__Cor divina de um Tinto__
Entre dias e semanas
que passam a correr,
paro um pouco.
Degusto uma cor divina,
que se funde com a da vida,
que me percorre nas veias
e pelo corpo todo.
Relaxo! E como relaxo!!
Retorno à minha existência...
a essência do que sou...
e vivo esse instante,
sem passado ou futuro.
Soltam-se gargalhadas
no meio de risos tímidos
e ao mesmo tempo, atrevidos.
Como se brincassem numa partida,
a ver quem chega primeiro.
Fico baralhada
mas pouco importa.
À conta disso, solto outra gargalhada...e brindo:
_Viva a Vida!!...mesmo que dela sobre pouco!
A falta, que um poema me faz!
Estou sem verso
nem verbo para me definir.
Sou parte esquecida de Mim
e em cada rua que passo
cruzo-me num Eu que procuro
mas não encontro.
Sou reflexo de linhas em branco
de uma folha guardada mentalmente.
Já nem ouso deixar marca em papel
não vá alguém ler-me
e entristecer-se comigo.
Que falta me faz um poema
saído das minhas entranhas
nem que fosse arrancado a ferros
mesmo daqueles sofridos
ou que fosse,
que fosse...
daqueles de palavras doces
cheios de tudo.
Mas estou sem verso
e sem forma de me definir.
Que ironia!
Estavas triste.
Amargurado,
talvez a palavra exacta.
Entendia-te
no discurso que me oferecias
reconhecendo-me aqui
e acolá.
Se não fosses homem
diria que éramos a mesma pessoa,
mas não somos!
Dou por mim a compreender as minhas mágoas, as minhas aflições. As minhas lutas constantes para as questões que vou fazendo, para entender os porquês.
Mas os porquês, muito deles, não são entendidos ou para se entender.
A vida tem-me ensinado tanta coisa
e esta a ensinar a ti também.
Lá atrás, magoei-me em relação ao ser que És e ao que tivemos.
Hoje,
ouço-te e compreendo as tuas dúvidas e as justificações que dás para o que te incomoda e não entendes.
Transmitindo,
não conselhos, que não sou conselheira,
mas compreensão em sentimentos e emoções que me são familiares e muitos deles, ainda me correm nas veias.
Que ironia!
Acolho-te de coração terno
porque algo, que não consigo explicar,
faz-me ser assim para ti
(talvez sejam aquelas "coisas" do Universo).
Em paz...e agora sem dor
(mesmo que alguns assuntos ainda me magoem, da forma como te vi e fiz, dentro de mim).
Escrevo...porque escrevo!
Neste meu mundo pequeno
onde me escondo,
mas estou atenta,
escrevo ao que me proponho
e canto de tudo um pouco.
Umas vezes sai torto
outras, como se levasse um soco
do mundo maior
engulo o seu próprio veneno,
e nele me estendo
enterro-me...mas não morro
transformo a dor em superação
razão porque escrevo com emoção.
Neste meu espaço
onde tudo fica exposto
rego os verbos em escala
pois a vida não me salva
mas as palavras faço-as a gosto
e contorno-as em circulo
para que regressem sempre a mim.
Tal egoísmo, aparente
tem uma única explicação
pois são palavras tão de dentro
que o apego é evidente
como se um filho fossem
saídos do meu ventre,
Amor em expansão.
Fita dourada
Queria despir-me
de todos os sentimentos e emoções
de um tempo que foi.
Dobrar tudo direitinho
e colocar numa caixa vermelha com fita dourada
daquelas que ficam escondidas
num guarda fatos, no meio de tantos pertences
inacessível, não sendo.
Guardada religiosamente
para que um dia,
em espanto,
fosse descoberta por mim.
Fazer-me de esquecida
anos após anos
e já velhinha
surpreender-me, como se um presente fosse, de todo o meu passado.
__Deliberadamente__
Delineei
deliberadamente
as palavras que te escrevi.
Sem esforço,
foram desenhadas
com o intuito de chegarem até a ti
Ser senciente como eu.
Longe estava Eu,
(em crer)
que existia alguém no mundo como tu,
assim,
talvez um reflexo de mim
ou dirias tu,
um reflexo de ti.
Não importa!
E pouco importa saber dos porquês,
apenas reconhecer conscientemente
que assim é.
Faz tempo que não te vejo.
Deixei de ver a tonalidade desses teus olhos,
brilhantes e profundos.
Faz tempo que nada sei
desse teu sorriso em laço,
em forma de abraço,
do tamanho do que te cabe,
em ti ... e em mim.
