Ciclo
O candeeiro suavemente se apaga,
enquanto na janela o sol aguarda
a intensa fuligem dissipar-se no ar,
para o provável alvorecer recomeçar.
Discretamente o amanhecer desponta,
colorindo campos, matas e encantos.
Enquanto a incerteza nos confronta,
a esperança banha antigos prantos.
Desenvolvendo lustroso resplandecer,
o dia extrapola em matizes de cores,
até perder-se em lento esvanecer.
Surgem languidas manchas escarlates,
envolvendo o intenso azul-celeste,
como manto roto, verdade inconteste!
Este poema completa o ciclo aberto com o soneto “Idílico e lúgubre”.
Participe do grupo: Poesia no Caos
https://www.facebook.com/groups/1218204639013511
Deepfake e a ética. Uma questão!
Termo atribuído ao produto gerado por tecnologias baseadas em Inteligência Artificial (IA), para construção de realidades alternativas, seja com a troca de rostos em vídeos ou manipulação de áudios, onde vozes são simuladas. Além dessas aplicações existem os deepfakes textuais, gerados por “máquinas de escrita” e deepfakes nas redes sociais, com a criação de perfis alterados, entre outros.
O risco potencial do emprego das tecnologias de IA, nas situações citadas, é, por exemplo, gerar depoimentos audiovisuais de personalidades públicas ou pessoas comuns, vivas ou mortas, sem as devidas autorizações.
As pessoas atingidas podem ser apresentadas defendendo pontos de vista antagônicos às suas posições políticas, sociais ou convicções religiosas, ou mesmo, sendo-lhes imputada a defesa de crimes, visando incriminá-las ou aproveitar-se de suas notoriedades, sem consentimento, em discursos políticos ou, mesmo, em propagandas.
A questão é: qual é o limite ético do uso dessas tecnologias?
Leia o poema "Distorções midiáticas", sobre o tema do texto.
Partes
Compartilhar partes
de um coração partido,
resgata antigos apartes,
sem nenhum sentido.
Se o conviver foi perdido,
não adianta persistir,
pois, não é concedido
reatar o que foi rompido.
Rupturas não são ranhuras,
apenas convicções quebradas
em relações inseguras,
como favas bem contadas.
Não dá para viver a colar
pedaços na busca do todo.
Não vale ficar sem ar,
propondo algum retorno.
Novos laços a entrelaçar,
inéditas relações a construir,
sem lamentos para lembrar,
apenas vidas inteiras a unir.
Grupo: Poesia no Caos https://www.facebook.com/groups/1218204639013511
Rock clássico
O Rock torna-se clássico,
o tempo doma rebeldias,
a fama rompe ideologias
e dilui o sarcasmo ácido.
Sensos, constructos vitais,
se perdem na jornada,
assim como jovens ideais
são contidos na calada.
As paredes derrubadas
ficaram pelo caminho,
mas as pressões listadas
continuam no escaninho.
Cabelos esbranquiçados,
esmaecidas vozes roucas
gritam refrões aguçados,
mas sussurram notas turvas.
Rock, abstraído, é eterno.
Tal abstrata longevidade,
para além de toda idade,
renasce após cada inverno.
Desagravo a Roger Waters, um dos fundadores da banda Pink Floyd.
Grupo: Poesia no Caos https://www.facebook.com/groups/1218204639013511
Dia das mulheres combativas
Operárias revoltadas,
socialistas organizadas,
nas fábricas de tecidos
reivindicam seus direitos
justos, sem favoritos.
Operárias mortas,
presas em incêndio,
choram as costureiras,
não é um devaneio
apenas descaso alheio.
Operárias em greve,
estopim de uma revolução
por condições de trabalho,
contra um regime velho
revoltam uma nação.
Operárias do dia a dia,
gritam pelo justo salário,
brigam por única jornada,
não dupla ou tripla
e tentam ser respeitadas.
