Poemas, frases e mensagens de Helio.Valim

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Helio.Valim

Eclipse do Cometa

 
Eclipse do Cometa
 
 
Cometa de cauda rubra
perde-se no infinito profundo.
Na sua passagem se vislumbra
sensíveis mudanças neste mundo.

Causa de sutis e radicais impactos,
sua presença única e reluzente,
pactua contra todos os pactos
e segue seu rumo sem precedente.

De súbito seu eclipse aconteceu,
agora brilha em outro planeta,
arrastando todos até seu apogeu.

Como impacto da tal mudança,
o que fica na lembrança da memória
é o luminoso rastro de sua trajetória.

Homenagem ao cometa Rita Lee.
Inspirado na música “Eclipse do Cometa”, do álbum “Atrás do Porto Tem uma Cidade”.
 
Eclipse do Cometa

Vendaval

 
Vendaval
 
Vento, vendaval, ventania
irrompendo em vis torrentes,
atinge os mais carentes,
com toda a sua energia.

Turbilhão arrastando vidas,
em rajadas e ondas a imolar.
Esperanças e sofridas conquistas
perdidas nos movimentos do ar.

Discursos e promessas vazias,
atos e ações sempre por fazer.
Agora, apenas, orações são primazias.

O vento vai, o que restou fica.
Nada se faz, tudo se explica.
Mas, na verdade, nada se justifica!

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Vendaval

Pelo buraco da chave

 
Pelo buraco da chave
 
Ao contemplar a realidade
mediante ótica limitada,
perde-se a credibilidade,
pois, a certeza é eclipsada.

Preconceitos, pelas gretas,
são observados disformes
e, assim, odiosas facetas
são perdoadas incólumes.

Ao distorcer a verdade,
com tal visão bloqueada,
aceita-se vulgar insanidade,
como desculpa esfarrapada.

Esfaceladas, fluem hipocrisias,
através do buraco da chave,
que reforçam idiossincrasias,
sem ter a moral como lacre.

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Pelo buraco da chave

Não lugar

 
Não lugar
 
Contemplamos nossa existência,
convictos de vivermos
plenos de sã consciência,
certos do lugar que ocupamos.

Com o tempo, apesar da insistência,
detalhes afluem como sismos
demolindo conceitos de querência,
expondo, realmente, onde existimos.

Negamos lucidamente a demência
de placidamente compartilharmos
onde perdemos nossa essência.
Fingindo resiliência, sonhamos.

Com a vida expondo o fim da inocência,
logo do nosso lugar nos perdemos,
pois, vivemos a eterna impaciência
de estar onde, apenas, sobrevivemos!

O termo “Não lugar” (Non-lieux) foi estabelecido pelo antropólogo francês Marc Augé, em 1992, na obra: Non-lieux, introduction à une anthropologie de la surmodernité. Segundo o autor se um lugar pode ser definido como identitário, relacional e histórico, um espaço que não possa ser percebido dessa forma será entendido como um não lugar (uma encruzilhada, um local de passagem). O poema abraça, livremente, o conceito e o extrapola para a própria existência humana.

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Não lugar

Palavras revidam

 
Palavras revidam
 
As palavras revidam,
com alguma suavidade,
sem mudar o tom,
na régua da realidade.

Barram onda massiva
de ilações desconexas
que, na forma passiva,
reafirmam-se ineptas.

Ativistas frasais, textuais,
incisivamente, articuladas
em poemas factuais,
expõem verdades esfoladas.

Axiomas enevoados,
por falsas convicções,
devem ser contextualizados
com palavras em emoções.

Palavras marcam a verdade
com gramática incisiva,
quando reagem à leviandade
em eloquentes assertivas.

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Palavras revidam

Dia das mulheres combativas

 
Operárias revoltadas,
socialistas organizadas,
nas fábricas de tecidos
reivindicam seus direitos
justos, sem favoritos.

Operárias mortas,
presas em incêndio,
choram as costureiras,
não é um devaneio
apenas descaso alheio.

Operárias em greve,
estopim de uma revolução
por condições de trabalho,
contra um regime velho
revoltam uma nação.

Operárias do dia a dia,
gritam pelo justo salário,
brigam por única jornada,
não dupla ou tripla
e tentam ser respeitadas.

Mais que identitária
representa a luta por direitos,
a luta de classes, que ocorreu,
pois, quem brigou e morreu
foi a mulher operária.

Feridas e mortes reconhecidas,
sendo tal data representativa
das vitórias conquistadas,
pelo tempo, consagradas
a todas as mulheres combativas.
 
Dia das mulheres combativas

O florescer da esperança

 
O florescer da esperança
 
Espero, com veemência,
o florescer da esperança,
triunfando sobre a intolerância
confirmando a crença na leveza
de ramos revoando ao vento.

