Poemas, frases e mensagens de Madam'pen

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Madam'pen

Palavras

 
Elas podem arder como feridas,
Joelhos que beijam o chão.
Fatiar as horas, prolongar a dor.
Descascar feito fruta, expor a polpa, transbordar o sumo, manchar os dedos.
Podem ser flechas de longo alcance, ou uma isca no rio.
Calor que nutre e machuca, frio que sustenta e golpeia.
Suficiência e solidão,
Trato,
Retrato,
Maus tratos do coração.
 
Palavras

Meu coração

 
Deslizou,
Se encolheu num canto,
Aprendeu a bater numa outra intensidade.

Seus saltos foram felizes, mas não iguais.
O tempo passou...
Se apequenou orgulhoso,
Quando expandiu foi falho, suspirou aliviado mas não estava.

A noite, escalou a minha garganta, esteve na minha boca, deixou o amargor.
Nos meus ouvidos trouxe zumbidos, tonturas, pequenos colapsos.
Na tentativa de chegar na minha razão, pressionou meu peito, acelerou meu pulso, me entregou à insônia.

Convenceu a minha saudade a regressar,
Acessou meus sonhos, acenou e deu cor as minhas memórias, que por muito estavam cinzas.

Inconformado tomou as rédeas dos meus dedos, que tomados pela emoção se pousam por aqui.
 
Meu coração

Dança comigo

 
Fricciona comigo a sua individualidade, toma-me pela mão e ancora,
Ancora teu rosto no meu,
Cintila nos meus olhos, vê os girassóis guardados para nós;

Abre a fenda,
Briga e fulgor nos labirintos da tua língua,
Sob sua pele os meus excessos.

Salta para dentro de mim,
Olha de fora a nossa construção,
Arrebenta essa corda sua, põe seu eu em questão, me deixa pega-lo no colo.

Na tomada faço arder,
Projeção de complementação sagaz que fere os joelhos e as mãos,
A violência e o suor dançam em servidão.

Vem formar essa natureza
indomável,
Molhar lençóis e olhos.
 
Dança comigo

Memória da pele

 
Meus dedos esculpem teus contornos, e nas vastas curvas desacelero para tatear suas erupções e calafrios.
Na maciez do teu rosto, circulo teus lábios e numa pausa longa, saúdo seus olhos. Meus dedos encontram seus cabelos, enquanto minha boca roça teus ombros.
Suas mãos me invocam e nós nos encaixamos, a boca silencia, mas o corpo pulsa, rasgo o cetim e avanço!
Num febril desmonte, o chão nos acha e a aventura fica acessa e virtuosa. O enlace avança e o silêncio acaba, a dor e o frenesi aparecem, entre estalos e escândalos arrebentamos as comportas dos nossos guardados. Corrente de timidez se quebram e a tua voz me atravessa o ouvido - ME PROVE!
Depois de muito, a exaustão nos toma. Adormece sob mim, meu braço faz um laço sob a sua estrutura, e você me banha.
 
Memória da pele

Derreto

 
Neste caminho onde os pés ardem e nos damos conta da nossa individualidade, em ser um, querer pertencer sem precisar quase parece artístico. Como aqueles quadros de fundo, que só se vê quando se senta. Ou seja, o valor se apresenta ou cresce na observação. Contemplar o sentimento faz elevar meu desejo de pertencer.

Não inclinada a evadir, me vejo absorta de você, envolvida como um presente, mas sem amarras. Posso saltar a qualquer tempo, e me parece que a qualquer dos lados, você, você e você.

As vezes salto, você salta, a nossa individualidade grita, mas temos nas costas e no topo de nós uma proteção. Proteção que se abre e nos conduz de mansinho, genuinamente para nossos postos…. Pairando, pairando até se acomodar.

Eu, embora livre para capturar sons, não me considero flexível para todos, as vezes lasco feito graveto velho, mas nos teus sons, sinto-me ninada, invólucro lustroso de amor.

Nas mãos certas eu derreto,

Instintivamente sua.
 
Derreto

SER 3

 
Céu tem 3 letras
Mar,
Sol,
Elo,
Luz,
Pão,
Até a Lua.
, seu
3 letras.

Amor tem 4!
Se o amor liberta, por que a sós tem 3 letras ao mesmo tempo que nós?
Parece uma brincadeira gramatical, ou as vezes loucura.
Queria eu ser, ser 3 (nós).
 
