Poemas, frases e mensagens de SenhoraMorrison

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de SenhoraMorrison

Olhando para trás

 
Já faz tempo que ando para trás
Que observo as costas do mundo
Que transcedentalmente tudo me chega

No limiar de tudo deparo-me em ser
Em ter a superação de todos os meus subterfúgios
Sem deixar meu suspiro
No pulmão alheio

Não estou aqui para fazer parte
Dos seus terceiros planos
E nem para virtuosamente
Vencer tudo que me for maléfico

Fragilizo-me com palavras rudes
Abato-me com a maldade
Tanto alheia quanto minha

Não temos como escapar...
Faz parte de toda essa franqueza ausente
De toda essa mendicância de afeto
Onde não temos coragem de nos mostrar
Por pura defesa

Nesse mundo as avessas
Onde tudo se procura
Onde tudo se é possível
Onde tudo se é cabível
Onde nada se acha

Entre anormalidades corriqueiras
Tudo é supérfluo, indiferente.
Continuo meu caminhar...
Para trás.

Tentando achar qualquer resquício
De dignidade
Tanto minha quanto alheia

Senhora Morrison
13/02/2007
 
Olhando para trás

Beija-me amor

 
Beija-me a face amor
Num ato de solidariedade
À minha dor

Beija-me a face amor
Acolhendo dela a lágrima
Na busca dos olhos de seu feitor

Beija-me a face amor
Agora gélida e pálida
Despedindo-se daquela

Que sempre lhe amou.

04/01/2007
Senhora Morrison
 
Beija-me amor

O Taxista

 
Horácio já estava exausto, havia trabalhado muito, dirigir o dia inteiro não era fácil, prazeroso, amava o que fazia, mas nada fácil.
Estava se preparando para ir pra casa descansar, despediu-se de quem ainda ficava para o turno da noite no ponto e entrou em seu táxi, se dirigindo ao caminho de sua tão desejada e aconchegante casa. Sempre gostou muito de ser taxista, apesar do perigo desta profissão em estar tão próximo a situações de violência, às vezes ouvia histórias dos seus companheiros, fatos absurdos que pra ele não tinha nenhum cabimento, estava a tantos anos na praça e tudo que conhecia de fatos inexplicáveis era os que saiam da boca de seus colegas. Muitas vezes chegou a rir da situação em que eles se encontravam para relatar tais acontecimentos, e jamais conseguiu acreditar em qualquer palavra que fosse direcionada neste respeito. Era um homem forte, robusto até, expressão fria, mas com certa bondade no olhar, de pouca fé, acreditava somente no que pudesse provar e no suor do seu trabalho.
Já era início de uma madrugada fria e nebulosa dessas em que, desejava estar aquecido debaixo de ziguilhões de cobertores em sua cama quentinha, ligou o rádio para se distrair até que o caminho findasse e na procura de alguma estação distraio-se, quando voltou os olhos para rua havia um homem lhe fazendo sinal pra que parasse, quase em cima do carro.
Horácio parou o carro mais de susto do que por vontade, e o homem de
estatura mediana, aparentando seus trinta e poucos anos abaixou-se e bateu
no vidro do lado do passageiro.
Horácio pensou ainda por alguns segundos abaixou o volume do rádio, e resolveu abaixar o vidro.
O homem tinha um semblante sereno, parecia apenas um pouco preocupado.
_Amigo, sei que deve ter terminado sua jornada por hoje, mas lhe peço que faça esta última corrida, não estou conseguindo condução.
Horácio tentou se esquivar:
_Moro longe e pagarei bem se me conduzir ao meu destino. Atrasei-me e tive uns contratempos hoje e não tenho mais como voltar pra casa.
Como Horácio tinha alguns compromissos praquele mês resolveu aceitar. Antes não o tivesse feito.
Abriu a porta e o homem adentrou ao carro ajeitando uma pasta ao colo, vestia-se bem e tinha um porte elegante.
Horácio o observou por alguns segundos, que foram suficientes pra que o passageiro percebesse o receio que estava sentindo, perguntou qual era o destino, e seguiu...
No caminho foram trocando palavras corriqueiras, o passageiro se fazia de poucas palavras tornando-se ainda mais misterioso o que aumentava a angústia de Horácio.
Uma cidade tão perigosa como esta em que vivo o que tenho na cabeça de aceitar uma corrida como esta, o pensou. Pediu a qualquer santo que lhe veio à mente proteção para que nada lhe acontecesse... Mas acho que já era tarde.
O caminho se estendia a cada curva feita, e percebendo a inquietação de Horácio o estranho passageiro tentou acalma-lo dizendo:
_ Realmente é muito longe minha casa, mas não se preocupe comigo não lhe farei nada, sou homem de bem, só optei por morar distante da cidade.
Horácio não sabia se ficava aliviado ou se tinha naquela pronunciação um aviso.
O homem sorriu tentando dar ênfase as suas palavras, Horácio na percepção de seus atos tentou relaxar. Depois de quase uma hora e meia de viagem:
¬_Vire a próxima esquerda é a rua que dará acesso a minha residência, vou te avisar algo para que não tenha surpresas. Quando eu saltar deste carro o Senhor faça o contorno no fim desta estrada e acelere, não pare pra ninguém, ninguém mesmo entendido?
Horácio percebendo onde estava, uma rua ainda de barro, com plantações dos dois lados, iluminação precária tanto pela falta de, como pela neblina que ajudava, e tão estreita que só dava passagem a um carro, se houvesse um pedestre ele haveria de se embrenhar no meio do matagal para não ser atropelado, achou muito estranho àquela estrada, parecia ter aparecido ali do nada, ele pensou em desistir de ir à frente de um caminho tão sinistro e fazer o passageiro saltar ali mesmo, mesmo que isso lhe custasse não receber a corrida. Mas quando tudo tem que acontecer...
_O senhor não me leve a mau, mas porque tal conselho não há como cruzar com ninguém no caminho de volta?
O homem se calou.
Horácio sentiu um estranho calafrio percorrer seu corpo, estava sentindo medo, mas não sabia o porquê, até então não havia motivos, sentia medo da violência, mas o homem que conduzia não parecia querer lhe fazer mal algum. E pelo seu porte físico se fosse tentar rendê-lo sem armas de fogo, Horácio até o venceria com facilidade num mano a mano.
Percorreu por aquela estrada por mais alguns minutos tentando observar tudo a sua volta, mas o cenário não mudava continuava sempre o mesmo desde o inicio, então a certo ponto daquela tenebrosa estrada o passageiro diz: _ Pode parar o carro é aqui que vou saltar. Horácio sem entender nada parou o carro e olhou aquele homem com expressão interrogativa: _ Aqui esta seu dinheiro, logo ali em frente encontrará um retorno, lembre-se não pare pra ninguém. O misterioso homem saltou e numa pequena passagem em meio às plantações foi caminhando, Horácio ficou a quase que admirar ele seguir até desaparecer no meio da escuridão.
Ligou seu carro, e seguiu até o retorno que encontrara logo, e no caminho de volta veio pensando se indagando da estranha viagem se perdendo em seus pensamentos, quando sentiu algo bater na porta do seu carro olhou pelo retrovisor e nada avistou, seu coração bateu quase em taquicardia, e instantaneamente pisou mais fundo no acelerador como que a querer furar o assoalho, o seu carro parecia voar e a visibilidade ficou ainda pior com a poeira que subia tão intensamente. Horácio já não sabia mais o que pensar o medo de tais fatos inexplicáveis o tinha dominado de forma descontrolada só queria se ver livre daquela situação ridícula em que se encontrava, como pode homem feito ter medo de coisa alguma e pisou ainda mais, e sentiu novamente algo bater na porta. _ O que é isso? Exclamou. Nada batia na porta na vinda será que são galhos de qualquer coisa, o que pode ser? Sua cabeça enchia-se de pensamentos desordenados, mas tentava manter o controle, pois estava ao volante e se, perde-se a direção ali naquele lugar seria mau muito mau. Então tentou se acalmar, mas seu corpo estava trêmulo não conseguia se parar, então viu um vulto branco passando e batendo na sua porta, Horácio desesperou-se e quase perde os sentidos de tanto medo foi quando no auge de seu pânico percebe alguém pendurado na maçaneta de sua porta com um rosto desfigurado e olhos brilhantes como de animais no escuro, Horácio olha novamente e fecha os olhos com tanta força como que a querer despertar de um pesadelo, não pode ser isso não esta acontecendo e ouvi uma voz pronunciar sarcasticamente:
_ Está com pressa, está com medo heim!!!!!!!!! Hahahahahahahahaha.
 
