Poemas, frases e mensagens de Vasco Pompaelo

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Vasco Pompaelo

Oco

 
Parece que estou
Num barco a remos
Numa lagoa sem margens.

Olho para o calendário
E conto os dias um a um
Num ritmo preocupante.

Quero adiantar o tempo.
Quero pôr o meu corpo
No meu sonho.

Mas só consigo ouvir o eco do meu passado.

V. Pompaelo
 
Oco

D.D.D.

 
Não sinto que não posso, mas…
Posso sentir o que não sinto.
Apenas basta estender o amor
Que há em nós. Tanta coisa nos diz
Para sermos bons, só que, para amar,
Tens de ser mau!
Não faz sentido sermos escravos
De nós próprios…temos de olhar no
Espelho, dizer-lhe na cara, não me importa
Nada, não me chateies!!
Por entre as brumas da nossa imaginação
Será que está lá alguém para
Nos enganar?
 
D.D.D.

Celuço

 
Enquanto vivo, a estrada muda
Nada mais fica, nada perdura.
Mas algo me segue, me dá pistas,
Pois com esta arma persigo artistas.

Rastejo a escarpa do monte negro
Aguardando a chegada ao degredo.
Visto a honra e a farda lírica
Pois sei bem onde vai esta bela satírica.

Aperto o coração com uma força bruta
Pois daqui já não sai o filho da puta.
Consciente ou não apago as memórias agradáveis
Não faço mais disto passos indesejáveis.

De pé, aplaudindo a parada
Faço de mim, ao espelho, uma fada
Sem milagres, luxos ou efeitos
Arranco pela raíz todos os preconceitos.
.
Vasco Pompaelo

Publicada por vladnikdrac em 13:07
 
Celuço

Sonho Seco

 
Encosto a cabeça à almofada
e percorro a tua estrada dubia
contemplando o espaço decorado de
falsos sonhos.
Não passam de nuvens que se
diluem enquanto caminho guardando
farpas de realidades miseras.
Não deixo entrar ninguém.
Isto não é para partilhar.
Egoísticamente faço desta situação
o meu purgatório intimo.
 
Sonho Seco

Olho fusco

 
Além do que aqui se
consome, pondo de
lado a estupidez,
procuro tocar no mais
doente e nojento verme.
Sou dependente do viscoso,
rugoso, proscrito.
Repugnante até para os mais
exemplares diminutos seres.
Mas vivo bem com isso.
Quando escavo os meus
sentimentos,
acabo num lugar esquisito,
frio, escuro, mas, único,... meu,
eu.
Tiro de lá aquilo que sou.
Aquilo que quero.
Onde me sinto bem.
Não quero companhia,
mas quem vier
da enxurrada não consegue
escapar.
Passando a mão no meu
cabelo, a mente acena
ao corpo e dá-lhe confiança
e sumo para esta loção.
Esta minhoca que rasteja por
aqui, mantém-se firme.
Até ao fim.
Não ditado por ti.
É o destino.
Quem vive para alguém,
não merece ninguém.
 
Olho fusco

Atento, talvez até demais/Tormento, o caminho por onde vais

 
Expiraste. Tudo aquilo que podias ser,
já foi.
Não me parece que possas voltar atrás.
Mas porque é que fazes isto?
Não vês? Não sentes?
Será que não percebes?
A podridão dentro de ti abraçou-te.
Fez do teu corpo e do teu ser
uma ferramenta social.
É um trilho corrosivo aquele que
caminhas.
Fazes da tua vida um purgatório.
Tenta ao menos perceber
que apenas em ti está a
escolha.
Não é de ninguém.
Não vem de ninguém.
Não é para ninguém.
Apenas tua. Só tua.
Para te fazer bem.
Gostava de poder ser uma luz
para ti.
Mas como já devias ter percebido,
a minha vida é minha.
Para mim.
Não tua.
Para ti.

V. Pompaelo
 
Atento, talvez até demais/Tormento, o caminho por onde vais

Da me la chiave de tu amore

 
Ainda ontem encontrei um residúo
Do teu amor na minha cabeça.
Tentei apagá-lo, matã-lo.
Mas tudo que consegui foi resguardá-lo.

Mas hoje encontrei um tecido
Da tua dor na minha mesa.
Tentei remendá-lo,
Mas tudo que consegui foi…amá-lo.

Amanhã encontrarei um sentido
Desse amor na minha cabeça.
Tentarei emendá-lo mas so por ti…
…assim eu falo
 
Da me la chiave de tu amore

Nobre Lugar

 
Lugar feito de acrílico
Iluminando a passagem do
Sangue do corpo para a alma.

Estética a balada do medo
Dança a confirmação do
Momento.

Apalpo o musgo na minha
Desnorteada mente, sinto-lhe
A frieza e
Falta de lógica.

Podando na diagonal o arbusto
Que rodeia a destreza
Luto contra mim.
Contra o que não quero.

Qual cabana no meio do monte
Envolvido por aragens
Húmidas, virtuosas e
Desconcertantes.

Obrigado, fico a compor uma
Nota á qual não posso, não
Quero, não vou…fugir.

Embalo-me com uma mão enquanto
Outra atrai momentos secos de vida
Como um cão atrai carraças.

Vou aguardar.
 
Nobre Lugar

Sangue

 
Sangue, sangue, que coisa linda.

A uns lembra morte
A mim, vida.

Sem ele não sofremos
Sem ele não amamos.
Sem ele não percebemos
Tudo aquilo que conquistámos.
 
