A montanha
A montanha verde
a montanha estatua
a montanha cheia
a montanha larga
com tantas pedras
com tantas marcas
a montanha interligada
a outras montanhas
a montanha grande
a montanha alta
a montanha baixa
a montanha centopéia
as vezes altas
outras vezes baixa
as vezes sobe
as vezes desce
a montanha entre
as montanhas de concreto
a montanha da cidade
a montanha onde
voam os pára-quedistas.
De asas diversas
a montanha que toca
o lastre do céu
sem romper a forma
das nuvens que voam no ar
a montanha que cerca
uma cidade inteira
com sua cor única e verdadeira
a montanha que fica
enfrente a minha janela
encobrindo a única vista
que teria pro mar
a montanha nasce
em qualquer lugar.
A montanha tem um só
pensamento, fixar na terra
onde não desgruda nenhum momento
a montanha não ama,
nem chora, não sente dor,
não ri nem implora
o perdão de ontem e do agora
a montanha nunca envelhece
nunca sofre da velhice
nunca padece
a montanha nunca
sofreu, nem sofre
da solidão que sofre eu.
Assaltante de poesia
Ando por ai assaltando tudo que é inspiração
tudo que me traz a vontade de escrever
tudo que me deixa na secura, tudo de imaginação
poesia me encanta muito, me faz sentir prazer.
Olho tudo ao meu lado, faço comparação
faço rimas, crio metáforas, sou poeta pode crer
poeta menor, desconhecido lúrido a grande nação
fantasiado de um ser que não sou eu, outro ser.
Sou ladrão, marginal, assaltante da poesia
roubo os versos desta vida dura e crua
assalto palavras populares e até heresia.
Heresias mortas, vivas, heresias porcas, heresias
palavras doces, calma também tem na rua
assalto todas as imaginações que levam a poesia.
Uma rosa surgiu
Como que de imediato uma rosa
surgiu, como surge um minante
de águas doce de um lago qualquer,
surgiu como os pássaros alçando
voo numa parada continua, como
o vento do norte vindo do sul.
Surgiu uma rosa em meu jardim
e reacendeu a gênese suprema
de formação das espécies.
Surgiu como broto pequenino
e agora me olha bem crescida
da janela entreaberta.
Do mesmo jeito que suje uma luz
da mesma forma que nasce um fruto
da mesma forma que a mãe da a luz a um filho
ou do mesmo jeito que os olhos se fecham
e ao mesmo tempo se abrem,
do mesmo jeito que o big bang surgiu,
da mesma forma que a bomba atômica explodiu,
a rosa nasceu no canto meu, no peito
meu, nos olhos meus
na janela minha aberta com ventos
soprando em suas pétalas.
A rosa pela fotossíntese sugou meu amor
com a candura natural esterilizou meu
olhar fixado em cada pétala todos dias,
sua forma ascendeu minha pequena
chama de brasa viva.
Minha pequena prosa se desenrola
em toda postura tua que se forma, cada
dia é uma cor em minha vida vinda da
rosa que em minha janela está posta.
E no céu o que se repousa?
É o arco-iris, é o sol, é a lua, é as
estrelas, é os cometas, é os astros
e planetas tudo voltado para minha
janela em busca de uma linda imagem
longe, bem longe de ser miragem
a rosa doce, a rosa mágica, a rosa bela,
a rosa postada em minha janela.
Flor de brejo
Nos brejos das almas
nascem flores de todos
os tipos, tamanhos,
formas e cores.
Nascem flores mortas
sem formas, murchas
sem cores, nascem
brotinhos do nada.
Nascem flores lindas
nascem flores fortes
com o caule e raiz
fixado em cada sorte.
Encantado
Boca sua
Favo de mel
Você nua
Nuvem do céu.
Brilho da lua
Lua do céu
Também nua
Sem o véu.
Mar de amor
Cheiro e cor
Rosa mel.
Com fulgor
Linda flor,
Sonho meu.
Ponte da união
Quero ultrapassar a ponte
Que liga minha vida
A sua vida por um instante.
Qual será o caminho?
Caminho esse de ida
Não quero ficar sozinho.
Essa ponte é minha salvação
É a minha melhor saída
É a minha única direção.
A procura do teu calor
Ao encontro de tua vida
Em busca do teu amor.
Essa ponte é uma grande senda
Para qual seja escolhida
O que não é lenda.
Nessa ponte da união
Onde minha vida, sua vida
Necessita-se do coração.
A chave é a fidelidade
É o ponto de partida
Para conquistar felicidade.