O Taxista

O resgate

 
Suas mãos estão a caminho de descobrir-me
Anseia meu corpo já estremecido só de pensar
Saberá de meus segredos
Será meu tesouro
Teremos as almas unificadas
Num amor explosivo
Contaminando o mundo em pura felicidade
Amo-te como sempre achei que poderia
É o meu sonho em realidade
Minha esperança de felicidade
O meu príncipe em seu cavalo branco
Vindo me salvar de dias sem você

22/08/2006
Senhora Morrison
 
O resgate

Não Permitam

 
_Vejam!
A escuridão esta vindo
Encobrindo o horizonte
Ainda distante
Sugando as árvores
As nuvens, mesclando-se em cinza.

_Saiam todos daí!
Não conseguem ver?
A cidade continua apressada
Mas ela esta vindo...
Como a dançar
Entorpecendo o que encontra. Destruindo!

_Corram!
Não percebem que não podemos
Continuar com isso?
Ela se alimenta de todos
Os mau-dizeres
De toda mágoa
De todo ódio
De toda inveja

_Olhem!
Não posso ser a única a ver
As últimas pétalas estão a cair
Não se entreguem
As lágrimas sempre fortalecem
Não permitamos que os abutres
Petisquem nossa carne

O sangue há de correr
Nas veias... Somente.
Os olhares inocentes
Não podem ser recolhidos

Já que nos acostumamos
Com qualquer situação
Já que incondicionalmente
Somos limitados

Que nos limite-mos
Somente a amar

13/02/2007
Senhora Morrison
 
Não Permitam

Coração Tranquilo

 
Mais um gole
Enquanto observo lá fora
Do alto,
Desta janela...
Sentindo o ar frio em meu rosto
Encolhendo-me como a querer proteger...
Proteger do que?
Se minha vontade...
É saber voar
Ir pra onde nada pese...

Meu corpo frio,
Meu cérebro a mil...
Somos pensantes
Ha, Ha, Ha...
Nunca somos um todo
Inteiro, de verdade.
O que me falta, já não sei...
E essa melancolia
Essa gana de não sei o que
Essa precisão...
Essa lucidez saudosa
De tempos, atitudes, horizontes...
Que se foram? Existiram?