Sangue

Revolta saturada

 
Aterrorizado o animal tenta
sair.
Está encurralado numa
desiquilibrada manta verde
feita de vento.
Inseguro como um coelho na
floresta, sobrevive.
Contorce-se só de pensar
que pode nunca mais sair
deste lugar fantasma.
Força, astúcia e muita
persistência são a chave.
Ladeando o meio que o
regula sabe que os seus
próprios obstáculos são maiores.
Um dia a felicidade sopra
e o céu azul como os
olhos de uma deusa ficará.
Subtis e finas lanças
de beleza branca com grinaldas
ofuscam a imensidão negra
que cobria o seu rosto.
Um servo de si mesmo
Que um dia se escravizou.
 
Revolta saturada

Disparo

 
Odeio-vos. Quero-vos mal.
Não estou totalmente indiferente a vocês.
Quero que sofram.
Merecem rastejar sem saber para onde.
No meio da lama e do caos.
Respiram merda. Expiram podridão.
Seres minúsculos com antenas de ignorância.
Conspiradores de actos tristes. Repugnantes.
Definitivamente inferiores.
Arraso a minha calma e senso só de
pensar na vossa existência.
Moralistas. Hipócritas. Exemplo máximo de
um povo, de uma maneira de estar.
Corrompidos pela desgraça
iludem-se com estatutos.
Salvaguardam os corpos e réstias de alma
com rituais dominicais enganadores.
Mas não estão sós,
há mais exemplares dessa vossa espécie mesquinha,
consumindo agentes poluidores mentais.
E não se cansam.
Dependentes de uma independência lirica.
No bilhete de identidade os anos passam.
Mas na cabeça cada vez mais escassam.
Protegem-se. É normal.
Mesmo na desgraça não querem tar
sozinhos.
Pois, como devem saber,
De mim,
Já só verão a sola
do meu sapato.
 
Disparo

Ponto final

 
Aconchego estapurado este.
Feito de momentos afiados como
lâminas.
Com uma insegurança atraente.
Um caminho desconhecido.
Uma estrada sem indicações.
Que posso fazer?
Sou forçado a bater outra
vez nesta porta.
Somente porque quero.
Quando não sinto meu
coração a bater
é aqui que me sinto vivo.
Interrogações que tentam
intimidar-me são totalmente
substituídas por sensações
fisicas inquestionáveis.
Daqui não saio.
Aqui voltarei.
Por aqui ficam as minhas
interrogações.
Ponto final.
 
Ponto final

Hahahahaha!

 
Eu achava que mudar
Era mudar de sítio,
Mudar de vida,
Mudar o que nos rodeia.
Enganei-me.
Mudar é dentro de nós.
Não se vê. Sente-se.
Não se toca. Vive-se.
É isso. Agora sei.
Agora sinto.
Agora vivo.
 
Hahahahaha!

Atitutde

 
Abcesso social miraculoso tomou
conta de mim.
Tão doloroso que se tornou
apetecivel. Viciante.
Repugnante.
Sem qualquer tipo de estima.
Mas mesmo assim, deslumbrante.
Imperdivel.
Tem em epico o mesmo de
degradante.
Sentimento estranho este.
Alimentado apenas por pessoas e
suas farpas sociais.
Comportamentais.
Mas não me levem a mal.
Eu preciso disto.
Eu gosto disto.
Mas com uma certeza.
O meu desprezo será o vosso maior
ganho.
 
Atitutde

O meu pequeno e clássico quarto

 
Luz, não quero luz.
Não me tirem esta escuridão
Que tanto preciso, tanto quero.
É este o meu rumo. Esta a minha rota.

Quando cruzo comigo
Vejo bem a minha expressão.
Nada me consome mas tudo me atinge.

Não quero ser orfão de mim mesmo.

Até aos fins dos meus dias
Espero puder ir um pouco mais além.

A vida não tem sentido
Se não te puderes arruinar um pouco.

V. Pompaelo*
 
O meu pequeno e clássico quarto

Prepucio

 
Atento aguardo que este
Momento afogue todos.
Não fui eu que construi
A muralha.

Apagado o sol faz
Aquilo que pode.
Enquanto o vento permite
Que este mundo rode.

Atacado por bençãos
Consome-se o arrependimento
So vos posso ajudar
A acabar com o tormento
 
Prepucio

Obstrução

 
Não te quero perto de mim.
Os meus pés estão no chão, não quero levitar.
Acordar é pior que matar.
Matar é para sonhar.
Atinge o topo com a fraqueza.
A fraqueza arde e queima os sentidos e os sentimentos...
 
Obstrução

A passo de paraplégico procuro um rumo

 
Como é fácil enganar aqueles que sabem tudo.
É o mesmo que fazer parte de um mundo sem arte.
Entrupecido pelo ar só o reles vira mudo.

Eu encontro-me á parte.
Só me falta abraçar-te.

Telefonia arrasadora
Numa cleópatromania
Era inédito o som
Desta nossa sinfonia
 
A passo de paraplégico procuro um rumo

Foi voçê que pediu um...( sentimento penoso)

 
Aconchegado momento
Carregado com um mórbido sustento
Ao plagiarismo social
De uma estética unicamente mental
Contrapõe-se o moralismo
Ecológicamente igual a um sismo
Tirado de uma fonte
Sem o minimo querer ou ponte
Atravesso o rio sinuoso
A custa deste sentimento penoso
 
Foi voçê que pediu um...( sentimento penoso)

Nah

 
A água escorre-lhe
pelo corpo, alcançando o meio dos
seus peitos, lindos, longos...
Pele como algodão,
face de cera,
todo um corpo que
faz tremer o mais
rijo alcatrão.
Minha mão desliza como um
barco num lago de ouro.
Sem comandante, apenas
ligado ao mais puro
sentimento.
O de criança. Rendida
à imensidão que é sentir,
viver,
sem pensar,
sem renegar.
Puro.
 
Nah

Vasco pompaelo*