A Borboleta e o Passarinho
Singela borboleta que voava,
Lutando pra poder sobreviver;
Não sei o que da flor ela tirava...
Absorvia o néctar pra viver?
Voando sem parar, à flor alcança;
Não resta muito tempo a perder...
Agora sobre a flor ela descansa...
A vida é curta e não pode morrer.
Voava sem maldade, junto a um ninho,
Sem perceber, vagando ali se via...
E de repente um cruel passarinho,
A pobre borboleta perseguia.
Não pode se esquivar do inimigo
Que num gesto traiçoeiro a tragou;
Jamais imaginou tanto perigo...
Aquele passarinho a devorou.
Seus restos ali se viam ai que pena!...
Como marca sobre a flor então ficou;
É triste recordar-me desta cena...
Pois lembra o amor que cultivou.
A Formiga
A incansável formiga
Trabalha sem reclamar.
Não sei se é remunerada
Ou gosta de cooperar.
Nunca vi uma formiga
Queixar-se que está cansada.
Trabalha por conta própria
Ou é assalariada.
Alguém diz, maldosamente:
- Formiga, também tem fome,
Dá duro sem ganhar nada;
Se não trabalhar, não come.
Formiga não tem preguiça,
Está sempre a trabalhar!
Não é como certos homens
Que querem só vadiar.
O Pássaro (O Sabiá)
O sabiá pousou
Na mais alta paineira...
Voou por entre ramagens,
E cantou, no meu pé de laranjeira.
Todo dia, o sabiá
Vem cantar no meu quintal...
Do meu pé de laranjeira,
Ouço o canto matinal.
O sabiá foi embora,
Voou e foi pra floresta...
Hoje, na mata distante,
Canta junto a uma orquestra.
Os pássaros ali gorjeiam
Numa grande sinfonia...
Sabiá lá na floresta,
Canta com muita alegria.
Sabiá estou lhe esperando,
Venha pra velha paineira...
E depois volte a cantar
No meu pé de laranjeira.
A Chuva
A chuva caía sobre a terra seca,
Molhando aos poucos até inundar;
Águas corriam pelo solo molhado,
Abrindo sulcos no chão, a rolar.
Pássaros voavam pra se abrigar da chuva,
Escondidos nas árvores encharcados;
Eu cá comigo a sussurrar sozinho:
Oh! Coitadinhos como estão molhados!
Pessoas correndo passavam por mim,
Procurando abrigo pra se proteger;
Umas enroladas da cabeça aos pés,
E outras ensopadas de frio a tremer.
E a chuva caía embaçando tudo...
Raios e trovões causavam terror;
Chegou à estiagem, e a chuva cessou,
Fazendo bom tempo com sol e calor.
Deixa Rolar...
Deixa rolar...
Quando você passa por mim
Esnobe seu jeitinho de amar...
Finja que olhou, mas não me viu,
E deixe o nosso amor assim rolar.
Talvez, ao voltar, você me veja,
Na roda dos amigos, a lhe esperar;
Não finja ocultar-me, sem falar,
Não deixe o nosso amor assim rolar.
E agora você passa com as amigas,
Não ouço seu jeitinho de falar...
Disfarça e faz de conta não me ver,
Deixando o nosso amor assim rolar.
Tristonho e sozinho vou-me embora;
De longe a vejo, assim se afastar,
Talvez, amanhã nos encontremos...
Deixemos nosso amor assim rolar.
Solidão
Passou por aqui, um dia,
A malvada solidão;
Insistente, ela parou,
Em frente ao meu portão.
Acho que foi atrevida,
Até sem educação...
Entrou sem ser convidada,
E ganhou meu coração!
Jamais eu imaginei,
Que a solidão, de repente,
Passou pra me visitar...
E conviver com a gente.
Hoje, triste e solitário,
Coloco-me a perguntar:
Quando você vai embora...
E no portão, quem irá parar?