Se tem alma
Este corpo a aprisiona...
Este corpo que padece
As ações do tempo
Das irresponsabilidades
De noites mal dormidas
Sabe-se lá com quem...
Sabe-se lá por que...
Dos tragos e tragos a mais...
Das risadas por diplomacia...
Dos choros por conveniência...
...desde o berço...
Dos amores por necessidade...
...de um colo no fim da noite de gemidos e fingimentos...
É tudo irreal, superficial...

Sou sozinha,
Sou uma peça,
Sou o desfecho...
...fundamental
Essa subserviência desnecessária
Esse interesse proposital
Essas décimas quintas intenções...
Não quero mais isso
Isso tudo me acaba
Isso tudo me sufoca

Mas não mata
Nunca mata
Nunca morre
Nunca mata...
O dia seguinte sempre segue
E ainda abro meus olhos
E ainda respiro este ar fétido
De gananciosa poluição
Não vale mais
Nunca valeu
Não tenho mais credibilidade
As fichas acabaram

Os sorrisos sinceros são milimetrados
Esporádicos, anulados
Por bombas caseiras e de efeito moral
Não dá pra ser inteiro,
Sou parte disso
Meus fragmentos sofrem
Como sorrir
Sinto meu sangue pulsar
Do outro lado dos continentes...
Com os mesmos olhos...
Que vêem o que não querem

Calo-me
Mas ainda vejo meu reflexo
Neste maldito espelho
Que não refleti o que o mundo determina
Mas...
Transparece a límpida alma
Que pouco importa
Sempre consigo me anular
Vou à busca dos meus
Este mundo não me pertence
Mas continua a flagelar
Pobres mortais
Dignos da esperança...
De etnias impostas por outrem
A condenar sem motivos
Desencorajando sonhos
Cortando as garras
E começando tudo de novo
Sem um fim plausivo

Agora recosto minha cabeça ao travesseiro
Sem alardes e acontecimentos
Deixo a inércia tomar conta
Do corpo
Da mente
Permitindo...
Querendo mais uma vez
Acalmar minha fúria
Atravessando uma senhora no farol...
Contribuindo pra cola com uma moeda...

Quem irá mudar o prisma do mundo...

Senhora Morrison
28/05/2006
 
Coração Tranquilo

Aonde quer que eu vá...

 
Aonde quer que eu vá...

Espectro a me vigiar
Sombra a me seguir
Onde quer que eu vá

Não consigo sequer
Desvencilhar o meu
O seu mundo, fantasia.

Tudo em seu controle
O vazio, o fracasso.
De apenas ser

A luta cessou
Entreguei minhas armas
Incessantemente cansada

Amar não quero
Isso nunca foi pra mim
Não posso respirar

Esta é a última vez
Que escrevo a ti
Numa tentativa, talvez.

De tudo mudar
Mas as escolhas
Não me pertencem

Presencio a glória
Em outras mãos
O encantamento é todo dela

A mim, nada sobrou.
Nada além dessa penumbra
A colorir minha vida

Você se foi
E eu fiquei não por opção.
Não por verdadeiramente querer

Por não ter forças
Por me fazer acreditar
Que não sou merecedora

De nada

Senhora Morrison
01/11/2006
 
Aonde quer que eu vá...

Olhando para Trás

 
Olhando para trás

Já faz tempo que ando para trás
Que observo as costas do mundo
Que transcedentalmente tudo me chega

No limiar de tudo deparo-me em ser
Em ter a superação de todos os meus subterfúgios
Sem deixar meu suspiro
No pulmão alheio

Não estou aqui para fazer parte
Dos seus terceiros planos
E nem para virtuosamente
Vencer tudo que me for maléfico

Fragilizo-me com palavras rudes
Abato-me com a maldade
Tanto alheia quanto minha

Não temos como escapar...
Faz parte de toda essa franqueza ausente
De toda essa mendicância de afeto
Onde não temos coragem de nos mostrar
Por pura defesa

Nesse mundo as avessas
Onde tudo se procura
Onde tudo se é possível
Onde tudo se é cabível
Onde nada se acha

Entre anormalidades corriqueiras
Tudo é supérfluo, indiferente.
Continuo meu caminhar...
Para trás.

