Vou sair do Luso... Daqui a vinte anos …
Desta vez é de vez, vou sair do Luso …
Acho, se tivesse saído na altura certa que me tinha proposto, não teria causado tantos problemas a tanta gente… tentei regar as plantas do alto, quando dei por mim, já tinha pisado todo um jardim …
Peço desculpa a todos aqueles que magoei, todos aqueles que expus, todos aqueles que comentei de forma desajustada, à própria língua portuguesa, pela gramática e ortografia tão mal tratadas …
Quero que todos sejam felizes, que continuem a escrever, beleza, verdades, sonhos …
Obrigado a todos, em particular aqueles, que por simpatia ou pena, demonstravam algum apreço pelo meus rabiscos…
Deixo o meu último texto, escrevendo o primeiro amor de uma vida…
Tudo começou no final de Agosto princípio de Setembro…
Eu era o rapaz da piscina, ela era uma menina de cabelo cenoura, de férias no Algarve…
Nos conhecemos de forma particular, ela convidou-me para bebermos um copo no final da tarde…eu fiquei gago e abanei a cabeça, sempre tive medo das mulheres e então naquela altura, tremia que nem varas verdes quando me olhavam…
Assim foi, fomos beber um copo ou melhor cinco, dez, só sei que depois, estávamos na praia do olhos de água a molhar os pés …
No outro dia, ela veio ter comigo, disse que tinha gostado e queria ver a praia de dia … foi nesse local que nasceu o primeiro beijo e uma cordilheira de vulcões dentro do peito …
Naquela tarde tudo mudou em nós… o pior, é que ela ia voltar para Irlanda no dia seguinte…
Nessa noite falamos, abraçamos a alma de cada um, até chegar ao ponto de ebulição, foi nesse momento, que ela chorando, me disse – não sou igual às outras, ainda sou virgem, quero fazer amor contigo mas não assim … eu abracei-a e lhe disse que também era …
Afinal éramos virgens do signo caranguejo … emocionalmente ricos, as lágrimas comprovaram isso durante todo tempo…
Na manhã seguinte, apanhou o autocarro até ao aeroporto, deixando a sua morada num papel, pedindo que lhe escrevesse … quando autocarro partiu, meu existir se partiu, as lágrimas entupiram no meio de soluços e imitei na perfeição, o céu de inverno repleto de nuvens chocas …
Meu Deus, se lhe escrevi, dia sim, dia não, sempre lhe mandava uma carta com o meu inglês alentejano romeno… e junto uma lembrança do coração…
Todos os dias ia ver a caixa do correio, se tinha correspondência, com entusiasmo e saudade, até que começamo-nos a telefonar … ela contou aos pais, religiosos e conservadores …
Ao princípio ficaram reticentes, mas não podiam ver a filha, a chorar, a amar, numa tristeza imensa …
Até que um mês depois, me convidaram para passar o natal com eles …
Era a primeira vez que iria pássaro natal, longe dos meus pais e do meu irmão …
Acabou por acontecer …
Durante três anos, centenas de cartas, uma dezena de viagens, muitas lágrimas e sorrisos , saudades avulso, promessas de uma vida a dois… um amor que galgou as fronteiras…
Até que, na sua ultima vinda a Portugal, resolveu explicar-me o que iríamos fazer …
Tínhamos decidido, que não iria-mos usar nenhum meio contraceptivo e se Deus quisesse, ela ficaria grávida e assim seria mais fácil ficarmos juntos para sempre e não teria de ir para a universidade em Dublin… (uma irresponsabilidade)
A verdade é que Deus não quis, ela não engravidou e foi se formar… ser arqueóloga, um sonho desde pequenina …
Ainda resisti no sonho, no entanto a saudade não. Um dia, quando já não tinha chão e o céu me caía como o inferno; resolvi rumar até a Irlanda para morar lá, com a esperança de a encontrar, uma tentativa desajeitada de não perder o seu amor, que se tinha tornado a única coisa importante no mundo… Acabei por a encontrar, mas a sua decisão
já estava tomada… Seriam três anos de estudo e de
concentração e nenhum amor poderia resistir …era demasiado desgastante, emocionalmente e financeiramente…
Voltei com as lágrimas pesadas, um abismo profundamente cheio, lembro -me estar no aeroporto tendo o corpo e a roupa encharcada de tanto chorar …
Assim acabou uma história de amor …o primeiro amor, descontrolado, autentico, sincero, inconsciente, repleto de ilusão, inquieto, trazendo a frescura do incerto, as mãos suadas em cada encontro, enfim, a intensidade imensurável de cada instante de afecto….
Espero que ela se tenha formado e que hoje, seja muito feliz; tendo uma família, um marido que ame tanto quanto a amei, que tenha filhos lindos … e se alguma vez se lembrar de mim, que seja com um sorriso…