Uma Linda Canção de Esperança
Uma Linda Canção de Esperança
Hoje,
consegui abandonar os pensamentos
E do mirante da paz,
descansei os meus olhos
em águas tranqüilas
Como planta seca,
embriagando-se
em chuva suave,
assim me senti...
Os seus olhos
me ensinaram
uma linda canção
de esperança
E no silencio das
minhas atitudes,
entreguei à minha paz
aquela doce lembrança
Furioso, o tempo se inquietou...
Juarez Florintino Dias Filho
Olhos e Pedras
Olhos e Pedras
Acho que sempre estiveram parados,
Cravados em paredes de alguma cor,
Que cor alguma me era percebida
Mas um dia
Eles passearam pela mesa dos poemas
E pousaram sobre lindas pedras
Pedras que nunca haviam cobrado coisa alguma
Apenas um pouco de atenção
E ao contemplá-las, sorriram-se
Como elas brilharam, incessantemente
Assim começou o amor dos meus olhos
Por aquelas pedras preguiçosas
Espalhadas pela mesa
Derramadas como lágrimas de boa nascente
E elas continuaram a nada cobrar
Apenas o melhor que os meus olhos
Podiam dar...
Juarez Florintino Dias Filho
Não Queira
Não queira
transformar os meus pequenos pés
e as minhas imensas asas
em largas e profundas raízes
não queira
Não queira
sobrepor a
sua realidade cinza
à minha colorida esperança
não queira
Juarez Florintino Dias Filho
Ensina-me
Ensina-me a não te querer
Como poderiam os teus olhos aos meus explicar
Que no teu coração não há lugar para o meu?
Sei o quanto procuro te esquecer,
Sofro ao não tentar te rever
Também sei que tua presença
É o que há de mais distante.
Que teu sorriso e felicidade
Não caminham à minha procura
Não posso falar-te,
Nem tão pouco, por muito tempo olhar-te
O mundo distante em que habito agora,
Criado pela tua indiferença à minha alma
Tornou-se parte de uma prece,
Que vive sussurrando a tua felicidade
Ensina-me a não te querer...
Um Velho na Estrada da Vida
Era uma tarde fria e ali estava eu,
Caminhando pela estrada da vida
A noite chegava, e à frente encontrei um velho sentado
Com os pés descalços e roupas tão humildes quanto o seu olhar,
Lá estava ele, de mãos trêmulas, pensativo...
Seus olhos pousaram nos meus e neles não havia brilho algum
Seu rosto procurava descanso, sem ânimo.
Sem entender, dos meus tristes lábios brotou um sorriso
Sem desviar os olhos ele começou a falar...
Contou-me das tristezas e alegrias de sua infância,
Falava devagar com a voz rouca, carregada de tristeza
Falou mais sobre a juventude e a alegria de ter tido pais amorosos,
E de ter constituído uma linda família
Não entendia o porquê da tristeza tão marcada naquele rosto,
Mesmo quando falava dos momentos mais felizes,
Sua expressão era a mesma.
Falou de Deus, dos pais e da família,
E sobre Deus, acrescentou que um belo dia pediu a Ele,
Para que conhecesse um verdadeiro amor,
Porque mesmo com tudo o que possuía,
O velho sentia-se um ser incompleto
Sofreu muito até ver atendido o seu desejo
E conheceu o grande amor da sua vida
Agora chorava a distância que o separava,
Dos olhos que iluminavam o seu coração
Ele tornou-se velho, não pelo tempo ou pelas experiências,
Mas pela eternidade que à cada minuto passava,
Longe de seu grande amor
Choramos juntos à sua tristeza
E ele disse que a sua história contou
Porque dos meus lábios, mesmo tristes,
Um pequeno sorriso brotou
E ali ele viu um sinal de esperança
A noite cresceu...
Monólogo de um coração
MONÓLOGO DE UM CORAÇÃO
As mais belas histórias
São criadas e contadas pelo coração
São toleradas e muitas vezes odiadas pela razão
E quando abortadas, são apenas doces memórias
Quando os sentimentos são sufocados pela razão
Perde-se a paz do coração
E morre-se intensamente em cada momento
Num longo e horrendo tormento
É o fim da criação.
Juarez Florintino Dias Filho
Caminhos
Bonito!
Bonito é quando
mãos e bocas se procuram
nos caminhos determinados
pela paixão
Lindo!
Lindo é quando
os olhos se encontram
no caminho escolhido
pelo coração
Juarez Florintino Dias Filho
A Porta
A PORTA
A paixão nos escolheu para si
Nos buscou em lugares distantes
E nos aproximou em pensamento
Tocou os nossos corações no mesmo momento
Nos levou por um caminho cheio de carinho e desejo
Aos olhos comuns, somos diferentes
Iguais, porém, à visão do amor
Quantas palavras!
Tanta jura de amor foi dita...
Finalmente esse caminho nos trouxe a essa porta,
que separa todo o mundo,
do nosso lindo universo de amor
Para trás ficaram todas as dúvidas,
e todos os medos
Fechada a porta,
as diferenças, esquecidas, ficaram
As poucas lembranças que trouxemos,
pelo chão, espalhadas e suadas descansaram
Algumas te acariciaram a pele
deslizando-se em tua beleza,
e agarrando-se em meu olhar
Vencidas e tranqüilas, agora repousam...
Depois de muita procura,
a minha boca encontrou a tua
Luta agora o nosso universo de amor
Para manter essa porta fechada
E o mundo lá fora esquecido.
Juarez Florintino Dias Filho
Outono
OUTONO...
Num belo dia, nublado e frio
Você descobre que envelheceu
Mais na noite passada,
Do que durante o descanso
Assustador dos últimos dez anos
Foi uma noite longa,
De farpas atiradas em todas as direções...
Momentos difíceis,
Como aqueles em que o silêncio reinava
Entre os corações estagnados
É manhã, e você percebe
Que a sua menina cresceu
E que agora você deixou
De ser o homem da sua vida
E que nunca mais será
A mulher que te beijava
E que pouco sorria,
Jamais a ti sorrirá
Sem pedras nas mãos...
O sorriso,
Que antes insistia em brilhar
Em teus lábios de menino,
Deu lugar ao choro incontido e perpétuo,
Apertado nesse coração,
Agora velho
...CAEM AS FOLHAS.
Juarez Florintino Dias Filho
Janelas D'alma
Em pedra confidente
Com os pés descalços e o coração frio
Falo, me calo e esvazio a mente
Deixo o meu corpo cansado, à margem do rio
Meus olhos caminham pela encosta, à frente...
Montanha abraçada e sufocada pela solidão
Abandonada, em meio a tanto silêncio...lassidão
No alto, os teus olhos recebem os meus com alegria
Eles se agarram e não mais se separam, como mãe à cria
Imensas janelas são abertas, além desse horizonte
Descortinando no infinito, a água cristalina
Na beleza dessa fonte,
Que repousa em tua essência, que me alucina
Crianças brincando em tardes de sol; lembrança distante
Campos soprados por brisa em noites de luar; quanto amor
Chuva fina beijando teu corpo, doce sabor
Flores acariciadas pelo tempo, eterno amante
Em pedra confidente,
Abraçado às tuas lembranças
Adormeci, sonhando...
Juarez Florintino Dias Filho