Tentando achar qualquer resquício
De dignidade
Tanto minha quanto alheia

Senhora Morrison
13/02/2007
 
Olhando para Trás

Ao meu amor

 
Ao meu amor

Esta manhã desperta diferente
Esta manhã eu desperto para a vida
Para a sua vida,
Para a nossa vida.
Dando-me conta do quanto lhe amo.
Do quanto me preocupo com seu bem estar
Em vezes tentando camuflar tudo dentro de mim
Esconder o que realmente me importa o que realmente me faz feliz.
Esta manhã trouxe a angústia do meu insistente negar
Trouxe a possibilidade de uma vida sem você
Encontrei-me desolada, sem chão.
Não quero mais isso pra nós dois.
Deixarei o passado em seu lugar
Prometo, mas me ajude.
Este sentimento latente, gritante, não me deixar disfarçar.
Não quero mais este vazio incurável.
Ajude-me
A esquecer tudo, todos.
Deixe-me leve
Não quero mais carregar este fardo
Devolva o meu sorriso que lhe pedi para guardar
Quero sorrir pra você
A vida inteira
Ter de volta nossa família
Sentir a proteção de seus cuidados
Perdoe minha cegueira
Quem cuida ama
E você sempre me cuidou
Meu Deus quem vendou meus olhos?
Não acreditava em seu amor
E você sempre tão paciente esteve ali
Provando-me o contrário
Amando-me
E eu cega em meu egoísmo
Querendo mais, mais, mais.
Deixe-me novamente cuidar de você
Preparar-te o café da manhã
Como sempre fazíamos
Ser acariciada por ti nas manhãs de nossa rotina
Deixando a luta lá fora muito mais tolerante
Não quero mais saber dos erros que cometeu
Amo-te e o perdôo com o coração ainda pequeno
Por ter desperdiçado tanto tempo sem você
Por ter ouvido quem nunca amou assim
Por ter dado importância ao que não deveria
Não há o que se fazer nessa vida sem você
E agora em prantos quero gritar ao mundo
Que nunca existiu pra mim a importância em lhe perdoar
Mas assim sendo imposto
O perdoei...
Desde o primeiro instante
Nunca lhe esqueci
Nunca deixei de lhe pertencer.
Sou só uma metade,
Sou só uma sombra,
Sou só um corpo.
Desde que lhe deixei
Minha alma ficou trancafiada junto a tua
Esperando que eu regressasse ao meu habitat
Chamando-me a realidade
De que você é o meu lugar neste mundo
Por isso nada me valia nada me contentava.
Estava deslocada, em terra de estranhos.
Não havia mais brilho em meus olhos
E neste momento as lágrimas os lavam em verdade
Para que possam voltar a brilhar este amor
Renovando-me por dentro deixando-me pronta, inteira.
Veja meu amor, estou aqui lhe entregando novamente.
Minha vida em suas mãos
De alma lavada sem mais nada a abalar
Vou poder novamente ser só de você
E você só de mim
Vamos viver o que a vida nos deu de presente
Este amor que esta me ferindo por não saber compreendê-lo
Ama-me meu amor
Que o mundo eu enfrento
Ama-me
Que por tudo eu ultrapasso
Ama-me, alimenta-me de vida.
Que serei sempre por ti
Pra ti
Em ti

Senhora Morrison
26/06/2006
 
Ao meu amor

Liberta...

 
Livra-me do seu sentimento de posse.
Amar, não sabe o que é.
Livra-me do seu moralismo vil.
Honra, nunca tivestes.

Ris da dor alheia
Mas não suporta a tua própria
Engenhava-me mais sofrimento
E tivestes minha devoção!

Chama-me verme
Julga-se forte, viril.
Mas faz-me seu escoro
Seu chão, para que pise, pise...

Só sabe ploriferar o medo
Ganhas-me no grito
Violenta minhas entranhas
Sempre que se sente só

Eu que parecia lhe dever
Nunca ousaria seus olhos
Dei-te a submissão
Fui-te um depósito de gozos, esporros...

Era só o que valia
Só o que me fazia valer
Diante de um semblante psicótico
Acompanhava-me da incapacidade

Almejar-se-ia seu reconhecimento
Se não lhe descobrisse agora
Tão fraco, tão fora.
De realidade que ainda desconheço

Tu foste meu primeiro, meu único.
E com mãos de ferro
Marcava-me com sua brutalidade
Com prazer em me sangrar

Jamais saberia ter força olhando estas marcas
Não poderia sequer tentar fugir
De sua presença negra e duras palavras
Mediante suas perspectivas

Nunca tiveste um horizonte
Não me mostraste as rosas do mundo
Deixara as pétalas a outras
E me enfeitava de caules e espinhos

Acostumaste-me a pouco amor
Mas minha alma já cumpriu sua sentença
Agora que com fôlego caminho para a luz
Sinto-te ainda mais agressivo

Nunca me ganhaste
Não me amedronte
Mesmo em flagelos irei recomeçar
Aqui ou em qualquer lugar

Vou curar minhas feridas
Com minha saliva
Tenho a mim
E isto me basta

A dor me abriu os olhos
Vejo-me tão capaz
Vejo que te suportei além
Sozinha será mais brando.

Suas ameaças já não me martirizam
Tão pouco o cumprimento
Nunca tive nada a perder
Não me destes nada

Vou antes de tudo acontecer
Antes que nada se faça
Ainda que respiro
Agora que me livro...

Então dormes homem
Que ontem foste digno do meu amor
Dormes que enquanto isso
Vou para onde não alcance seu cheiro

Que seja embalado em sonhos malditos
De murmuras e lamentos
E que quando desperte
Tenha uma vida em sofrimento

Aqui jaz tudo que fui pra ti
Neste ímpeto de coragem
Deixo-te, a querer que esqueça.
Que um dia existi...

Senhora Morrison
30/05/2006
 
Liberta...

Desculpe-me por ainda te amar

 
Desculpe-me
Pelo corpo sem controle
Pela falta de pudor
Por faltar-me o ar
Desculpe-me
Por não saber
O porquê desse domínio
Que você exerce sobre mim
Desculpe-me
Sei que não devo querer-te
Desculpe-me
Pelo chão que falta
Pela falta que você faz
Sou ré confessa
Do crime de te desejar
Das lembranças
A tomarem conta de meus sentidos
Trago sem explicação
A sentença de não poder vivenciar
Essa vida ao seu lado
Em seu toque sou arrebatada
Em meio aos sentimentos
E à imagens translúcidas
Não materializadas
Nesse momento só tenho a certeza
Que em outra vida
Fomos muito felizes
Desculpe-me
Por não ter conseguido harmonizar esta
Por não ter te esperado
Desculpe-me
Por ainda ama-lo

Senhora Morrison
10/01/2007
 
Desculpe-me por ainda te amar

Poema de Amor

 
Poema de Amor

Ah! Meu amado...
Como expressar-te tanto...
Como dizer-te que não há viver sem os olhos teus...
Faltam-me as palavras...
Não me cabe o sentimento...
Extravasa, transborda...
Toma forma...
E segue até você...
Como um imã...
Como um rio que deságua no mar...
Como noite pós dia...
Dia pós noite...
Desesperadamente...
Inevitavelmente...

