Poemas, frases e mensagens de ERIKO ALVYM

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de ERIKO ALVYM

SOU APENAS UM HOMEM APAIXONADO

 
A minha saudade é uma voz tão cheia de cor,
que eu moro dentro de uma aquarela
pincelada de emoção

Não importa o caminho, n'algibeira
carrego anjos de vento contornados de fogo
cuja missão é contar a história do meu amor
inventando mundos por ti

No rodeio do Boitatá
as árvores liberam melodia e sonho
porque você dança nua sobre o lago
aonde a Vitória-Régia se abre
pelo teu sexo que insuma a flora
de mel orvalhado

A formiga urra o suficiente
p'ra estrela cadente virar um anjo de pedra
e eu vago, maltrapilho, pois já não tenho loucuras
que venda no mercado espiritual,
sou apenas um homem apaixonado
cantando o amor pelo luar sonoro

E este amor,
é só o que te posso ofertar,
meu único palácio é a Natureza
e a riqueza sob meus pés
é o céu profundo aonde o Poder
é o Amor da minha alma máscula por ti
 
SOU APENAS UM HOMEM APAIXONADO

O CRENTE PUTRIFICADO

 
Aí a Máfia me achou,
um cadáver esverdeado, cabelos confundidos com o lodo,
a única coisa que me faz viver é a esperança da morte, eu dizia.
Sou dos mortos o que jamais viveu
o que teimou ao sofrer o aborto que viver é uma vingança
e vivendo sentiria a morte vazar nos poros.
E então resolví que seria assustador
e que o meu vocabulário um diário
de grosserias e insultos
e o meu batismo o afogamento
quando resistir se tornasse impossível
e o impossível foi sempre o meu ponto final só qu'eu nunca cheguei.

Sou o que decidiu que se o amor não é p'ra mim serei então meu
próprio amante e se o premio pela devassidão é o desprezo
que seja este minha aura. Não posso censurar aos que me
chocam pois eu mesmo tenho me tornado pavoroso. E
tenho como preferências as humilhações e o sofrimento
dos sexo pago com a alma.

Às suas costas eu ficarei sempre na frustração do olhar
e os teus passos ecoam dentro de mim com uma
eternidade de pés num beco molhado. Sinto que a claridade
me é proibida é um veneno que revela minhas feridas, a mim
foi decretada a escuridão p'ra que os sentidos explodam,
deles surgirão auroras alucinadas quando você surgir, auroras
tornadas sepulturas celestiais quando você sumir levando os sóis.

Sei que o mundo é uma sombra costurada entre carniças
e a incapacidade não é apenas um delírio apagado-Meu
a distância é um monumento ao impossível
o céu me deprime

Eu sou o imundo que atazana a população, nas ruas
a sujeira é meu disfarce
jamais ajudei alguém mas exijo ajuda de todos.
Irmão! Irmão! Irmão! Irmão! a religião é um suicídio
e o morto vaza o veneno pelo sexo como uma
menstruação andrógina liberando sentimentos.
Ô! égua de ouro das ancas de fogo
não acredite no que diz a religião ela é a traição
dos desgraçados, falsa mão estendida aos que estão se afogando
quando os salva-vidas dançam loucamente sobre a praia cheia de
covas carnavalescas como o julgamento dos fracos
 
O CRENTE PUTRIFICADO

COSMOLADRÃO

 
O anjo enroscado no galho da árvore
vocifera brotado de flores e legumes
pelo corpo andrógino de tão combalido

Como a rosa de todos os pecados
aliso o sexo sobre tua foto
ao teu nome os céus permitem
as devassidões mais originais
públicas
porque minhas
sou um homem brutal
espancados verbo e ilusão
reintegrado ao mito,
e se desembainho a lágrima
sideral
é porque nenhum caminho
limitou a minha fúria,
apenas cabe a mim lembrar
estou vivo antes do percebido
imigrante do amor vidente
porque só o teu ventre
me conteve
e desde que me lambuzei
na vertigem do possuir-te minha como saciada
sou teu como o pássaro alucinógeno do sonhar amanheceres
cosmoladrão
como um anjo roubando néctar
do beija-flor
amante porém conspirador
 
