Bela Floresta
Bela Floresta
Floresta antiga e mágica
Em meio às montanhas está dormindo
Escondida pela névoa, cada vez mais está indo
Do mundo real.
Logo ela só existirá
Em lendas de dias passados.
Floresta que dos Deuses
É o jardim encantado.
Floresta silenciosa
Em que país está perdida?
Deixou este mundo para sempre
E triste foi a despedida.
Tão majestosa
Em seus lagos encantados
No sagrado recanto.
É um sonho distante,
Agora tão longe da humanidade.
Bela Floresta
Maior que o medo é a saudade.
A Morte de Um Anjo
A Morte de Um Anjo
Nada pode ser tão terrível como a morte de uma criança. Ainda mais quando esta criança é acusada e condenada por um crime que não cometeu.
Todas as crianças da minha aldeia foram sacrificadas, acusadas de bruxaria. Eu não sei o que elas fizeram. Acho que não fizeram nada. Eu não acredito nisto, acho que é uma acusação injusta.
Muitos adultos também morreram. Perderam suas vidas em uma fogueira incandescente. Seres humanos sendo queimados vivos, como se fossem nada.
Meus dois bebês morreram, foram levados de casa para a prisão. Eu implorei para ir com eles. Mas não quiseram deixar.
Em sonho meu espírito foi até o lugar onde eles estavam. Acho que o meu desespero levou-me até eles. Vi meus filhos e outras muitas crianças acorrentadas em uma cela escura, um lugar que parecia uma caverna. O lugar era cheio de bichos, ratos, baratas, aranhas e outras coisas horríveis.
Eu vi Allegra Lillith se debater nas correntes tentando se libertar dos bichos, que subiam por seu corpo, andavam por seu cabelo. Em meu desespero eu tentei ajuda-la, mas não pude fazer nada, pois não tinha corpo.
Acho que ela também me viu. Só me lembro dela estendendo-me os bracinhos e gritando:
- Papai!Por favor, venha!
Acordei com seus gritos. Estava deitado em minha cama. Olhei para um
lado e para outro e não mais os vi.
Lembro-me de Constantino. Estava caído a um canto chorando baixinho. Seu corpinho frágil parecia sumir entre correntes enormes. Estava tão fraco, parecia estar morrendo. Ele abriu os olhinhos e sorriu para mim. Por um instante eu pude ouvir os seus pensamentos. Ele achou que eu houvesse ido buscá-lo. Depois deve ter pensado ter sido apenas um sonho.
Durante vários dias eu implorei para ficar preso no lugar de meus filhos. Se alguém deveria ser condenado, que fosse eu que sou adulto e tenho muitos pecados. Eles são apenas crianças.
Mas ninguém quis ouvir-me. Sequer me deram atenção.
Até que chegou o dia do julgamento.
Uma noite antes, novamente tive o mesmo sonho, acho que meu espírito foi até o lugar onde meus filhos estavam.
Nunca senti tanto ódio na vida. No lugar de meu coração parece que havia uma pedra. Sentia um peso enorme no peito, algo muito estranho.
Eu sabia que eles não seriam condenados, lógico que não. Seriam julgados inocentes de acusação tão absurda e no dia seguinte teria meus filhos novamente nos meus braços.
Fui andando na direção das crianças. Pareciam dormir, ninguém fazia um movimento sequer. Mas tive a impressão de ouvi-las chamando meu nome.
- Constantino, por favor...
Mas suas vozes eram abafadas, distantes, embora eles estivessem à minha frente. Ann Marie gesticulava e eu via sua boca se mexer. Ela tentava me contar algo, mas não sei por que, não pude ouvir o que ela dizia.
Avistei Lillith entre eles, is estender a mão para tocar sua cabecinha, eu tinha esperança que esta seria a última noite que ela passaria ali.
Neste momento ela se virou para mim. Na escuridão daquele lugar eu vi seus grandes olhos verdes olhando-me das trevas.
Mas ela tinha algo estranho no rosto. Como se um pedaço grande de pele tivesse sido arrancado do lado esquerdo de seu rosto, uma ferida enorme ia da boca até a orelha. Dava até para ver seus dentes. Por isto os animais estavam subindo nela. Um rato enorme estava comendo sua carne e a ferida aumentava cada vez mais. Ela agora não mais gritava. Só seus olhos me encaravam da escuridão.
- Lillith!
Acordei com meu próprio grito. Levantei-me para beber água. Sentia uma sede insuportável. Ela estava com sede, muita sede. Vi isso em seus olhos, embora ela não tenha falado nada. Nem precisava, pois minha alma sente.
Lá fora já apareciam os primeiros raios do dia. Sentia uma dormência estranha no corpo, por um momento, tive a impressão de sentir alguém me observando lá de fora. Alguém a me vigiar de um ponto da floresta, ao longe. Pensei ser só impressão e esqueci o caso.
E aquilo no rosto do meu bebê? Será que ela estava tão machucada assim? Não, isto deve ter sido só um sonho.