Ah! Meu amado...
Como dizer que morreria pelos lábios teus...
Que me aquecem...
Fortalecem-me...
Desfalecem-me...
Reescreveste minha história...
Quando cruzastes os meus olhos...
E me tocastes...
Pela primeira vez...
Num singelo cumprimento...
Renasci...
Para enxergar as estrelas...
Ouvir os sinos...
Sentir o frio, os tremores...
Perfurmar-me em jasmim...
Degustar você...
Viver um final feliz...
Eterno...

Ah! Meu amado...
Amar-te-ei enquanto me houver consciência...
Enquanto me houver vida...
Onde quer que seja...
Sinta meu querer bem...
Afagar tua alma...
Padecerei por ti...
Se assim for preciso...
Pela eternidade...
E ainda assim...
Desperta...
Completa...
Repleta...
De nosso sublime amor...

Ah! Meu amado...
Almejar-te-ei respirar você...
Em necessidade vital...
Fui inventada pra ti...
Não me soa melhor, outra serventia...
Veleja-me em puros sonhos...
Deságua em mim teu ser...
Que o desejo não finda...
Num paradoxo corporal...
E em fôlego divino...
Somos o que sempre quisemos ser...
A pura mágica de somente sermos...
Incontestáveis...
Inabaláveis...
Imensuráveis...
Amantes...
Amo-te

14/06/2006
Senhora Morrison
 
Poema de Amor

Perdoa-me

 
A porta se fechou
Ainda vejo o brilho dos seus olhos
Senti-te tão pesado
Hoje...
Ontem...
O que quer me dizer?
Não, não diga nada.
Deixe pra depois
Vamos tomar um vinho...
Em silêncio
Quero te observar
Faz tempo...
Faço-lhe um cafuné
Massageio seus pés
Aceite meus afagos
Por favor
Estou aqui
Juro que vou estar
De hoje em diante
De agora em sempre
Perdoa minha ausência
Ensina-me a compartilhar
Percebo agora
Amo-te
Nossa! Como te amo
Talvez fosse preciso
Enfim acordei
Mas...
Deixa-me amar-te
Perdoa-me
Por tudo,
Pelo nada
Vamos recomeçar
Dê-me esta chance
Sei que não mereço
Mas dê-me
Conseguistes abrir meus olhos
Então me deixe trilhar a luz ao seu lado
Deixa-me amar-te
Somente amar-te.

Senhora Morrison
26/05/2006
 
Perdoa-me

Farta

 
Chega estou farta...
Não tenho mais motivos pra chorar
Porque deveria?
O nosso amor não vingou...
Quero respirar
Deixe-me ir...
O que me demonstras é esse seu medo egoísta
Em ficar sozinho
Não prenda minha vida
Desvencilhe
Acabe logo com tudo
Seja piedoso
Dei-me um único golpe
Deixe-me uma única dor
És incapaz...
Já não terei mais você então...
Deixe-me
Vou caminhar sem você
Monte outro palco pro seu espetáculo
Neste nunca houve papel pra mim...
Não quero ser um segundo plano
Amo-te
E por isso vou partir
Não és feliz
Aceite fracassamos
Isso me dói
Estou a morrer
Ensinastes-me a morrer...
Ouça a vida nos chamando
Vou-me antes que ela se cale
Quero viver
Para ver-te feliz
Ficarei com o doce das lembranças
Que me são tão amargas neste momento
Não quero mais suas palavras
Não vê que não me convences
Estou farta...
Meu coração se cansou
De falsidade...

Senhora Morrison
 
Farta

Oh! Gente Amiga

 
Oh! Gente Amiga
Terás o dia
Oh! Gente amiga
Que do peito escorrerás
O pretume pertinente
De travadas batalhas
E corações doentes
De olhares incisos
A um só umbigo (o próprio)

Musculaturas tensas
E línguas afiadas
Agridem almas
Mesmo que armadas

Chegarás o dia
Oh! Gente amiga
Em que a neblina do egoísmo
Exalada de nossos poros
Encobrirá todos os olhares
Endividando os dignos
Com tanta soberba
Que tomaram isso como benefício

Retornarás ao dia
Oh! Gente amiga
Inconscientemente a memória infante
Abaixo da sombra dos errantes
Onde de constante a derradeiro
Foram o teu e o sorriso alheio
Num todo verdejante, colorido.
Perguntarás enfim:
_ Como terás se extinguido?

Refletirás o dia
Oh! Gente amiga
Todo infortúnio e fúteis bravezas
De se por a vaidade
Do que a gentileza
Por um instante em seu leito
Perceberás
Que de com ferro as flores
E a tantos amores
A ferida estagna ao peito

Reconhecerás um dia?
Oh! Gente amiga
Que o sofrimento a ti pertence
Em ter sido tão pertinente
Virando as costas à divindade
De uma vida sem maldade
Em troca de satisfações temporárias
Em corridas contrárias
Devastando a si e a teu redor
Deixando tudo cada vez pior
Esquecendo-se do fato nocivo
Que para morrer basta estar vivo

Renegarás os dias
Oh! Gente amiga
Que os fantasmas de sua condolência
Nutridos com tanta veemência
Submeterá-lhes ao condigno penar
De para trás não poder voltar
Bestificado então com a demência antes honrada
Depara-se com a realidade macabra
De ter contribuído ao fim
De um mundo deixado não só a mim

Senhora Morrison
09/04/2007
 
Oh! Gente Amiga

O que foi feito...