SER 3

Eis que venho

 
Eis que venho



Despido e desavergonhado estou intrinsecamente nas ações,

Aquela fala que ecoa em meio a tantas outras.

Sou a lembrança que vos atravessa enquanto olhas a vida;

Converto-me a sutileza e reforço meu existir pelos olhares,

Cresço e expando enquanto sonham, acordados ou não;

Posso ser como cordel ou papiro, converto as notas do coração em anotações, que às vezes saltam no vazio do papel, ou através olhos, estou sempre transbordando;

Às vezes sou confundido, dissuadido e desastrosamente estipulado, como se houvesse forma de me constatar.

Enganosa essa urgência em me rotular e definir, esquecem que germino em silêncio e jorro quando me apetece, sou tenaz e curvado a certa insubordinação;

Quando me invocam sem existência, pode ser derradeiro o desmoronar, mas acontece. Não fico onde não pertenço, vejo ruir as expectativas proclamadas em meu nome;

Legítimo e versátil, não me movo pela boca, mas pelo coração, meu nome é amor.
 
Eis que venho

Se eles pudessem me ouvir...

 
Se eles pudessem me ouvir...

O farol ficaria verde,
A estrada seria reta,
Continentes únicos,
A Lua beijaria o chão,
As paradas seriam mudas,
O som em Caetano,
O café quente,
A boca úmida,
O coração atento,
Medida certa,
Seus braços abertos.
 
Se eles pudessem me ouvir...

Onde cabe uma saudade

 
Nas mãos e nas digitais que um dia estiveram com as suas e,

hoje guardadas numa caixa secreta, se reviram prontas para saltar o cadeado.

Cabe na boa música que atravessa meus ouvidos e sentam nas minhas fontes,

toda aceleração amenizada pela sua voz, injeção letal de entrega.

Cabe nos meus olhos, que revigora-se da tristeza através de fotografias mentais, se fecham e te veem.

No papel onde cravo toda a sua ausência e danço com as minhas falas, várias reprises emocionais.

Cabe no meu corpo que tem seu histórico sensorial, amor marcado como tatuagem.
 
Onde cabe uma saudade

Nós - Nó - Nosso

 
O que é um nós senão um nó dado no peito?
Uma corda simbólica que alveja os corpos, dá-los cadência e submissão.
Um vidro em tiras que fatia a carne, verte vermelho que queima na exaustão.
Um nós cego capaz de tudo capturar,
uma ciranda de letras que cabem no corpo, mas que escapa no nós.
 
Nós - Nó - Nosso

Somos recíprocos?

 
As vezes minha inspiração cabe numa estrofe,
Tantas outras no chorrinho
Impaciente me espera no final da curva,
Na metade do livro
Na troca de sinais
Então a dou espaço, e ela pousa, graciosamente.
Penso se somos partes separadas de um, ou dois que encontram.
Tenho pensado na minha reciprocidade,
Se formos um, tenho negado a mim.
Se formos dois, tenho negado também.
 
Somos recíprocos?

Domingos

 
Sinto saudades

E as vezes ela me pega no colo e trata o corpo. Fecha-me como baú.

As vezes corta e oferece o chão, nada na minha pupila.

Apresenta melodias,

E as vezes a sua voz.

Me acalenta com estrofes

E aos domingos dispara.

Dispara e aperta,

É sútil e maestra.

Professora toma-me a lição,

Sentir você é tê-la.

Ter você é senti-la.
 
Domingos

Digite um título

 
Acordei.
Recorro ao nosso compromisso silencioso, onde vibramos entre nós sempre o melhor.
Esboço um riso, e quase consigo ouvir a P!nk embalando essa cena.
Breve, salto um riso, e seus pequenos e atentos olhos me vêem.
Em meio ao grande verde me espreito, curiosa não avanço à sua presença, incomum te ter a vista.
Circula os cabelos numa impaciência emergente de travessia, mas aos seus pés a corrente água te assenta, então suspira.
Ando entre as árvores, e num sobressalto te vejo na outra margem, o sol te beija e sua leveza sobrepõe o peso da cesta que traz nas mãos.

Leia-me do fim ao começo
 
Digite um título

Se você pudesse...

 
Se você pudesse me ouvir por dentro, saberia que a sua voz é o meu som favorito,

Que a minha memória mais tátil é a maciez da sua pele nos meus dedos, é seu nariz tocando meu rosto, e o encontro dos nossos lábios nos dois hemisférios,

Você notaria que meus olhos vibram quando te veem, e que com você e por você eu já experimentei todo o tipo de inundação e êxtase.