Aguardo por raízes fortes
crescendo no solo da confiança,
como árvore de grande porte,
frondosa, tal qual a perseverança,
firme, não cedendo ao vento.

Anseio por frutos amadurados,
tenros, pelo sol da convicção,
que adoçam sentimentos puros
atados, sem dúvida ou contestação,
a ramos que não vergam ao vento.

Acredito na colheita de expectativas
que produzem certezas maduras,
rejeitando pomos de intransigências,
semeando sensações ponderadas,
carreadas por improvável vento.

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O florescer da esperança

Memória rocambolesca

 
Memória rocambolesca
 
Rocambole é um doce,
simples, sem complexidade,
talvez, como se maná fosse,
em lembrança de tenra idade.

Memória rocambolesca, afetiva,
reminiscência inverossímil
de retórica, apenas, adjetiva,
que recorre à saudade pueril.

Registro, pelo tempo, alterado,
enquanto emula esquecimento,
desenvolve sentido desfocado.

Significante, sem um significado,
transforma antigo sentimento
em desejo de reviver o passado.

(Armadilha da memória)
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Memória rocambolesca

Beijo morno

 
Beijo morno
 
Terno vento quente acariciava,
suavemente, e moldava as flores.
Papel rosa crepom a tudo ornava,
embrulhando folhas em rúbeas cores.

Inflorescências de flores crespas,
onde onírica paleta, explodia em tons.
O branco, em díspar composição,
pintava-se rosa e vermelho coração.

O que interessava era a poesia,
mas, decerto, a brisa roubava a harmonia
balançando folhas e flores em heresia.

Beijava o rosto, envolvia a alma,
entorpecendo o todo, sem pressa,
sussurrando, mansamente, calma.

Um dia no início do outono...

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Beijo morno

Sumo vital

 
A Natureza mantém a estabilidade,
conectando seus elementos.
Fazendo-os capilarmente interligados,
garantindo, assim, sua continuidade...

Tal fluxo intenso desperta,
religa os indivíduos em ação,
que através de redes conecta
o ambiente à uma revolução.

Elos de intensa sustentação
entrelaçados por divina conexão,
continuamente, regados
através de perene adução...

A seiva flui provecta,
como sumo vital que preserva
a inabalável relação parental,
que une os seres desse mundo natural...
 
Sumo vital

Ciclo

 
Ciclo
 
O candeeiro suavemente se apaga,
enquanto na janela o sol aguarda
a intensa fuligem dissipar-se no ar,
para o provável alvorecer recomeçar.

Discretamente o amanhecer desponta,
colorindo campos, matas e encantos.
Enquanto a incerteza nos confronta,
a esperança banha antigos prantos.

Desenvolvendo lustroso resplandecer,
o dia extrapola em matizes de cores,
até perder-se em lento esvanecer.

Surgem languidas manchas escarlates,
envolvendo o intenso azul-celeste,
como manto roto, verdade inconteste!

Este poema completa o ciclo aberto com o soneto “Idílico e lúgubre”.
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Ciclo

Deepfake e a ética. Uma questão!

 
Deepfake e a ética. Uma questão!
 
Termo atribuído ao produto gerado por tecnologias baseadas em Inteligência Artificial (IA), para construção de realidades alternativas, seja com a troca de rostos em vídeos ou manipulação de áudios, onde vozes são simuladas. Além dessas aplicações existem os deepfakes textuais, gerados por “máquinas de escrita” e deepfakes nas redes sociais, com a criação de perfis alterados, entre outros.

O risco potencial do emprego das tecnologias de IA, nas situações citadas, é, por exemplo, gerar depoimentos audiovisuais de personalidades públicas ou pessoas comuns, vivas ou mortas, sem as devidas autorizações.

As pessoas atingidas podem ser apresentadas defendendo pontos de vista antagônicos às suas posições políticas, sociais ou convicções religiosas, ou mesmo, sendo-lhes imputada a defesa de crimes, visando incriminá-las ou aproveitar-se de suas notoriedades, sem consentimento, em discursos políticos ou, mesmo, em propagandas.

A questão é: qual é o limite ético do uso dessas tecnologias?

Leia o poema "Distorções midiáticas", sobre o tema do texto.
 
Deepfake e a ética. Uma questão!

Partes

 
Partes
 
Compartilhar partes
de um coração partido,
resgata antigos apartes,
sem nenhum sentido.

Se o conviver foi perdido,
não adianta persistir,
pois, não é concedido
reatar o que foi rompido.

Rupturas não são ranhuras,
apenas convicções quebradas
em relações inseguras,
como favas bem contadas.

Não dá para viver a colar
pedaços na busca do todo.
Não vale ficar sem ar,
propondo algum retorno.

Novos laços a entrelaçar,
inéditas relações a construir,
sem lamentos para lembrar,
apenas vidas inteiras a unir.