 
Que vazio é esse que nunca se vai?
Que amor é este que nunca encontra seu Senhor?
Por onde você anda que não vem me tirar dessa angústia?
Até quando sofrerei por almejar o grande amor?
Por onde vagam os fiéis crédulos do amor?
Será que não sobraram sentimentos neste mundo injusto?
Onde estão os sinceros e singelos sorrisos?
A busca do amor deveria realmente, estar neste árduo caminho?
O que foi feito da gentileza, dos sonhos cor-de-rosa, da compaixão?
Quem roubou as boas lembranças, nos tornando tão amargos e sozinhos?
Impedindo-nos até mesmo de sermos gratos?
Até quando vamos nos acostumar?
Quando vamos destruir a infelicidade e criar forças para lutar pelo amor?
Quando vamos nos convencer de que podemos ser felizes?
Quando?

Senhora Morrison
07/02/2001
 
O que foi feito...

Explicações?!?

 
Quero entender este mal que me ronda
É só sentir-se perto e tudo lhe escapa
Sempre tão distante...
Sempre tão limitado...
Será que estará ao nosso alcance algum dia?
Não ter o motivo, desencoraja
Se o amor é o que permanece,
Porque não nos amamos?
Estamos sempre vivenciando a discórdia, o desamor, Por quê?
Pra que?
Será insignificância ou teremos explicações no fim?
E se não houver o fim?
E se não houver explicações?
Vamos em frente
Multiplicamo-nos
Exterminamo-nos
É sempre tão corriqueiro, mas as dúvidas não têm fim
Seremos felizes ou já somos?
Teremos outra chance?

Senhora Morrison
 
Explicações?!?

A você

 
A você...

A noite fria
Suas mãos quentes
Percorrem minha geometria
Sentes minha pele
Delira
Num ato inconseqüente
De puro fogo
Cruzamos a linha dos limites
E em terra desconhecida
Caminho em suas palavras
Chama meu nome
Faz-me tremer
Em linguagem de corpos
Estou entregue
Totalmente
Embalados pela fria noite
Tendo a lua como única testemunha
Em uma atração inevitável
Procuramos-nos
Tendo a sede como guia
Iremos nos saciar
De carne,
De um desejo incontrolável,
Que não nos deixa esperar
O momento é este
E como animais
Em puro instinto
Devoramos-nos
Em fúria
Com força
Segura meus quadris
Fazendo-me sentir-te
Inteiro,
Sussurra palavras obscenas ao meu ouvido
Isso é assim que quero
Neste momento não sou uma dama
E não me tratas como tal
Havia me estudado?
Como sabes tanto do que gosto?
Demonstra-me sua virilidade
Consuma-me a bel prazer
Quero a satisfação
Deixe-me olhar-te agora
Seu rosto com expressão tão excitante
De pura imponência
Assim... Peça-me o que quiseres.
Não resisto e você já descobriu
Observa-me dançar em você
Escuta meus gemidos
Preencher o vazio desta noite
Acaricia-me em contemplação
Sabes conduzir com excelência
Irá me viciar,
Dizes o que quero ouvir
Toca-me onde quero ser tocada
Beijo-te camuflando os gemidos
Misturados em medo, dor, excitação.
Suga de meu seio
O desejo de me fazer pairar
E ainda mais úmida
Sinto-te... Ah! Como te sinto.
De corpos colados
Um tremor eloqüente toma-nos
Rege-me numa perfeita sinfonia
Convencendo-me a querer-te ainda mais...

17/07/2006
Senhora Morrison
 
A você

O Troféu

 
Queria vê-lo feliz.
Queria poder participar de sua felicidade...
Queria poder te fazer feliz...
Gostaria de voltar atrás...
Gostaria de não ter vivido aquele dia...
Não daquela forma...
Gostaria de não ter te conhecido.
Gostaria de poder arrancar meu coração do peito...
Joga-lo fora,
Este nunca mais pertencerá a ninguém.
Estou confusa
Você nunca me pertenceu
Você nunca me indagou!
Você sempre acreditou no que eu sou de verdade...?
Você sempre me respeitou...?
Você vendou-me,
Enfeitiçou-me
Mas você nunca foi meu
Como posso te querer tanto?
Se você nunca foi meu...
Como posso te amar tanto?
Se você nunca me amou...
Você procurava refúgio...
E eu estava ali...
No lugar certo
Na hora certa
Você me conquistou no primeiro olhar...
Ali naquele instante...
Eu já me sentia sua
Mas você nunca foi meu
Foi tão mágico...
Como um conto de fadas...
Tudo se encaixava
O seu olhar
As suas palavras...
Os seus carinhos...
E enfim...
Os beijos...
Tudo passou a ter sentido
Encontrara um homem de verdade!
Mas você nunca me pertenceu...
A partir daquele dia
Eu era só desejo
Em estar ao seu lado
Mesmo só para estar
Mas você nunca foi meu
Os dias foram passando
E mesmo que eu falasse que não...
Eu tinha esperanças...
Cheguei a ter certezas...
Com você!
Então tudo começou a ficar confuso
Eu já não sabia mais como agir
Foi quando aquela noite chegou...
Noite que jurava te ver...
Estar ao teu lado...
Mas invés disso...
A descoberta!
Você pertencia...
À outra
E eu?
Não havia mais espaço pra mim?
Nunca houve
Meu mundo desmoronou
Eu não sabia mais em que acreditar
Estava tudo tão bem
Não estava?
O que aconteceu?
Porque fizestes isso comigo?
Porque me encostaste a um canto qualquer...
Como um troféu!
Possuístes a arte da dissimulação
Não posso acreditar nisso
Provastes-me o que meus olhos não queriam enxergar
Tornou meu sonho cor-de-rosa no mais rígido breu
Senti-me traída
Humilhada
Não era isso que queria
Nunca foi
Você nunca foi meu...
Agora te observo a distância
Almejando... ainda sua felicidade
A minha penduraste como prêmio
Em qualquer lugar...
Agora me obrigo a acreditar
Que nunca
Nunca fui sua...