COSMOLADRÃO

QUANDO VOCÊ ABRE as PERNAS

 
o cavalo eu trago no meio das coxas
e levanta asas quando você monta
estátuas hipnóticas gramofonam poxas
e os cupidos caralhuam raves êxtases nas grotas

bruxuleio seu andar no deleite da boceta
rockários tinturelam guardanapos
e o resultado é um zé pouco carioca brincando de sambeta
porque os bandeirantes no recreio tiram da lancheira o mais dos sapos

a poção mágica eu bebo - olhando seus olhos - no café expresso,
eu finjo de bravo porque tenho medo de ser menos tigre
todo o meu amor é para ser entregue a você, confesso,
eu invento palavras p'ra chamar sua atenção armando o calibre

cada foto que estou ao seu lado faz prova judicial
de que a felicidade existe, e eu que sempre gostei de ser marginal
canto o amor porque sei como é lindo o seu coração uma estrela
eu atravesso o país gritando o seu nome na cor da aurora mais bela

eu só penso em você, sua pele dá cor à minha alma
e eu que dançava no meio fio das sombras
tiro do primeiro raio do sol um pote de ouro e na calma
do sonho que inventou você de tão linda mastigo as gomas

da tangerina que me perfuma a tara quando você abre as pernas
 
QUANDO VOCÊ ABRE as PERNAS

NO TEU JEITO SOU um MENINO

 
Meu amor
nem a noite escura
nem a rosa perfeita
são verdadeiras
como o meu amor
como o meu amor
por você, em você.

Só você, meu amor
tem o dom de fazer
do minuto uma canção,
só você meu amor
tem a chave dos segredos,
presenteia brilho na areia,
no teu jeito sou um menino que passeia.

Meu amor,
nem a noite escura
nem a rosa perfeita
fazem de mim um homem
completo só você,
só você tem a receita
da felicidade,
só você apaga o sonho
e faz do homem, verdade.
 
NO TEU JEITO SOU um MENINO

ÁLGEBRA no OLHAR

 
Peço perdão, principalmente,
pelos versos mal feitos,
por tanta coisa sem jeito
que sequer eu sei falar

Peço um perdão sem nexo
pelas rimas fáceis e a voz frouxa,
melhor seria lavar a louça
se o navio fosse ao mar

Trago em mim uma pobreza
expressa em fogo
pela álgebra no olhar
e a certeza louca

de que p'ra sempre vou Te Amar

Um Amar de alma entregue
no coração, um Amar tão nomeado
de ser unicamente teu,
que aonde há caminho pinto jardins

p'ra te bater na porta com a rosa
da minha vida na sua mão
 
ÁLGEBRA no OLHAR

MEU CORAÇÃO É UMA ESPADA

 
Olho a cidade da minha varanda
e o caos parece um bicho bonito,
nem reza de padre velho adianta,
na mão afago o pássaro de coração aflito
e desperta a pergunta: eu morri dos sonhos de menino,
o que resta se eu vivo apenas no desatino?

Carros falam a mesma linguagem dos corpos malhados,
não, eu não sou contra o conforto e a beleza,
vivo o Amor nas fantasias mais loucas porque o estado
da insensatez recupera mais do que o brio a certeza:
a revolta é uma conquista na alma do sábio,
o imbecil prefere se corromper mudando o vestuário

É hora de ser extraterreno - como escutar gente drogada
e ladrões de infância? como acreditar na fada
se a magia é desordem e gargalha o embuste?
sombras no muro antecipam o fim, não se assuste,
de cavalo branco seriamos presas fáceis,
pelo submundo encontramos solidariedade e pão com os miseráveis
´
Muito além dos bancos e dos impérios - a dúvida:
qual o enigma no traçado do sorriso chinês?
prefiro a companhia do louco e do ladrão à morte súbita
de uma religião que promete em nome de um deus que nunca aparece, leis
não explicam ao meu filho porque não é possível ser maior do que o sonho,
por isso grafito no muro burguês: atender ao limite é tristonho

Porque o meu coração é uma espada com asas,
e a manhã do meu galope heroico é bater na porta
da mulher que eu amo mais do que a mim mesmo
e dizer: não preciso de rima p'ra ser teu poeta
porque é o meu Amor tão imenso que as estruturas
são pobres perto de tanto sentimento: meu Amor é louco, é além

deixo do lado de fora: capitalismo tardio, partidos, jornais sônicos,
tudo o que interessa é fazer amor bebericando vinho na frente da lareira,
o resto é idiônico!
 