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Partes

Rock clássico

 
Rock clássico
 
O Rock torna-se clássico,
o tempo doma rebeldias,
a fama rompe ideologias
e dilui o sarcasmo ácido.

Sensos, constructos vitais,
se perdem na jornada,
assim como jovens ideais
são contidos na calada.

As paredes derrubadas
ficaram pelo caminho,
mas as pressões listadas
continuam no escaninho.

Cabelos esbranquiçados,
esmaecidas vozes roucas
gritam refrões aguçados,
mas sussurram notas turvas.

Rock, abstraído, é eterno.
Tal abstrata longevidade,
para além de toda idade,
renasce após cada inverno.

Desagravo a Roger Waters, um dos fundadores da banda Pink Floyd.
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Rock clássico

Uma pausa para o café

 
Coado em coador de pano,
servido em bule da ágata,
sorvido sem o correr insano
no viver de uma vida pacata.

O ritmo que flui com o cheiro
do café torrado e moído,
no tempo certo curtido,
guarda leve amargor brejeiro.

Memórias excitadas pelo olfato
evocam épocas de outrora,
atenuando a urgência do agora
presente nestes tempos de impacto.

Da correria do café expresso
quero a morosidade do café coado.
Mas, sem relutar, eu confesso,
qualquer café aprecio empolgado.
 
Uma pausa para o café

Partida fragmentada

 
Partida fragmentada
 
Sentindo a ruptura da partida,
parte-se com o coração partido,
perdido, em pedaços sofridos
na eterna agonia da despedida.

Partes ficam e aguardam a volta,
na certeza de um novo encontro.
Sem dúvidas ou inócua revolta,
sentidos anseiam pelo reencontro.

O todo sutilmente fragmentado
anseia pelo retorno da integralidade
na força do abraço tão aguardado.

Enfim, chega o momento esperado,
partes ansiosas retornam ao todo
que explode todo o sentir guardado.

A dor da separação

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Partida fragmentada

Renascer da verdade

 
Renascer da verdade
 
A estrela vívida, brilha,
renasce no horizonte!
Efervescente sol, resplandece
dissipando a névoa e a noite.

Nesse horizonte que se forma,
o novo despertar conforma
a esperança compartilhada
por velhos e novos camaradas.

O florescer de amizades forjadas,
por ideais e almas calejadas,
é a base desse renascer.

A realidade, no alvorecer do sonho,
reforça a certeza na força da verdade
ao acordarmos de trevoso sono.

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Renascer da verdade

Luz do irreal

 
Luz do irreal
 
Branca luz divide-se colorida, em meu sonho,
enquanto a imaginação se conecta ao irreal.
Através do sono, talvez dormindo, suponho,
anseio pela ponte para além do real.

Não existe fórmula certa, fujo do enfadonho,
busco algo fantástico, na aurora boreal.
Branca luz divide-se colorida, em meu sonho,
enquanto a imaginação se conecta ao irreal.

Entre devaneios perco-me em mundo medonho
distante de qualquer sinal de insanidade cordial.
Preso a dissimulado ritmo, ao qual me contraponho,
observo transmutar a luz alva do imaginar imaterial.
Branca luz divide-se colorida, em meu sonho!

Um pouco do imaginário... contraponto ao real.
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Luz do irreal

Decadência

 
Decadência
 
Conceitos supostamente consagrados,
rumam à decadência, sem elegância.
Sobrepondo-se a essa visão ofuscada,
explodem conceitos não encaixotados.

A tradicional concepção eclipsada
regurgita dogmas em enxurrada,
mas em qualquer momento crucial
o que importa é a emoção gutural.

Sentimentos oprimidos anseiam por explodir,
porque verdades semeadas precisam eclodir,
em realidades que necessitam coexistir.

Reunindo tribos, assumindo a complexidade,
dá-se espaço, à criatividade com a diversidade,
sem decadência, apenas com elegância!

Livremente, inspirado na música “Décadence Avec Élégance” de Lobão, interpretada por Zélia Duncan.
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Decadência

Denso limite

 
Denso limite
 
Convivo com a ansiedade
de ser o que já fui,
de viver o que já vivi,
ter o que já tive,
quando o que importa, na verdade,
é dizer algo sobre o agora,
e ter razão sobre não ter razão!

Sinto o tempo passar sem compaixão
nas bordas do destino dos que se vão,
sinto a densidade do vão,
sobrevivo a essa condição
que me empurra, sem dor,
para o limite da consternação!

Sofro com platitudes, como plumas,
a justificar a ausência de justiça
para meus pares, meus irmãos.
Anseio pela ladainha da oração,
no refrão de conhecida canção,
enfim, descompenso no limiar da inação,
mas, não deixo a alienação turvar a visão!

Grupo: Poesia no Caos
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Denso limite

"Viver é confrontar o caos no cotidiano,
evitando cair nas armadilhas da depressão."