Senhora Morrison
02/05/2006
 
O Troféu

Camila

 
Estava lá em frente àquele enorme portão recostado indicando que aquele lugar não recebia muitas visitas...
E não conseguia acreditar no que aquela senhora havia lhe dito. Lembrou-se das últimas palavras dela:
_Já que acreditas tanto no que diz vá até lá e veja novamente você mesmo o túmulo dela no cemitério da cidade...
Como assim novamente?
Aquela senhora parecia estar me tratando com tanta intimidade?!? Estava lá em frente àquele enorme portão recostado indicando que aquele lugar não recebia muitas visitas...
Parecia já me conhecer, ou... Não estar falando comigo... Parecia dirigir-se a alguém dentro da casa, o senhor que abriu a porta pela primeira vez, talvez...
Isso tudo estava muito estranho...

Na noite anterior Sergio homem farrista que adorava ir ao seu baile como de costume fazer todos os sábados à noite e estava disposto a mais uma tentativa em conquistar alguém para colorir, reavivar seus dias tão solitários, vivia sim muito sozinho e procurava na noite encontrar aquela que pudesse amar e ser amado, estava cansado de tanto vazio e:
_Nossa que mulher linda!!!
Sergio deparou-se com Camila, uma jovem loira de corpo esbelto e rosto de porcelana, ficou louco, esta pequena jovem ele ainda não tinha visto pela vizinhança, mas parecia já conhece-la, aparentava vinte e poucos anos de pura tentação uma expressão angelical que o deixava ainda mais atordoado. Aproximou-se dela e a chamou pra dançar, em gestos graciosos ela aceitou, se divertiram a noite toda, conversaram, dançaram, riram e Sergio estava encantado e percebeu que ela não poderia ser só mais uma na multidão seu coração estava muito ansioso por este encontro e não poderia ter se enganado, ela era especial e ele conquistaria seu coração e a teria para sempre.
Camila também se sentiu muito atraída por Sergio um moreno alto de cabelos negros lisos e olhos verdes e astutos, expressões convincentes, e um cavalheirismo encantador, mas parecia que ela já sabia que o iria encontrar.
Foi uma noite perfeita para os dois, Sergio não havia sentido aquilo por ninguém até então, nem Camila.
Já exaustos e eufóricos com a companhia um do outro se dirigiram para a saída do baile de mãos dadas, ele nunca havia feito algo nem parecido, sempre saia sozinho, parecia nem ser percebido até encontrar Camila.
Foram surpreendidos por uma intensa chuva, Sergio todo solicito despiu-se de seu casaco e vestiu em Camila para que ela se molhasse o minimamente possível.
Caminhando, Camila resolveu encerrar a perfeita noite dos dois pedindo para que fosse acompanhada até sua casa.
Sergio meio contrariado, pois queria eternizar aquela noite, respeitou o pedido da linda jovem e foram para casa de dela.
Chegando ao portão sem resistir Sergio tentou um primeiro beijo, Camila esquivou-se de início ele tentou novamente passou a mão pelo seu rosto e disse o quanto ela era linda e o quanto estava fascinado pela sua pessoa, Camila sorriu um sorriso tímido e misterioso, e cedeu ao pedido daquele rapaz tão bonito que estava a sua frente, enconstaram-se os lábios e Sergio sentia seu corpo queimar, apesar dos lábios dela estarem gelados, com certeza pelo frio que fazia aquela madrugada, ele sentiu que precisava vê-la novamente.
Deixou seu casaco pra que ela pudesse entrar em sua casa com a mesma “proteção”, e com isso ganharia a desculpa de vir a sua casa no dia seguinte para “buscar o casaco”.
Camila aceitou a oferta e, abriu seu portão, e mandou um beijo entre as grades para Sergio, dizendo:
_Boa noite Sergio Machado, despedindo-se assim dele.
Sergio voltou pra sua casa eufórico, já fazia mil planos com Camila pensou até em casamento, em filhos com ela, que loucura foi só uma noite como poderia ele estar tão enfeitiçado.
Chegando a sua casa, foi diretamente para seu quarto queria pensar em Camila lembrar cada detalhe daquela noite, cada gracioso gesto, cada lindo sorriso, cada palavra pronunciada com tanta delicadeza e perspicácia Sergio estava enfim apaixonado o cupido havia lhe acertado em cheio.
O sono foi lhe consumindo com dificuldade, queria dormir somente se fosse pra sonhar com ela, Camila que lindo nome.
E assim finalmente adormeceu.
Na manhã seguinte Sergio despertou e a primeira coisa que veio a sua mente foram os olhos de Camila, levantou-se apressado produziu-se para ir buscar seu casaco, é buscar o casaco.
No caminho ia pensando no que dizer, que palavras deveria usar, queria impressioná-la deixa-la sentindo por ele a mesma emoção que o estava contaminando.
Parou em frente ao seu portão, e lembrou do beijo que ela mandara entre as grades, e num ímpeto chamou seu nome: _ Camila!
Alguns segundos se passaram, mas pra ele pareciam uma eternidade não via a hora de olhar aquele rosto lindo novamente então: _Camila!