MEU CORAÇÃO É UMA ESPADA

O ANJO SONHA AZUL

 
Me desculpe, se nunca fui perfeito,
o nunca fez de mim alguém cujo defeito
é uma chama dardejada pelo sol

Acaso teu silência responde por tristeza
é o meu jeito ignaro da beleza
crescida no semblante maior do teu sofrer

Eu nunca soube amar direito, é certeza,
apenas um estradeiro cuja roupa alveja
na chuva encerrante da estação

Mas, a decadência fula revoltante do meu ser
não é dona do direito de te fazer sofrer,
minha estrada é na distância como teu lago

é uma fatia de céu quente pois o anjo sonha azul
 
O ANJO SONHA AZUL

BURACOS NEGROS

 
Sangue sangue sangue sangue
sangue sangue sangue sangue
sol
uma bandeira indecifrável
guia o desfile
ignora-se a regra tônica
e o chamado doentio
permanece suspenso
- pedra e espinha da voz

Cavalos loucos guardam
túmulos de mulheres virgens
seladas nos sexos pela cera dos testamentos
porque o Tempo é um Anjo
sorrindo buracos negros

Apenas no submundo da lua
há castelos repletos de orgias e vampiros
descreio no adeus porque o sol nunca faltou
e se me foi o coração dado de morada à alma
é porque chora em mim um Amor
tão definido que até o nome
dos sonho decreta entrega

A mesmice do jornalismo não capta quem chegou,
é de propósito, porque na bagunça
a louca harmonia produz as melhores vítimas

Me conduzi além das muralhas desta cidade
aonde a jurumela atlante do perdão e do arrependimento
provoca gargalhadas nos céus

Eu caminho no labirinto dos jardins loucos
aonde as formigas maiores do que os cães
cultuam o serrote,
redemoinhos de ventos materializam anjos bélicos
só porque a aurora é a bandeja de toda permissividade
do meu sexo devoto de você
 
BURACOS NEGROS

MENINO CHEGADO

 
eu inventei as estrelas
ponteando cada lágrima
nas cordas da guitarra, meu Amor,
festejando em cada curva
fechada a chegada próxima,
porque nunca concebi destino sem Você

eu cantei pela voz dos pássaros
o que só é Amor porque humano
demais p'ra ser entendido,
e Te Amei mais ainda
quando era finda toda existência
compreensivelmente declarada

porque a sua Alma é o céu
que me faz sonhar a derradeira Oração,
p'ra que na Terra aonde semeio
a rosa do meu Amor sem fim,
o sorriso da sua face
ilumine as ruas solitárias do meu coração

que é só Seu e que tão Seu,
permaneça eterno
como a canção
da aurora do Tempo,
quando o Tempo era um menino
chegado na aurora
 
MENINO CHEGADO

MORTE ao POETA

 
bebo a última coca cola do planeta
enquanto te espero
as rosas do apocalipse na mão
e os olhos vidrados da fera sexual
atrás d'óculos escuros

preciso de uma revolução fora da rede social
escolho teu corpo e o milagre
é um sorriso de bossa nova ponteado de blues,
quero o anúncio: o sonho do visionário
rasga no out-door, o sonho do visionário

escorre em sangue inundando o metrô

Morte ao poeta! medíocre de tudo
não enxergou a queda da bolsa nas visões,
não elegeu candidatos, não deu carteirada
em bêbado, sequer compôs um samba,
sacripanta sacaneou sertanejos

no teu colo de amada além da cabeça deitada em delírios
inventei a noite porque o teu sexo é a única poesia em decibel
e dirijo o mais louco cadillac estofado nas tuas coxas
a caminho de um banquete brindando nosso sangue,
carnívoro na prece, precoce na insubmissão

não me importa a saparia desafinada nem a lua torta,
guerrilhas religiosas afundam aonde a maré é furiosa,
levo como amigo o macaco no ombro, ele entende o que digo,
unicamente vivendo o amor eterno longe da lei feita de remendo,
mas, sobretudo, amante do teu ser, fêmea teando veludo
 
MORTE ao POETA

A DISTÂNCIA

 
Eu trago canções de amor dentro da mala
a arma de um fogo bem precário
declarando o que só no passo fúnebre
ou na tirania vale lembrar

