COMO NINGUÉM...
COMO NINGUÉM...
quando a noite avança
e o sono não vem
quando estendo os braços
e não encontro ninguém
quando o corpo inquieto
pede amor e não tem
me abraço
me amo
me basto
me agrado
como ninguém!
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LOUCURA
LOUCURA
Foi loucura, meu amor... Foi loucura!
Quando então afrouxamos as amarras
e caímos em tão insanas garras
dessa paixão envolvente, e sem cura...
Demos os corpos, como nunca antes
desejo algum houvesse assim pedido...
E no amor meio anjo e tão bandido,
florescemos então como amantes!
Esquecemos, além das nossas portas
um mundo que não era de nós dois,
c’os brados de censura sem perdão...
Novamente a frieza deste chão
vem nos trazer à vida sem depois...
Podando rentes as nossas asas tortas.
AH! ESSE AMOR...
AH! ESSE AMOR......
ah! esse corpo indócil
que se esgueira em sonhos
e murmura um canto
tão pleno de encanto
que ninguém conhece...
...ah! Esse olhar que grita
e se denuncia
pois não há mais jeito
de afogar no peito
essa fantasia...
...ah! Essa boca quente
a queimar em febre
e sentir a fome
e chamar teu nome
sem adormecer...
...ah! Essa voz que pede
em palavras mudas
um abraço forte
pra livrar da morte
esse amor tamanho!
Zélia.-
ENFIM SE ENTENDER
ENFIM SE ENTENDER
Beba do meu vinho
e cante do meu canto...
Chore um pouco do meu pranto
para a gente se entender!
Desvista a alma sem medo
de mostrar sua nudez,
Eu entendo a sua fala
e esse seu jeito de ser!
Eu seguro a sua nota
sintonizo no seu tom...
e assim sem dissonância
surgirá um novo som!
Entre no meu sonho...
e esqueça do seu pranto,
cante um pouco do meu canto
para a gente se entender!
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...QUEM DERA!
...QUEM DERA!
Quem dera você entendesse
esse canto da minha alma...
Quem dera você aprendesse
desse meu jeito sem calma.
Quem dera você traduzisse
a ânsia que me consome...
Quem dera você me olhasse
com olhos de quem só ama...
Quem dera adivinhasse
o apelo que em mim é mudo.
Quem dera que as paralelas
tocassem o mesmo ponto...
ULTIMO PASSARO A DEIXAR O NINHO...
ULTIMO PASSARO A DEIXAR O NINHO...
Para o meu filho Luiz Fernando.
Ultimo pássaro a deixar o ninho...
Sozinho, vai buscar o seu destino.
Ontem menino e hoje peregrino,
segue o sino a indicar-lhe o caminho...
Mais um lugar vazio em nossa mesa,
é a certeza da lágrima quente...
O ausente que estará sempre presente,
na queixa muda da palavra presa...
Que seja largo o vôo em céu bem limpo
e as sombras se vierem, sejam raras...
Fiel lhe seja a luz da confiança!
Que nunca lhe falte a perseverança
e alcances sim, o mister que almejaras,
tão forte, quanto os deuses do Olimpo...
AMIGO, SE A VIDA TE ASSUSTAR...
Se novamente a vida te assustar,
venha até mim, amigo, eu te acolho...
Em minhas mãos, a tua irei guardar,
e vou secar o pranto do teu olho...
Senta ao meu lado e soluce as palavras...
Hei de guardar comigo o teu segredo.
Da ruína dos sonhos que lavravas,
do riso alegre que calou no medo...
Vou ouvir você qual uma canção,
com ouvidos atentos de ternura...
Que se ama e se traduz em oração.
Então recordaremos nossa vida...
Aquela antiga,longínqua e tão pura!
Do nosso tempo, as flores preferidas!
É MEU O SONHO... SÓ EU DECIDO!
É MEU O SONHO...SÓ EU DECIDO!
sonho...
carinho
sem espinho
criança
com segurança
canto
sem pranto
velhice
sem rabugice
oração
de coração
amizade
sem saudade
pergunta
com resposta
resposta
como gosta
jardim só
de flores
amores
sem dores
é meu o sonho
só eu decido
quem vai entrar!
ENGOLE AS PALAVRAS..
ENGOLE AS PALAVRAS...
Engole essas palavras abortadas
e amarga em frio fel o que é tão doce...
Absorvendo das dores as fisgadas,
como se único destino fosse...
A ferros mantém bem presa a canção,
que sangra no desejo de voar...
E amordaça a voz da intenção
na covardia do medo de amar.
Solte ao vento esse verbo tão calado...
Deixe emergir de vez o sentimento,
pra se tornar enfim o meu amado!
Que se apague de vez todo o depois
e se transforme em asas coloridas,
essa urgente tristeza de nós dois...
A SEDE MORRE E DESPERTA A FOME...
A SEDE MORRE E DESPERTA A FOME...
Fundem-se os olhos no brilho calado,
em poços profundos de sufocados anseios...
Cala-se o tempo, apaga-se o espaço!
Há sorrisos nos lábios, desejo nos corpos...
Pássaros inquietos,
voam as mãos libertas em afagos...
O toque da pele, o hálito quente...
... bocas entreabertas...
Fontes onde a sede morre
...e desperta a fome!