Se você pudesse me sentir por dentro, ia vivenciar as temperaturas mais oscilantes, desde a brisa do começo de primavera, quando te tenho pela manhã morno,

A geada que perpassa meu dorso a qualquer sinal de silêncio e desencontro,

A erupção quando ultrapassamos a física tradicional,

Se você pudesse viver em mim, notaria que foi meu amor primeiro, a dor mais densa, a lembrança da fuga, o novelo mais macio, a linha mais tênue, a composição mais rebuscada, a inspiração mais constante, o desejo mais selvagem, e a saudade eterna.

Se você pudesse me sentir por dentro, iria entender que o meu querer ultrapassa o agora, é para sempre.
 
Se você pudesse...

Encontro

 
Quero na sua boca circular, explorar na sua geografia todos os solos,
Dos seus olhos quero o mar, lançar sem velas e a dentro navegar,
Desnuda provar que a minha boca é fonte, frutificar em cada canto seu, e uma rosa desabrochar.
Assim em corpo, provocar todo o riso e dor, a aceleração de um coração dividido em dois corpos.
Quero me ater em estar em você, sentir minha alma pulsar para fora e pular no seu colo, para você ninar.
E a sua, na minha mão, dar-me a chance de trança-la no peito, para nunca mais sair.
 
Encontro

Poesia perpétua

 
Na tua forma o poderio,

Força incessante e amável que me vela a noite,

No peito que acolhe e me aninha, o ávido aconchego que chega com sussurros.

Na contemplação da sua companhia, o brilho que encandece meu rosto, embebido do seu açucarado olhar.

Você, minhas súplicas românticas respondidas num único frasco, a selvagem força que me faz sonhar;

Poesia atravessada em meu peito, pronta para saltar.

Sinais da sua presença: o meu gargalhar, suspirar e pensar, a vulnerabilidade que se achega confortável, pousa sem poeira levantar, sútil.

Nas suas mãos várias vidas, envolvidas em meus dedos, um encontro.

O gesto eterno de nossas manhãs, seguimos performando o paraíso e o pecado;

O êxtase de sermos uma poesia perpétua.
 
Poesia perpétua

Dente de leão

 
Beija o sol ao amanhecer, sua palidez não desfaz a leveza que traz.
Se posiciona livre e selvagem. As inúmeras espécies são apanhadas na mão, enquanto ela ao menor sinal de aprisionamento se desfaz com o vento ou por inteira.
Olha o campo e não teme, agrupada ou não, traz da terra sua força.
 
Dente de leão

Manifesto ao tempo

 
O que te fizemos para penalizar-nos?
Foi inexistência de Bach ou Chopin em nossos domingos?
A ausência de citar Drumont nos bilhetes?
Foi o Merlot Português que não chegou as nossas taças?
Ou a nossa negligência quanto a Eros e Psiquê e O Beijo de Klimt?
Quem sabe Cronos se zangou pela forma que utilizávamos nossos dias?
Não há beleza nessa aliança com o destino e as escolhas, para nos deixar em suspensão por tanto...
Os nossos domingos se resumiam em poucas horas,
Nossos ouvidos se preenchiam com sussurros,
Meus bilhetes eram autorais,
Nos bastava água e suor,
E a obra se via materializava sob o colchão, em exposição quase como cerâmica nua,
O tempo em nós nunca dilatou, somente pupilas.
 
Manifesto ao tempo

Sentimentos

 
São amarras,
Nó no coração.
As horas avançam nos dias,
Mas não apagam lembranças.
O tempo coroe construções, dar-nos tempo para nos reerguer, mas é incapaz de lidar com memórias.
A profundidade do que eu sinto é um voto,
Uma devoção já percebida.
Minha mente preenchida do cotidiano pode até esquecer, mas meu coração lembra...
Nó no coração.
 
Sentimentos

Posso

 
Posso ignorar os trovões, mas não meus pés molhados.

Posso desviar das canções, mas não de uma memória.

Posso romper com os poetas, mas não desobedecer meus dedos.

Posso olhar a vida de forma crua, mas não deixar de ouvir os pássaros.

Posso acreditar na conduta e retidão, mas não ignorar essa fenda que me parte.

Posso possuir todo o tempo, engolir os assuntos, mas não desligar o meu subconsciente.

Posso me entreter, mas não esquecer.

Posso não falar, mas a saudade existe.
 
Posso