Nenhuma estrada ocupa o meu olhar até o soslaio
a distância é o desembesto de uma solidão
que se anuncia morta
desde a saudade festejada pela lágrima

É muito estranho mas o urubu é o anjo da ironia
a juventude que sobrou em mim dorme na rua
independente de costume ou dia
o amor me enriquece desobedecendo conveniência ou retórica

Porque só amando tanto na fúria do zelo
encontro lucidez e resposta
ansiedade nunca é atropelo
mas a minha chegada é o estabano molhado do amor

sorrindo o que há de esteio
 
A DISTÂNCIA

VAGABUNDAGEM

 
Sigo as latas e os tocos de cigarro
a calça rasgada denuncia o esqueleto
gato de rua conheço a escalada e o tombo

se vier no passo errado vou na boa
como bombons recheados de sangue
e ensino o malandro a cobrir o rosto
de cão, chegada a manhã

Não me aconchego por amor nem por dinheiro
bagagem nas costas amigo da ladeira
quero a estrada incerta
livre de patrão e casamento

viciado na vagabundagem
vocifero gemuras, a mulher chama
como o navio que zarpa

abaixo o que é moral, o tempo
é o senhor das conveniências
mas apenas o místico enxerga
na cicatriz o mapa

Da minha parte, os passos
gravados na solidão das ruas
dissolvo no esquecimento,
todo caminho é de adeus
- deixarei como herança
cartas mal-escritas
e as sandálias do desleixo,
e a saudade do nunca
ter sabido de você
 
VAGABUNDAGEM

SE a NOITE AINDA me ACEITA

 
SE a NOITE AINDA me ACEITA

A mulher que surge nos meus sonhos
espalha a magia do orvalho
na minha sede de lobo da noite,
se ela vem do mar trazendo a nudez
tatuada pela lua,
ou do deserto que lhe gravou
nas passagens mais íntimas
o nome do sol, sabe-se menos
do que saberia o coração
se entender o amor fosse a nós
permitido.

A mulher cuja magia faz do meu desejo
símbolo de império, abre as flores
de passagem como se os jardins
fossem páginas do céu,
e por ela estou preparado
para a travessia do deserto
dominando os segredos que o universo
permite conhecer da ciência sagrada,
o sexo em riste abre os sinais da estrada
vestido com a armadura que as chamas
da saudade moldaram da fúria masculina
levantada na tua lembrança, uivo muito mais
p'ra ouvindo teu nome ter você mais perto
do que para saber se a noite ainda me aceita
 
SE a NOITE AINDA me ACEITA

O AMOR e a LOUCURA

 
Eu sou o Amor?
Você a Loucura
mas como fazer
quando o Amor e a Loucura
se encontram?

Por acaso não existe
Loucura no Amor?
E o Amor na Loucura
não pode haver?

Amar com Loucura
é tão natural
como na Loucura
Amar alguém.

Na Loucura é possível
o Amor ser feliz?
E no Amor
pode ser feliz a Loucura?

Na verdade, o Amor
e a Loucura precisam
deste encontro,
o Amor precisa da Loucura
como a Loucura só pode
ser feliz com o Amor
pois se o Amor homem
a Loucura é mulher
não há porque fechar
a porta da Loucura
ao Amor.

Deixe o Amor entrar
o Amor dentro da Loucura
é só felicidade,
a Loucura no Amor
é feliz por ser.

Deixe o Amor entrar,
a porta da Loucura
é doce e sensual
deixe entrar o Amor
a Loucura é a Beleza
no estado da rebeldia
deixe entrar o Amor
a Loucura vive
para acompanhar o Amor
deixe aberta a porta
o Amor vai levar a Loucura
a Loucura é do Amor
como o Amor é para a Loucura
amante e protetor,
só a Loucura pode dar certo no Amor
 
O AMOR  e a LOUCURA

Anjo Sedento

 
Na noite profunda a única estrela
é o anjo das chamas que fazem o Perfume,
cujo grito riscando o céu como raio
desperta aquelas almas espalhadas nas ruas

Apenas o indivíduo solitário conhece a resposta
evitada pela ciência usurária e a religião enfadonha,
aonde o Amor convoca a musa a julgar
a fraqueza do homem derrotado pelo escárnio