Mais que identitária
representa a luta por direitos,
a luta de classes, que ocorreu,
pois, quem brigou e morreu
foi a mulher operária.
Feridas e mortes reconhecidas,
sendo tal data representativa
das vitórias conquistadas,
pelo tempo, consagradas
a todas as mulheres combativas.
Uma pausa para o café
Coado em coador de pano,
servido em bule da ágata,
sorvido sem o correr insano
no viver de uma vida pacata.
O ritmo que flui com o cheiro
do café torrado e moído,
no tempo certo curtido,
guarda leve amargor brejeiro.
Memórias excitadas pelo olfato
evocam épocas de outrora,
atenuando a urgência do agora
presente nestes tempos de impacto.
Da correria do café expresso
quero a morosidade do café coado.
Mas, sem relutar, eu confesso,
qualquer café aprecio empolgado.
Renascer da verdade
A estrela vívida, brilha,
renasce no horizonte!
Efervescente sol, resplandece
dissipando a névoa e a noite.
Nesse horizonte que se forma,
o novo despertar conforma
a esperança compartilhada
por velhos e novos camaradas.
O florescer de amizades forjadas,
por ideais e almas calejadas,
é a base desse renascer.
A realidade, no alvorecer do sonho,
reforça a certeza na força da verdade
ao acordarmos de trevoso sono.
Grupo: Poesia no Caos
https://www.facebook.com/groups/1218204639013511
Luz do irreal
Branca luz divide-se colorida, em meu sonho,
enquanto a imaginação se conecta ao irreal.
Através do sono, talvez dormindo, suponho,
anseio pela ponte para além do real.
Não existe fórmula certa, fujo do enfadonho,
busco algo fantástico, na aurora boreal.
Branca luz divide-se colorida, em meu sonho,
enquanto a imaginação se conecta ao irreal.
Entre devaneios perco-me em mundo medonho
distante de qualquer sinal de insanidade cordial.
Preso a dissimulado ritmo, ao qual me contraponho,
observo transmutar a luz alva do imaginar imaterial.
Branca luz divide-se colorida, em meu sonho!
Um pouco do imaginário... contraponto ao real.
Participe do grupo: Poesia no Caos
https://www.facebook.com/groups/1218204639013511
Decadência
Conceitos supostamente consagrados,
rumam à decadência, sem elegância.
Sobrepondo-se a essa visão ofuscada,
explodem conceitos não encaixotados.
A tradicional concepção eclipsada
regurgita dogmas em enxurrada,
mas em qualquer momento crucial
o que importa é a emoção gutural.
Sentimentos oprimidos anseiam por explodir,
porque verdades semeadas precisam eclodir,
em realidades que necessitam coexistir.
Reunindo tribos, assumindo a complexidade,
dá-se espaço, à criatividade com a diversidade,
sem decadência, apenas com elegância!
Livremente, inspirado na música “Décadence Avec Élégance” de Lobão, interpretada por Zélia Duncan.
Grupo: Poesia no Caos https://www.facebook.com/groups/1218204639013511
Como ardilosas missivas
Tudo vale no vale-tudo?
Da retórica distorcida
constam ideias retorcidas,
verdades não ditas, omitidas,
choro dos oprimidos,
risos corrompidos.
No vale-tudo desta história
a mentira é ferramenta notória
na pena de fingido missivista,
que falseia, à plena vista,
qualquer realística evidência
ao aproximar-se da consciência.
No vale-tudo desta tramoia
toda luta parece predatória,
pois, o mentiroso competente
é adversário renitente,
enviando ardilosas missivas,
corrompendo almas abstraídas.
No vale-tudo desta paranoia,
missivas, tratadas como sevícias,
são propaladas por proscritos carteiros,
que adulteram e desvirtuam fatos
como amorais embusteiros.
Infelizmente, tudo vale no vale-tudo!
Grupo: Poesia no Caos
https://www.facebook.com/groups/1218204639013511