Eu poderei ser feliz
Longe dessa solidão;
Se assim, a felicidade,
Visitar meu coração...
Se ela chegar, um dia,
E parar no meu portão...
Com prazer irei dizer,
Um adeus à solidão!
O Bonito-lindo (gaturamo)
(Gaturamo)
No pé de amoreira da minha vizinha,
Um bonito-lindo, por ali passou...
Num domingo, de manhã cedinho,
Na velha árvore, ele pousou.
Eu, o reconheci, ao ouvi-lo cantar,
Que por ali, passava um bonito-lindo...
De manhã cedinho, saí no portão,
E nas proximidades, eu fiquei ouvindo.
Ele alimentou-se comendo as amoras,
E alguns passarinhos, o pássaro imitou...
Então, saltitando, de galho em galho,
Ao me ver olhando, ele se assustou.
Há quanto tempo, eu não encontrava,
Um bonito-lindo, para ouvi-lo cantar;
Num domingo, de manhã cedinho,
Bem perto de mim, ele veio pousar.
Abrindo as asas, mergulhou no espaço,
Num gesto decisivo, o pássaro voou!
Ele deixou-me ali a esperá-lo ...
Partiu pra floresta, e não mais voltou.
A Lição de um Passarinho
Certo dia um garoto
Foi ao bosque passear;
Encontrou um passarinho
Numa árvore a cantar.
Perguntou ao passarinho:
- Por que está feliz assim?
- Para mim, meu bom menino,
Nunca tem tempo ruim.
Construí meu belo ninho
Num lugar bom e seguro...
Meus filhotes são mui lindos...
Tenho tudo o que procuro.
Deus me deu um bom abrigo
E comida pra eu viver;
Vivo livre neste mundo...
Tenho mais que agradecer.
O menino comovido,
Com o que disse o passarinho,
Foi pra casa bem contente
E feliz pelo caminho.
- Tenho um lar, uma família,
E sou tratado com carinho...
Eu posso considerar-me
Feliz como um passarinho!
O Homem e o Grilo
Certo dia, em um telhado, um pobre grilo,
Entrou em uma casa para “cantar”...
Achou que encontrou um bom abrigo;
Pensando que não ia incomodar.
O velho morador inconformado,
Xinga o grilo, e se põe a perguntar:
- Oh! Grilo horroroso e enfadonho...
Por que vieste aqui me importunar?
- Deste bairro, a tua casa eu escolhi...
Portanto eu queria te alegrar;
Não pense meu senhor, que aqui estou,
Querendo a tua casa para morar.
Disse ainda o grilo: Oh! Meu senhor,
Só vim, à tua casa hoje pousar!
Estou de passagem por aqui,
Por isso, para ti, eu vim “cantar”.
- Não gosto do teu “canto”, disse o homem;
Não quero mais ter aborrecimento...
Vai embora teu intruso, intrometido;
O teu “canto” enfadonho, eu não aguento!
Teu cricrilar enfada-me, é um agouro...
Não quero o teu “canto” mais ouvir;
Some! Vai embora, grilo tolo...
E deixa-me em paz, quero dormir!
Saudades da Escola
Os meninos jogavam bola
No campo de futebol,
Da Fazenda Chá Ribeira
Onde ali brilhava o sol.
E como eu não gostava,
Nem entendia de jogo...
Não entrava na brincadeira,
Pois os meninos eram “fogo”.
Havia um tal de Indalécio,
De quem eu tinha pavor-
Batia em mim com a bola;
E eu, me retorcia de dor.
Porém, ao longo da estrada,
Bolinha de gude sem regra –
Jogo livre, sem demanda;
O ganhador então se alegra.
E se tratando de jogo,
Bolinha de gude à espera.
Quem ali se destacava:
José Muniz era fera!
Saudades dos velhos tempos,
Que guardo em minha vida!
Recordações da Escola,
Da minha infância querida!