Quando a noite é mais do medo que do Amor,
o anjo sedento pelas chamas desce
arrancando do meio das coxas da mulher amada
o sexo que alimenta de sangue a fúria do desejo

Aonde quer que eu vá permanece o Amor
que da alma desenha na carne
os pássaros e os dragões do céu que me superou
pelos sonhos mais insanos

mas na brasa da fome que ficou
me deu o Paraíso mais lindo em Você
 
Anjo Sedento

O AMOR ENSINA

 
Moça bonita da alma de lira
no teu olhar a melodia cintila

Moça bonita meu amor te delira
você me deu a estrela e a trilha

Moça bonita da alma de lira,
o que dizer? o amor desce da ira

o amor é o vulto
projetando a noite

o amor ao tumulto
desenha o bisonte

Moça bonita da alma de lira
aonde o ritual o teu quadril gira

Moça bonita da alma de lira
eu te peço - amor ensina

Moça bonita da alma de lira
do cavalo eu puxo o brasão e a estrela vira

a estrela revela
aonde o amor é aquarela

a estrela anuncia
aonde o amor se cria

Moça bonita da alma de lira
a estrela é a lágrima do amor que brilha

o meu olhar que você inventou de tão linda
 
O AMOR ENSINA

REFÉM do TEMPO

 
Ah! como soam antigas as promessas e o cabimento.
Nunca fui aluno aplicado nem procurei sarna, por isso me surpreende apenas o esquecimento.

Não quero mais o reconhecimento de Artista nem o capital das bancos, abandonei o olhar complacente da beleza na procura exímia do que de mim restará após a despedida sem cortejo.

Quero unicamente não ser lembrado, quero a ignorância pútrida do refém do tempo que não houve, quero a liberdade inenarrável do nunca reconhecido, inerte como um bruxo mal sucedido.

Nenhuma manifestação me espanta, como não é bem vinda a láurea do bandido, me dou bem com a brutalidade dos dilúvios, sejam eles filhos da voracidade ou do Nada a declarar.

Certa vez estive num trem, comigo o desprezo, conheço bem o ostracismo e a desconsideração, porque sou mestre em dialogar com minha alma, falo sozinho e entendo que em mim a solidão é uma dialética.

Há muito abandonei os vestígios maçons e a cara de bom moço, porque a conveniência quando não há semelhança, desde sempre gargalhei dos idiotas cultuantes da sombra previdenciária, porque o sol, meu lindo Amor, é uma fera que não respeita o teatro sem um bom sangue.
 
REFÉM do TEMPO

ÚLTIMO BANDIDO ROMÂNTICO

 
Deu trabalho colocar aquela lua
acima dos prédios, mas foi legal,
o amarelo é sempre mais intenso que a ladeira,
como eu roubo o que resta de orgulho
no cadáver.

Eu não tenho mais saco p'ra falar
de pássaros e de anjos, quero porrada
e palavrão confessando o amor,
quero sangue e revólver na cara
p'ra deixar claro o quanto amo

incorretamente apaixonado entrego a alma ao abandono.

Eu não piso salmos inéditos e claves esféricas
nos campos de morangos sinfônicos de cor,
o vermelho que conheço é do sexo solitário
que afunda o meu carro desabalado
na vontade de um dia ter você.

Velhos socorros acordam papagaios
tudo é possível a musa dança nua d'entre as velas do velório
e o panfleto da revolução anuncia
obscuridades do espírito que a moda não traduz,
porque o parentesco da primavera é com o bordel e o desastre.

Sanduíches e grelhados sorteiam roupas do couro da verdade,
aonde vou mantenho o crédito do sonho,
último bandido romântico levo da festa
dígios incompreensíveis e a alma perdida do menestrel
que abandona até a rima

de tanto morrer de amor só por você
 
ÚLTIMO BANDIDO ROMÂNTICO

CARTOLA

 
A natureza de cartola na lua
inventou o samba
e o céu cantou pelo bem-te-vi

O morro é a geometria do sonho
quando amar demais é pura dança
na aurora mais linda sentida no violão

O samba chora sorrindo
coisas que só no silêncio
se vive no amor

toda a tristeza que existe
desaparece desenhado
o desejo cadenciando a canção

porque o anjo de cartola
pintou de novo a natureza
e até o destino voltou a sorrir

rodopiando estrelas no ar
 
CARTOLA

[size=medium]Eriko y Alvym[/size]