Um senhor já de idade saiu na porta e perguntou: _ Pois não?
_Olá estou procurando por Camila... Sem que terminasse a frase o senhor bateu a porta deixando Sergio sem entender absolutamente nada, simplesmente abismado do lado de fora, ficou alguns minutos inerte em frente ao portão olhando para a porta que tinha sido fechada com tanta, falta de educação, Sergio nunca havia passado por isso vinha de família de bons costumes e que nunca deixavam de ser educados, nunca.
Conseguiu escutar um diálogo que vinha de dentro da casa:
_Quem era?
_Ouvi alguém chamar por Camila.
_Hora Ronaldo você deve estar ficando louco.
_Devo estar Rosa, devo estar...
E num sentimento de revolta misturado com uma curiosidade insuportável de saber o porquê de aquela porta ter sido fechada daquele jeito resolveu chamar novamente:
_Camila!
Nada aconteceu, chamou novamente:
_Camila!
Sem entender que mistério era esse, afinal só queria rever a mulher mais encantadora que havia conhecido até hoje, chamou de novo:
_Camila!
Desta vez uma senhora apareceu semblante doce, e olhar perdido atendeu a porta:
_Olá senhora, boa tarde me desculpe incomodar, mas é que estou procurando por uma moça o nome dela é Camila ela está?
A senhora de olhar agora desconfiado faz um gesto que Sergio entende como, entre.
Ele abre o portão e adentra pela escada de poucos degraus que o levavam até a porta em que estava parada a senhora.
Chegando à porta pode ver um retrato de Camila pendurado na parede e disse:
_ É aquela moça que estou procurando, estive com ela ontem à noite, e a trouxe até aqui, deixei um casaco meu com ela e vim buscar. Ela está?
A senhora com um rosto severo olhando para dentro da casa indaga?
_Você só pode estar de brincadeira?
Sergio assustado pensou em cada palavra que havia dito com medo de ter cometido alguma indelicadeza, e responde:
_Não, claro que não, eu não teria nem motivo para tal.
E de forma alterada, quase descontrolada a senhora diz:
_Mas você realmente gosta de perturbar meu juízo o que você diz é algo sem propósito a Camila não mora mais aqui!
Sergio espantado com a resposta tão grosseira daquela senhora de semblante inicialmente tão doce, se pergunta o que deve ter acontecido, mas releva, ela deveria estar em um mau dia:
_Mas minha senhora, como não se a deixei aqui ontem?
_Você sabe muito bem que ela não esta mais entre nós e pare de atormentar.
Sergio não estava entendendo parecia que as palavras daquela senhora o atingiam como igual a um bombardeio.
_Como assim, estou dizendo pra senhora que passei a noite com ela ontem.
Dando as costas para porta entrando pra dentro da casa com uma voz chorosa à senhora diz:
_Pare com isto ela esta morta há sete anos e isso que diz é um absurdo, não tente criar esperanças, aceite, por favor, aceite.
Sergio sentiu a vista embaralhar e as pernas fraquejarem, e balbuciando:
_Me desculpe senhora, mas absurdo é o que a senhora me diz.
Recobrando o ar e novamente alterando a voz:
_ Já que acreditas tanto no que diz vá até lá e veja novamente você mesmo o túmulo dela no cemitério da cidade.
Sergio saiu dali mais que depressa, mas teve que parar um pouco para respirar, não conseguia acreditar aquilo tudo só poderia ser uma brincadeira, de muito mau gosto, mas tinha de ser uma brincadeira, então em um estalo resolveu ir até o cemitério verificar esta história, ficou receoso, mas tinha que ir até lá aquilo tudo estava enlouquecendo-o.
Quando chegou deu-se de frente a um enorme portão recostado indicando que aquele lugar não recebia muitas visitas, Sergio não conseguia acreditar, mas, estava na frente do cemitério. Respirou fundo, entrou olhou a sua volta e procurou a administração, mas não encontrou ninguém, Sergio foi andando por entre aqueles túmulos sem saber direito o que estava fazendo ali, deu uma olhada ao seu redor, e como obra do destino encontrou a foto de Camila, ela estava com o mesmo belo sorriso e abaixo de sua foto em sua lápide a dita:
“Aqui jaz Camila Machado Zanin
* 1968
+ 1991
Saudades de seu marido Sergio Machado, pais Ronaldo e Rosa Zanin,
Parentes e amigos”
Sergio aproximou-se até ele e não conseguia acreditar no que via, era ela, era Camila e ela estava morta, mas como? Como isso poderia ser possível?
_Meu Deus é Camila, minha Camila!
Sentiu o chão fugir de seus pés em uma vertigem abaixou-se diante seu tumulo com uma das mãos no rosto tentando colocar seus pensamentos em ordem, e em desespero, olhos incrédulos percebeu que atrás dele havia algo que lhe parecia familiar, deu alguns passos ainda abaixado e alcançou seu casaco estirado atrás do tumulo com um bilhete:
_Me desculpe por tudo adorei a noite que passamos juntos, fiz isso somente para que desperte para sua nova realidade e trilhe de uma vez seu caminho comigo na eternidade...
Beijos sua Camila.
 
Camila