Mas fosse como fosse, tinha certeza que este seria o último dia de meus filhos naquela prisão. No máximo hoje à noite eles estariam comigo em minha casa.
Para sempre.
Eles morreram na noite seguinte. Catorze crianças foram enforcadas na praça da cidade. Incluindo meus dois bebês. Somente Ann Marie foi queimada, porque havia sido descoberto um baralho de cartas de tarô entre seus pertences. Tinha oito anos, e foi acusada de invocar espíritos das trevas usando aquele baralho.
Era isto que ela tentava me dizer, que era inocente...
Carta de Um Suicida
Carta de Um Suicida
Dedicado à memória de Custódio
“Ela se foi esta tarde
Pelas minha mãos
Ela se acabou.
Meus dedos em seu pescoço
Sua vida em minha mão
E o que eu fiz com ela?
Por uma mentira, por uma trapaça
Quem eu mais adoro sofreu tanto.
O ciúme me fez fazer isso, porque eu a amava.
Por uma mentira, por uma trapaça
Eu acreditei que ela me traiu.
Na escola vazia,
No lugar escuro ela está dormindo
Alguém a encontrará
Mais eu não estarei mais aqui.
Eu quero morrer,
Meu coração está cheio de tristeza.
Minha amada me perdoe
Agora eu irei para junto de você.
Meu corpo está arrebentado no chão
Pela queda de tão alto.
Meus pulsos estão sangrando.
Eu estarei com você em breve ...”
O Jardim da Dor
O Jardim da Dor
(Allegra Lillith)
Meu amor é como rosa desfolhada
Que sofre e padece e chora de amargor.
Meu coração foi crucificado em espinhos
Rosa vermelha caíram suas pétalas, no jardim da dor.
As rosas murchas caem
No pálido entardecer
E no jardim desolado
Só o sol a nos aquecer.
http://allegralillith.net
Tristes Tardes de Inverno
Tristes Tardes de Inverno
(Allegra Lillith)
Minhas únicas amigas eram vivas,
Belas e vistosas
Com o calor amigo do Sol
Cresceram felizes e amorosas.
Flores vermelhas, amarelas e azuis
Que cresceram, e murcharam
À sombra daqueles
Que talvez nunca a amaram.
Eu estou neste jardim a esperar
Eternamente por alguém que não virá
Que ao meu lado
Nunca estará.
Eu morri com estas flores
E minha alma está murchando
Sozinha, ouvindo os ecos do mundo
Mas meus olhos ainda estão chorando.
As Flores
As Flores
Meu amado esta noite
Lembrou-se de mim
E me trouxe lindos presentes,
Belas rosas e jasmins.
De manhã em minha janela
Uma surpresa tão perfumada!
Ele novamente desejava ver
O sorriso da sua amada.
Estas flores
Em seu túmulo deixaram.
Uma prova da saudade
Daqueles que o amaram.
Mas saudade ainda maior
Ele sente por sua amada.
A saudade, a triste melodia
Quando ouvida fere tanto! Que desalmada!
“... Então beije estas flores como se fossem meus lábios,
O seu beijo ameniza a dor das minhas feridas.
Será que o amor de verdade
Está na morte, e não na vida? ...”
1999
A Última Noite Triste
A Última Noite Triste
O sangue goteja de seus pulsos
Tão quente e vermelho,
As gotas de sangue escorrem
Tão vivas no espelho
Que nem parece que a dona dele
Está morrendo.
Sozinha em seu quarto,
Ninguém percebe que ela está sofrendo.
O único olhar de consolo
É o do seu gato fiel
Que em silêncio chora e reza
Para que ela vá para o Céu.
Na casa as pessoas andam
Conversam, riem e assistem televisão
E depois que ela morrer
Fácil a esquecerão.
A única lembrança querida
Serão daqueles olhinhos
Do seu querido amigo,
O seu gatinho.
O espelho chora lágrimas de sangue
E ela vai adormecendo
Está tudo tão longe,
Devagar escurecendo
E ficando tão silencioso ...
O mundo é agora um lugar distante.
Quando amanhã a encontrarem
Não adiantará mais, estará tudo perdido
E as lágrimas deles de nada mais valem.
2003
Estes versos fazem parte de meu livro "Poesias", http://www.biblioteca24x7.com.br
Distante Lembrança
Distante Lembrança
No escuro do meu quarto
Eu vejo um olhar distante
A penumbra não é o bastante
Para ocultar o seu rosto lindo.
O medo da morte foi embora
Com o conforto da sua voz.
Mas um vento forte passa
E eu estou completamente só.
No frio da noite agora
Eu estou sozinha.
Aquela era a voz do meu amado
Cantando uma musiquinha
Para me fazer companhia.
Era só uma leve brisa
Do que foi a sua beleza
Que agora dorme,
Oculta sob a pedra lisa.
Era só uma sombra
De alguém que foi embora
Para sempre.