FADO
Ao longe... ouve-se um fado
Que gemendo num lamúrio
Condenado
Desce à Mouraria, atravessa Lisboa
Vestindo capa negra,
Viajando à toa
Amando a guitarra
Dedilhando a Madragoa
Segue cigano sem destino
Sempre com ar triste
No entanto ladino
A quem a todos e ninguém amava
Eis pois o retrato
Do fado errante
Que um dia me bateu à porta
Noite dentro, hora morta
Todo galante o safado
Abri-lhe a porta... entrou,
Para sempre...ficou,
O grande malvado?!!
Dinah Raphaellus
POR ME SABER RAINHA
Por me saber rainha
Foge-me o doce pranto,
Veste-se a voz de velhinha
Enrugada Em real manto.
E de trémulas mãos,
já qual ceguinha,
Espero o eterno descanço
De cabeça de neve branquinha,
Vestido etéreo de espanto.
Dia sepulcral espero
de vaticinio Condenada
qual cigana de mistério
Que perdendo seu cabelo
não é nada!
Dinah Raphaellus
AINDA QUE A CHUVA CAIA
Ha’ luz ha’ sol dentro de mim
Ainda que a chuva caia
Varanda luar de jardim
Obelisco exotico em templo Maia.
E nessa restia mistica
Nuvem Ceu, veu de nevoeiros
Perco-me em tal guerra sismica
De rochas, terra, pedreiros
Neves alvas da manha, onde
Granizos perfumam alvoradas
Furacoes lavam paradas,
Em sinfonias de tempestade
Noites parem almas penadas
Dias abrem covas douradas
Para mortes de ninguem
E ate’ o sonho fica aquem
Dos raios desta balada
Ha’ luz ha’ sol dentro de mim
Ainda que a chuva caia!!!
dINAH Raphaellus
AS MINHAS CINZAS
Reguem a terra com minhas cinzas,
que fertilizem as orquídeas, a terra a cova
que sejam sementes de plantas finas
Lancem-nas como se fossem rosas
Soprem-nas nos cumes das colinas
Declamem-nas como prosa ou trova...
E se ainda algumas sobrarem
Tenham um pouco de compaixão
Dêem-nas de beber ao mar...
O mar essa minha grande paixão!
Com sua sede então apagada
Far-me-á sua amante amada
E me guiará pela mão
Pelo caminho da eternidade
banhar-me-á no rio da saudade...
carregando-me em seu veleiro
desposar-me-á em minha alcova
e eu então em seus braços,
gloriosa como um salgueiro
deixar-me-ei desvanecer em pedaços
qual ondina beijando mar-céu
e de tão perfeita cumplicidade
Deixar-me-ei diluir nesta ambiguidade
Que sempre me pertenceu...
Esse mundo que ninguem entende
E que é só Meu!!!
Dinah Raphaellus
NAO A' FOME!!!
Que todas as palavras
Dos meus poemas, fossem
Searas de trigo, arrozais,
campos de milho.
Ha quem me dera
Que todas as letras
Fossem leite, pão
Com os quais eu a fome
Vos pudesse matar
Ah quem me dera
Que a voz dos meus versos
Num grito da míseria
vos pudesse libertar.
Ah crianças de todo mundo
Que hipócrita tamanha eu sou
Nos versos d’um poema
Me defendo e pretendo
ter cumprido minha boa acção
não engano ninguém todos sabemos
de que voces precisam
e de leite e de pão
para apaziguar vossos ventres
cheios de fome, vossas almas
doridas p’la míseria engordada.
deveria haver uma lei
em que proibissem a fome, a guerra
e neste dia da criança,
aqui faço um apelo,
formar uma caridade,
para ajudar os pequenos
que não nos pedem brinquedos
mas sim algo que comer.
não nos pedem tenis da nike
ou jogos de computador,
apenas e tão somente,
qualquer coisa para esvaziar a fome
e acabar com tanta dor!!!!!
Dinah Raphaellus
A DERIVA
Ruas mortas, noites nuas
De sereias a cantar
Suas vozes, qual faluas,
Meu sono vem abraçar.
É então de círios cerrados
Que vejo pratas, ouros,
Diamantes lapidados
Em quilha de tentação…
Só tu me faltas,
Seguro corrimão,
Orvalho de lírios molhados,
Bordados… por fadas mãos.
Corro petrificada num grito
Ao teu encontro bendito.
Em vagas vãs de ilusão
Tranco a porta do meu barco…
Em soluços acordados,
Desperto meus sentidos
Tão frágeis, tão perdidos…
Abro a escotilha do meu sonho
Escancaro essa paixão que brilha
Na Sombra da parede onde
Pendurada está a foto de tanto amar
Qual relíquia, velha ruína,
Aspirando nascer pó mágico encanto…
Em verde e florida colina,
No entardecer da alvorada
Quando as lágrimas do mar,
Constroem uma trilha,
Secreto caminho, para a duna porão
Do meu navio de amar.
Solto as amarras, levanto âncora
Da noite que se levanta,
Ao nascer-cair do dia
Onde eu timoneira, no horizonte
Continuo a navegar sem destino!!!
Dinah Raphaellus
POETA JA' NAO SOU
Poeta ja’nao sou,
neste mar de rosas por florir.
Petalas roxas de paixao,
espectro por consumir.
Vibraccoes transmutantes
energias activas e possantes
de te querer beijar...
Profundamente,
acto onirico presente
No extase de te ver.
E deixar-me nascer,
num suspiro... para logo
Morrer nos teus bracos,
Renascer num cipreste,
numa pintura de papiro,
calcada de fogo e abracos,
Onde, qual fenix disfarcada
Num sorriso agreste,
admiro a magia...na chegada
Dos teus doces passos!!!
By: Dinah Raphaellus
AMAR
Amar na poesia uma estrofe.
Um verso num poema,
em ti, espírito de mim,
amar a pena e com ela
escrever um livro
invocado ao meu dilema.
Dinah Raphaellus
AH COMO E' BOM!!!
http://www.imeem.com/ondinabluesea/mu ... omo_e_bommp3/">ah como e bom.mp3 - Ondina Teixeira
Ah como e’ bom sentir o chilrear
das aves nos labios da minha alma.
E recebe-los com o sorriso
Solar dourado da minha vida,
Sela-los com o karma da sapiencia,
sabia sofrida, num bouquet
perfeito de paciencia,
neste livro de contos, por contar.
Historias, desencontros, parabolas,
Encontros, e versos por versejar.
Ah como e’ bom o Sol,
que ainda nao nasceu...
Por-se a’ janela,
comtemplando o luar,
De uma noite,
que ainda nao faleceu
nas palpebras do meu sonhar.
Ah como e’ bom...
as ondas dessa paixao, mar a viajar,
Nesse corredor rosa, aberto de par em par
Aplaudindo a nossa vida
em procissao a passar;
E a outra vida...talvez mais precisa, mais vivida...
Adormecer e voltar!!!!
By: Dinah Raphaellus
NASCI DA AURORA
Nasci da aurora madrugada
e do lusco-fusco do sol poente.
Saciei minha sede
no orvalho nebulado duma estrela,
Dormi na clareira do sonho dolente.
E vogando sigo esse rio prateado,
Onde me banho com a luz da lua.
Nas flores exóticas,
apanho essa verdade crua,
De ser ondina do mar,
No rio beijando uma falúa.
Dinah Raphaellus