 
Madrid

Ensina-me o amor inverso.

 
Não me fale de amor
Quero o silencio das flores a me perfumar
Ser minha cor preferida nesse labirinto de gostos
Ser oposto dessa dor que cativa.

Não me ame por favor
Lhe farei gemer pela dor dos espinhos em minha fala
Pelo falo primitivo que fere sua alma
Entrarei contagioso e mortal em seu destino

Tens coragem em assistir meus crimes?
Fica embriagada de planos de me converter
Fazer desse meu atalho para o louvor do prazer
Ópio e lucidez na sua vertigem.

Me deixe no escuro
Nesse mundo puro das criações platônicas
Do incesto com minha fêmea atônita de pudores
Dos rumores que ficam na trilha do destino.

Ensina-me o versos românticos
Da semântica desenhada com letras finas
Curvas e inclinação para verbos inquietos
Finalmente compostos por orações intransitivas.
 
Ensina-me o amor inverso.

Fuga na Escrita

 
Notas Passadas
Uma nota exalada de vida
Uma vida exilada de amores

Uma fuga nas linhas escritas sem repetir os verbos imperativos
Sem prender nos lábios os nomes vazios

As lembranças imaginadas dos sonhos impossíveis
Das fantasias guardadas em baús invisíveis
Sois poeta,digna de ser recitada
Sois poema escrito sobre laços de vida e perfume
Semente lançada no vento
Ventre sussurrante de palavras em segredo!
 
Fuga na Escrita

Infância em tons de Saudade

 
Estava me lembrando do meu primeiro amor.
Aconteceu quando essa palavra nem vazia parte do meu vocabulario
Veio disfarçado entre detalhes
Uma sensação que apenas hoje(18 anos depois...),trouxe alguma saudade
Era mais do que eu poderia querer hoje em dia
Daqueles pés que roçavam o meu,por baixo da mesa do refeitorio
Ou aqueles sorrisos timidos,aquela alegria sussurrada em segredo...
Ela tinha um coração muito fragil...
E falo isso na mais real alegoria,
Um coração que a tirava toda semana da escola
E que por qualquer motivo desconhecido tirou ela do mundo
"No universo nada se perde,tudo se transforma..."
E cada pequeno detalhe que consigo lembrar vai se encaixando
Pouco a pouco me sinto menos impaciente
Menos ansioso para desvendar o que fez essa viagem ao passado mexer comigo
Eu que atravesso o abismo da loucura sobre um fio de realidade vazia
Fico tentando depositar nesse fantasma,um sorriso vivo
Insisto em transmutar solidão em arte
Em aplaudir meu inferno com pecados imorais
Faço qualquer bobagem para esquecer da minha mascara,
Mas quando se acende a luz dos holofortes,descubro que estou só
E cada parede começa a se mover,me asfixia esse excesso de espaço...

Quando desperto
Estou com a pele suada
Os olhos perdidos
E minha respiração fica vibrada no ar sem resposta ...

Os sonhos iluminados de uma inocência que perdi.
Pesadelos que somei ao seu olhar.
Esses pequenos detalhes que disfarço para não parecer amor sincero,mas na minha timidez é uma paixão com certeza.
E passo a procurar mais disso que ficou abrigado
No escuro do passado deixei minha melhor amiga
Uma menina colorida de desejos
Como saber que seria forte assim?
O suficiente para eu querer até o fim
Crer nesse encanto de uma magia infantil
De festas decoradas com fantasmas
Que me assombram com aquele sorriso delinquente
Aquela franja,boneca viva de cores rubras.

Se encontrar uma dama
Com esse sotaque de mulher vestida sem pudor
Mas com sentimentos coerentes,coração prudente e corrigido pela virgula de sua timidez.
Uma vontade de povoar minha razão diluída
Ser vestida dessa alegria de uma pessoa perdida.
Mas seja uma nova impressão em minha pele
E toque nos espaços perdidos que aquelas mãos não conheceram.
Será assim a autentica namorada que pedi ao meu tédio santo.
 
Infância em tons de Saudade

Embriagada

 
Nós estávamos sendo observados pela janela
A rua parou e os vizinhos indiscretos parados atrás de suas sombras
Cada qual suspeitava de alguma idéia ridícula
Sua saia curta estava toda amassada.
A blusa molhada deixou mais intensa sua falta de censura
Ria indiscreta e embriagada pela via
Embaralhava pés e calçada
Sua pele salgada já perdia as cores sadias
E cantava como quem não sente vergonha
Mas já era tarde e incomodava quem dormia
Bailando solta não conhecia espaço nem gente
Cada gole da sua angustia diluída dentro da mente
Anestesiada não havia historia para contar
Estado passado e futuro incoerente
Os dedos frágeis e dormente
Saudava os gatos com nobre pureza
Acenava para o nada e caminhava se guiando pelas estrelas
Mas era tarde,ninguém ligava para o espaço
Ao longe os pontos de luz corriam de um lado para o outro
O vento atravessava frio seus joelhos
Reflexos humanos fugiam pelas paredes
Não queria escadas,não sabia a altura dos passos
Nada de conforto e o que era riso a noite apagou
O silencio era a banda da sua voz alegre
O vazio era o palco da sua historia presente
Havia portas em cada casa,havia tantas moradas para entender onde estar
Tempo para modelar uma lembrança
Onde te deixei?
 
Embriagada

EGO

 
Cadeias de homens assitem de pé a queda de um imperio...
Vem torres fulmidas cairem sobre seus sonhos
Assistem eretos,eternas batalhas astrais
Mundo alterando ao vão de instantes
Dores
Aflições
Noturnos erros e cadeias de cavaleiros,herdeiros
Vitais
Mortais sem humanidade
Definida
Declina seus casuais crimes
Imite-me
Caia em contradição
Tradição vã de ditaduras jamais profanadas
Arquiteturas imperiais
Anais do caos
Anal
Mundo desconstruido...
 
EGO

Entregue nas Curvas

 
Agradeço pelo tempo
Que passamos juntos, até senti felicidade em nós
Vivi um sonho delirante
Passei instantes de total proximidade
Mas toda onda quando passa
Leva várias coisas soltas
Arrasta pedaços leves da nossa individualidade
Esquece o espaço e vai carregando
Sutil embaraça e esconde
Em constantes abraços
As ondas enterram os barcos
Engolem os rastros perdidos
E vai assim o tempo afogado
Inquieto e sem ar me fazendo misturar
Lembranças,passado e tristeza
Na beira entregue nas pessoas
Como beijos frios
Que me amam no fracasso.
 
Entregue nas Curvas