Perdi a noção dos dias
porque o timbre da tua voz
já não chega aqui,
bem junto ao meu ouvido
num tom doce e delicado,
despertando-me para a vida.
Faz tempo.
Muito tempo!!
Mas o desenho das minhas palavras
não tira férias
nem se esquece da importância de as escrever,
deliberadamente delineadas
para chegarem até a ti.
Existem manhãs que não te sei
e assim se prolonga no dia.
Como se não existisses mais,
como se a cura,
de ti em mim,
tivesse sido descoberta
e finalmente é dado um suspiro de alivio.
Mas existem outras manhãs
em que o sentimento é feito lapa
ou feito de uma espécie de cola...que gruda
Que Mentira de Cura!!
Não fico triste.
E já nem me sinto amargurada como outrora.
Só não entendo o porquê de não te esquecer como ser amado.
Já rasguei o meu sentimento,
mas nada aconteceu.
Numa outra tentativa, cortei-o em pedaços tão desuniformes
para que nem em puzzle, fosse possível o encaixe
...e aí...perdi horas a fio,
tentando uni-lo,
chorando em pausas,
sempre que surgia a pergunta:
" Porque fizeste isto, menina?"
Afinal os porquês importam
ou Eu teimo,
finco pé
no não entendimento.
__Saudade__
Por onde começo...
não existem palavras para explicar
as Saudades que sinto
de Ti.
Se as estrelas surgirem,
eu não vou notar
se a Lua me chamar,
eu não vou ouvir
não
porque Tu não estás
aqui
ao meu lado
de mão dada
a sorrir.
Pediste para eu não chorar
(quando chegou ao fim)
Pediste para eu não ficar presa lá atrás
(quando Tudo Fomos)
Pediste para ficar apenas com a memória do que foi bom
(o que vivemos).
e Eu digo,
por isso é que não existem palavras para exprimir
o quanto me aperta no peito
essa Saudade.
Acredito,
que um dia te abraçarei de novo
eternamente
mesmo que seja em segundos
aí vou saber se estas bem
se os teus sonhos
escritos nas nuvens brancas da imaginação
ainda continuam bonitos
e realizáveis.
Saberei se estas Feliz
e se assim for
não vão existir palavras para te dizer
o quanto fico Feliz também
mas a Saudade
permanecerá intocável
dentro do meu Ser.
__Gosto__
A voz falha-me no verso
entre linhas
e páginas em branco.
Transcende-me a vontade em encontrar-me.
Será que me resta alguma sorte?
ou por motivos alheios
tu irás permanecer numa outra dimensão?
Escrevo pausadamente.
Não vá a palavra escapar
no nexo dos meus sentidos.
O que digo Eu para aqui?
Fico perdida num vazio que se estende por noites.
E as noites são tão longas e profundas
quando a tua mente te explora a toda a hora.
Manda-me calar num suspiro entre respirações ritmadas.
Prefiro fechar os olhos.
Envolvo-me no silêncio e sinto receio.
Receio de não encontrar resposta às perguntas que me faço.
"Porque temes tanto?"
"Porque não relaxas e deixas acontecer?"
Obrigo-me a um ritmo lento de estar e sentir.
Não penso!
Sem tormento, balanço-me carinhosamente, sabendo que lá no fundo, sem fundo...Gosto de Mim!!
Sinto a batida!
Na batida sinto!
Sinto o coração a bater de novo!
Metade da Lua é minha
e deixo a outra metade Ser.
Bela a luz que ilumina
e faz dos meus sonhos
o que quero viver.
E quando ela se esconde
e o Dia volta a nascer,
todos os raios de sol me dizem:
" Segue esse trilho, aquele de instinto
onde a tua alma se abriga,
onde tem toda a tua magia
e uma nova batida, faz florescer!!"
* Que seja de Excelência, o novo Ano! *
para todos!!
Queria ter o poder, de um sopro veloz.
Queria ter o poder, de um sopro veloz
para te alcançar e desalinhar da tua rota.
Contrariar o teu sentido
passar com os meus dedos
nas marcas mais pesadas.
Dizem que tenho um poder curativo
e eu desde já digo
não sou curandeira
e nada sei de medicina
mas falo do que acredito
e pressinto.
Queria tirar-te desse campo anímico.
Não te conformes na rigidez dos dias
nem deixes a esperança na rua ao lado.
Também não acredites em tudo
o que a tua mente te diz,
ela não sabe mais
que o teu próprio coração.
Talvez o meu sopro chegue...
talvez,
ou não...